O chuveiro é lava

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O quarto não era ruim. Pelo contrário, era simples e agradável. Havia um pequeno guarda-roupa, duas camas de solteiro com lençóis limpos e uma janela que proporcionava algum refresco no ar, fato que aliviava do calor sufocante. Entre as camas, um criado-mudo sustentava um abajur.

— Que coisa bizarra, não acha? — Kiba perguntou enquanto colocava a mala dentro do guarda-roupa, sem sequer a desfazer.

— Sim, não esperava uma recepção assim.

— O que a gente vai fazer agora?

Shino olhou para o relógio na parede. Cinco e quarenta da tarde. Não dava tempo de tomar banho antes do jantar. Muito menos sair para investigar. Além disso, sair a noite em um lugar desconhecido não era a melhor da ideias, quando se tinha a opção de explorar a luz do dia. E, conhecendo bem seu companheiro, sabia que ele deveria estar faminto. Não podiam perder a refeição.

— Vamos jantar. Depois tomamos banho e descansamos.

— Tudo bem — Kiba soou aliviado — Amanhã de manhã a gente sai e investiga, não é?

— Hn.

Dito isso, também foi guardar a mala no guarda-roupa, imitando Kiba ao não tirar as peças de roupa. Queria poder tomar um banho ou se refrescar antes de jantar, mas, com um banheiro comunitário era pedir demais. E, sendo o ninja experiente que era, podia sobreviver a isso. Não seria a primeira vez em que se alimentariam antes do banho.

Desceram juntos. A recepção estava vazia, mas não foi difícil encontrar o refeitório, local onde meia dúzia, talvez oito hóspedes estavam espalhados pelas mesas. As aparências mais diversas indicavam turistas de várias partes do mundo.

Logo sentaram-se e aguardaram, assim como os outros pareciam fazer.

— Oh, my Gosh, Robert. You're an idiot! — uma mulher de longos cabelos loiros e exuberante decote entrou falando alto pelo refeitório, quebrando o silêncio e roubando toda a atenção. Atrás dela, um homem franzino e recurvado vinha todo lamentoso.

— I'm so, so sorry, sweetheart. I saw the ship, but I did not make it! — choramingou.

— Of course, dumb ass! And we'll be stuck in this hell forever! — e o tom de reclamação prosseguiu até que os dois se acomodaram em uma mesa.

— Reconheceu o idioma? — Kiba perguntou meio impressionado, observando o casal de forma indiscreta. Abanou-se com a mão, o calor ali era igualmente insuportável.

— Parece inglês, mas não tenho certeza — Shino respondeu.

— Não entendi porra nenhuma, mas a senhora parece zangada. Será por causa dos dragões? — a pergunta final veio num tom ansioso que fez Shino erguer a sobrancelha.

— Está interessado nos dragões?

— Claro! Acho que parte do mistério do desaparecimento de pessoas é culpa deles.

— Também pensei em algo assim — Shino concordou. Precisavam investigar melhor.

Nesse ponto uma pequena sineta tocou. A recepcionista entrou no refeitório empurrando um carrinho que trazia duas grandes panelas e as colocou na bancada dos fundos, junto a uns pratos limpos e talheres. Shino e Kiba repararam naquilo pela primeira vez.

— Está servido. Serve yourself. Hora de la comida. ランチタイム — foi dizendo em vários idiomas.

Os poucos hóspedes se levantaram e foram se servir. Os dois ninjas viram a movimentação e logo entenderam o esquema da coisa. Kiba ergueu-se primeiro e foi imitado por Shino. Eles entraram na fila, e esperaram a vez deles, impressionados pela quantidade de idomas que detectaram no curto percurso! Eram mesmo pessoas de todas as partes do mundo!

31 dias no Inferno (ShinoKiba)Onde histórias criam vida. Descubra agora