Tem gente que não entende a referência...

272 39 9
                                    

Kiba abriu os olhos na manhã seguinte e era um novo garoto. A pomada tinha aliviado a pele e o sono, restaurado do cansaço.

Ele sentou-se na cama e analisou ao redor, procurando por Shino. Logo viu o rapaz parado na janela, observando algo lá fora. Podia dizer que ele estava tenso, só pela postura corporal.

— 'Hayo — cumprimentou e levantou-se para ir ficar ao lado dele.

— Ohayou — a resposta veio rápida.

Então Kiba notou que o companheiro tinha um inseto na palma da mão.

— O que aconteceu? Más notícias?

— De certa forma — Shino fechou a mão e quando a reabriu, o bichinho havia desaparecido — Os insetos não resistiram ao calor. Todos os que mandei investigar a ilha morreram, exceto esse.

Kiba ficou triste. Sabia como o namorado se preocupava com seus preciosos bichinhos. Tanto quanto ele se importava com Akamaru, o cachorro que o ajudava em diversas missões, mas que ficou em Konoha dessa vez.

— Que foda, Shino.

Reações emotivas não eram parte da personalidade de um Aburame. Ele não prolongou o assunto. Mostrou que já estava pronto para começar as investigações do dia. E Kiba não perdeu tempo. Ele pegou a toalha e foi para o banheiro comunitário, pelo menos tentar lavar o rosto. Quando voltou, parecia meio desanimado. A água da torneira era tão ou mais quente que a do chuveiro. Tornou a ficar com as bochechas vermelhas, assim como as mãos, cena que condoeu Shino e o fez ajudar com a pomada de novo, ao som de gemidinhos resmungões.

Kiba quase chorou ao vestir o uniforme de missões. Se pudesse, usaria roupas leves! Mas... um ninja é sempre um ninja. Não importa o clima.

Desceram até a recepção. A funcionária os cumprimentou com um gesto de mão, sem desgrudar os olhos da revista.

— Divirtam-se. É bem cedo, não tem perigo. E não alimentem os dragões.

Kiba parou perto da porta.

— Por que não? — indagou.

— Dragões-de-Komonyah podem comer pessoas — respondeu distraída — Humm... crustáceo com oito letras e um "r" na terceira casa, mas que porra é essa? Quando um dragão pega o gosto por humanos, eu só tenho dor de cabeça pra resolver.

Kiba ficou meio indignado. Como assim ela se incomodava com os transtornos de ter que resolver os problemas? E a vitima? E as famílias...? Famílias?!! Nesse ponto, ele lançou um olhar na direção de Shino e, conhecendo-o bem, entendeu a expressão como um sinal para ficar quieto.

— N-não tem café da manhã? — perguntou para mudar de assunto.

Tal questão teve o poder de fazer a mulher erguer a cabeça pela primeira vez desde que entraram no saguão aquela manhã.

— Café da manhã, moleque? Eu tenho cara de escrava por acaso? Já basta cozinhar o almoço e o jantar!! Isso é a porra de uma ilha tropical, vá buscar uns frutos... pescar no riacho... usa a imaginação. Um dos itens do pacote diz: proporcionamos um retorno ao contato com a natureza... entendeu a referência?

Pois Kiba arrepiou-se todinho. Por um segundo, Shino lembrou desses cachorros bravos que latem e latem, e avançam para morder. Antes que o pior acontecesse, o segurou pela gola da blusa e o puxou para fora da pensão.

— Me larga, Shino! Eu não vou engolir esse desaforo!!

— Temos prioridades, Kiba. Brigar com funcionários não é uma delas.

31 dias no Inferno (ShinoKiba)Onde histórias criam vida. Descubra agora