Prólogo

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 Milhares de anos antes da atualidade, Divita de Reinos.

A magia era algo a temer, todos a querem, mas todos tem medo do que ela provocar. No mundo existem pessoas que não a temem nem por um segundo, pessoas que a procuram, que a seguem cegamente, sem ao menos saber para onde isso os levará, essas pessoas são classificadas como bruxas.

As bruxas vagam pelo mundo à centenas de anos, são humanos com dons sobrenaturais inexplicáveis para o resto da humanidade. A maioria das bruxas prezam pelo bem da humanidade, outras prezam apenas pelo próprio poder, que vem diminuindo cada vez mais.

Algumas bruxas tentavam resolver o problema com sacrifícios de humanos, de bruxas, de inugamis (cachorros que vagavam pela região, cuja origem as bruxas desconheciam) e de metamorfosos (humanos que tinham o dom de ser transformar naquilo que quisessem).

Uma família de bruxas da época, os Morgan, convocaram as demais famílias da região com a intenção de resolver o problema. As famílias se reuniram em uma floresta da região, onde ninguém entraria para atrapalhar.

– Eu peço que cada uma das bruxas que foram convidadas para essa decisão importante digam suas melhores ideias para resolver nosso problema. – disse uma bruxa poderosa.

Um bruxo levantou a mão, fazendo com que a bruxa quase imediatamente fizesse um sinal para que ele pudesse falar.

– Acho que deviamos tentar sacrificar metamorfosos e inugamis com mais frequência, oferecendo o poder deles aos deuses.

Outra bruxa que estava entre eles fez um sinal mostrando o quão insatisfeita ela estava com a ideia.

– Já tentamos isso milhares de vezes. Todos sabemos que eles não tem poder para acabar com nosso problema.

– Então quem tem? – perguntou a bruxa, irritada. – Tentamos sacrificar humanos e até mesmo bruxas se ofereceram para esse bem maior.

A filha mais nova da família Morgan, cuja mesma não era muito ouvida pelos demais decidiu se revelar.

– Nós precisamos conectar a magia a alguém. – disse a caçula Morgan.

Uma bruxa riu.

– Claro que sim. A um humano? Para ele morrer em questão de um século? Ou a um inugami? Todas sabemos que eles duram bastante tempo, mas não pra sempre, uma hora ou outra ele morreria e acabaria com a magia de uma vez por todas. Conectar a magia a alguêm ia nos destruir. Você sabe o que acontece quando a magia acaba, criança?

Inugamis eram seres misteriosos que viviam, geralmente, por muitos e muitos anos. Alguns o chamava de lobisomem, ele era um tipo de cão, que podia se transformar em humano, que em algumas lendas também representava um humano. A bruxa que dera a ideia corou, envergonhada, mas depois encarou cada um dos demais.

– Não eram essas minhas intenções! – ela gritou. – Não a um humano, não a um inugami. Vocês conhecem aquela lenda que diz que as primeiras pessoas que viveram foram bruxas? Que as bruxas decidiram criar outras raças e que todas nós criamos humanos, inugamis e metamorfasos? Que nenhum deles teriam nascido se não fosse por nós?

– O que isso tem a ver com nosso problema? – um bruxo olhou irritado.

– Tudo. – disse a bruxa. – Uma antecessora nossa decidiu que humanos seriam apenas bruxos sem magia, que inugamis durariam séculos, que metamorfosos seriam bruxas com o dom de metamorfose. Nós criamos eles, nós decidimos quandoeles morreriam, quanto tempo duram, seus hábitos. A pergunta é: e se tentarmos alterar o tempo que um humano dura, se tentarmos enganar a morte e tornar um humano algúem que jamais morreria, pelas mãos de qualquer pessoa.

Todos ao redor da bruxa se entreolharam com olhares misteriosos, nenhum deles tinha coragem de falar. Era uma ideia boa, eles tinham que admitir, mas muito, muito perigosa. Aquele ser que nunca morreria poderia causar pânico e caos.

– Por que vocês não falam mais nada? – perguntou a garota sentindo-se um pouco raivosa. O ambiente ao redor começou a ficar quente, como se o clima de repente se tornasse um verão muito forte. – Por que vocês tem sempre que achar que sou criança demais para dar ideias? Eu não reconheço vocês, nenhum de vocês!

De repente sangue escorreu de seu nariz e as outras bruxas perceberam um círculo de fogo se formando ao redor de todas elas. Aquela garotinha não era mais a mesma, é como se o ódio a tivesse possuído. Ela começou a murmurar palavras que as bruxas ao redor desconheciam e o fogo aumentava mais. As bruxas murmuraram de volta tentando apagar o fogo, mas era tarde demais, ele começava a adentrar e queimar uma a uma delas.

– Me desculpem, mas eu não sou uma criança. – disse a bruxa Morgan, que agora parecia mais uma adulta do que uma criança.

Era possível ouvir o grito das bruxas ao seu redor, o fogo adentrava cada vez mais e a bruxa se tornava cada vez mais irreconhecível.

– Eu renuncio à magia, renuncio à minha mortalidade, quero me tornar algo maior, algo poderoso, eu agora tenho a própria magia pulsando em minhas veias, a morte nunca me alcançará, eu sou o poder.

Alguns segundos depois a bruxa Morgan desmaiou, seu nariz sangrando, com o fogo prestes a atingi-lá. A bruxa Morgan não queimou como as demais, ela permaneceu intacta, ao redor de cinzas das outras bruxas.

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Elas podia ouvir um grito de leve. – Irmãzinha? Irmãzinha? O que aconteceu? Me diga que você está bem!

Ela acordou lembrando que sua irmã mais velha não estava com todos os outros na noite anterior.

– O que aconteceu? – perguntou a irmã mais nova, fingindo não entender o que tinha acontecido. – Não lembro muita coisa, mas um monstro muito poderoso atacou à todos, ele colocou fogo ao nosso redor, mas de alguma forma eu sobrevivi.

– Um monstro... – a irmã mais velha olhou e seu olhar se tornou um olhar de ódio. – Vamos embora, irmãzinha. Não se preocupe, eu destruírei esse monstro e se eu não conseguir, lhe garanto que outro Morgan conseguirá. Se tornará nossa meta a partir de agora, Pietra.

Elas se abraçaram e a bruxa mais velha mal sabia que estava abraçando o monstro que alguns segundos atrás tinha matado a sangue frio grande parte dos bruxos que eles conheciam. A bruxa mais nova, que agora era um pouco da própria magia podia sentir o sangue fervilhando nas veias da irmã, podia sentir o poder que aquele sangue emanava. Ela não era mais uma bruxa, não estava nem perto de ser uma. Aquele monstrinho que acabara de ser criado era uma vampira, mais especificamente a mais poderosa de sua geração, todos os vampiros que viriam depois dela a louvariam. Ela se tornou uma líder, uma rainha.

– Obrigada, irmãzinha. – sorriu a vampira. – Eu espero do fundo de meu coração que você destrua esse monstro para sempre.

O Monstro Interior Onde histórias criam vida. Descubra agora