Capítulo 7

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Japão, 12 de Maio de 1040.

Ela acordara, olhava para os lados, sem entender nada, algo verde a cercava, algo que ela não sabia o que era até então, um ser estava ao seu lado, mas ela não entendia quem era ele. Ela demorou um tempo para perceber que não entendia nada, não sabia onde estava, porque estava ali, ela precisava de ajuda, aquele ser próximo a ela parecia tão confuso quanto ela.

Como se lesse seus pensamentos uma mulher apareceu, foi então que ela percebeu que aquele ser ao seu lado era um homem, não um homem, um garoto, mas ela mal entendia o que era isso também.

A mulher à sua frente sorriu para eles.

- Bem-Vindos ao Japão. - a mulher disse enquanto continuava a sorrir.

Ela demorou um tempo pra entender aquelas palavras, ela sabia o que significavam, mas mesmo assim demorava pra entender. Ela sabia o que dizer, sabia como falar, ela se impressionou consigo mesma quando seus lábios se moveram e ela disse algo pela primeira vez.

- Obrigada. - disse ela.

A mulher assentiu. O garoto parecia mais confuso que ela.

- Vocês devem estar se perguntando muitas coisas. - disse a mulher. - Eu sou Akemi, a mãe dos inugamis, a protetora dos animais.

Inugamis? Ela se perguntou o que era aquilo, mas parte dela sabia, ela era uma, não era? Uma inugami. O que isso significava? Ela não lembrava.

- No mundo existem milhares de animais, lobos, cães, tigres, gatos. E os humanos às vezes se apegam a um desses animais mais até mesmo do que a um humano. A cada quatro meses uma ligação entre um animal e um humano provoca a criação de outra espécie, um inugami, seres que simbolizam a própria ligação desses animais. Inugamis são parte humano e parte animal. Existem inugamis com dons específicos, dependendo do animal ao qual o inugami está ligado. Não sabemos quais dons vocês terão, pois não temos acesso à ligação que criou vocês, com o tempo, quando souberem seus poderes descobriremos juntos e farão parte dessa sociedade secreta. Agora preciso lhes dar uma notícia boa.

Ela interrompeu a mulher em pensamentos, lembrando o que era aquela coisa verde que ela achava tão bonita. Era a grama, próximo dali haviam árvores e ela podia jurar que ouvira água que a lembrava um barulho agradável.

- Seus nomes são Mahina e Hiroki e vocês são Ani um do outro.

Mahina, era aquele seu nome. Como ela pudera esquecer daquilo? Ela se virou para Hiroki, ela o conhecia? Ele era seu Ani, afinal, ele não lhe era estranho.

- Não se preocupem. Vocês não esqueceram de nada. Vocês acabaram de nascer. A diferença dos humanos e dos inugamis é que tudo acontece muito rápido. A percepção, a ligação, tudo acontece rapidamente, em dois dias não viverão sem o outro. Humanos nascem, aprendem a falar e a andar, crescem, moldam suas próprias personalidades, reproduzem e morrem depois de aproximadamente cem anos. Inugamis nascem sabendo falar e lembrando das coisas mais básicas, vocês nascem com a aparência de um humano jovem adulto e continuam assim até o momento em que a morte se aproxima, daí começarão a ficar fracos, por mais que tentem mudar o destino, a morte virá. Ela vem para todos. Até para aqueles que não a querem. Agora, tenho que lhes dar uma última dica essencial para a sobrevivência dos inugamis.

Os lábios do garoto se moveram e Mahina ouviu sua voz pela primeira vez.

- O que? - ele perguntou.

- Valorize seu Ani. A qualquer momento pode perdê-lo e perder seu Ani é a pior sensação do mundo. Vocês nunca terão ninguém para substitui-lo.

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