Uma estrela de nêutron entre nós

CAPÍTULO TRÊS: ALGUNS DRINKS

Molly (Primavera)

O dia hoje está absolutamente de tirar o fôlego. O sol é radiante entre as árvores e os passarinhos cantam, a vida na pequena Stardew Valley não é tão ruim assim, finalmente sinto que estou vivendo de verdade. Muitas pessoas acham que a vida na cidade é a melhor coisa que existe, mas elas não sabem que estão perdendo o melhor em estar vivo; conectar-se com a natureza. Ela é tão pura e te traz uma sensação de paz, coisa que eu precisava muito.

A vida depois da morte do meu avô foi muito dolorosa, James estava cada vez mais distante e eu me culpava por tudo. Não é como se fosse minha culpa, mas depois de seis meses após o enterro, ele me dizia que eu tinha que superar. Como iria superar? Simplesmente não funciona assim, era injusto. Precisamos viver nosso luto e aprender a sobreviver um dia de cada vez, mas James estava cada vez mais aborrecido e tudo começou a ir ladeira a baixo.

Larguei o emprego e acabei me entregando a depressão, não sei o que realmente causou o gatilho, mas acredito que seja um conjunto de tudo. Então, meus pais sugeriram que eu fosse para o pequeno rancho do meu avô e ter o meu tempo. No começo não aceitei a ideia, por que pensa só, como iria ter forças para levantar da cama e enfrentar um dia de trabalho árduo? Mas depois de James fugir com a melhor amiga, Amanda, sem deixar uma única mensagem, decidi que era a hora de eu fugir também. Tinha que encontrar a minha essência e o meu eu que havia se perdido há muito tempo e por isso, a vida me consumido as únicas coisas que fazia eu ser eu e isso me custou muito caro.

Enfim, depois de um mês sozinha e sem contato nenhum com o mundo externo, acabei pegando a caminhonete velha do meu avô e resolvi dar uma volta pela cidade, todos me acolheram quando me apresentei e foram tão receptivamente gentis, que quando me vi, estava frequentemente visitando-os e colocando o papo em dia. Até fiz alguns amigos, como Elliot, um escritor amador que vive em um pequena cabana na praia e Emilly, uma garota muito divertida que simplesmente amo seu cabelo azul tingido, ela trabalha no único bar da cidade, o Salão Frutos do Mar e de cara nos demos bem. Sempre saímos para tomar uns drinks e descansar de um dia exaustivo.

Plim-Plim. Meu celular avisa que alguém mandou uma mensagem.

+55 9998754-8546 17:52pm: Ocupada?

Você17:52pm: Quem é?

......

+55 9998754-8546 17:53pm: Sebastian. Tenho algumas coisas para resolver com você, confirmando hoje no bar? Que tal 19:00?

Ah, claro. Havia me esquecido completamente que hoje é sexta! Estava tão ansiosa que tive que trabalhar o dobro para esquecer que tinha uma reunião marcada com Sebastian para hoje.

Você17:54pm: Você é sempre mal-educado assim? Um oi faz bem as vezes.... Claro, confirmado.

Como odeio esses números não identificados, decido adicionar Sebastian na minha lista de contatos. Deveria colocar Sebastian, o estranho? Ou mesmo Sebastian, o cara do gato comeu sua língua? Ou melhor, Sebastian, o mal-educado? Caramba, como você é engraçada Molly, toma seu prêmio sem noção. Ok, Sebastian, o programador.

Sebastian, o programador 17:54pm: Foi mal... Te vejo lá.

Depois de receber a mensagem de Sebastian, terminei de cuidar de Flor, minha vaca preferida, que acabou machucando a patinha outro dia e fui tomar um banho relaxante, afinal, estava cheirando a suor, coco de vaca e grama cortada, esse último não parece tão ruim, porque adoro o cheiro da grama cortada. Coloquei uma camisa regata e uma jaqueta jeans preta por cima, calça T-shirt e uma sapatilha, meus pés agradeceram, claro. As botas são ótimas para trabalhar na fazenda, mas meus pés andam com mais calos do que o normal. Por fim, pego a minha caminhonete e faço meu caminho até a vila, não fica muito longe do rancho do meu avô, mas deu tempo para ouvir algumas músicas, como "Piano Fire", que aliás, recomendo para um passeio de carro, principalmente se tiver esse final de tarde deslumbrante que tenho a oportunidade de presenciar com um pôr-do-sol e, quer dizer, você sente uma alegria enorme em estar vivo e depois, uma espécie de medo sem pergunta e uma melancolia crescendo, fazendo nascer a vontade de morrer. Ou de viver com mais intensidade, não sei, fica de cada um escolher o seu sentido, por isso acho que a felicidade é uma questão de perspectiva