Capítulo 2.- As luzes piscam.

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O Dormitório do Maria Antonieta é enorme, com vários corredores de beliches, onde meninos e meninas dormem tranquilamente. 

Whoiz estava em sua beliche (especificamente na cama de baixo). O mesmo balançava a cabeça em alguns momentos, perturbado, o mesmo estava tendo pesadelos, até que acorda assustado e ofegante.- 16...- Ele sussurra para si mesmo.

O dia amanheceu, e as aulas estavam prestes a começar. Em um dos cantos da escola, um dos anfitriões do Maria Antonieta, Raul, conversava a sós com uma das crianças mais fortinhas da turma de Whoiz. 

- Do que você mais gosta de comer, Augusto? - Pergunta o anfitrião olhando para o menino com aquele olhar imponente, seus olhos caídos e seus cabelos grisalhos já demonstravam as marcas do tempo.

- Doce.- Afirma o menino, por mais que fosse um dos mais arteiros e rebeldes da turma, temia a presença de Raul. Raul era conhecido por ser um dos castigadores das crianças, quando elas aprontavam no Maria Antonieta, e os boatos diziam que os castigos dele eram muito rígidos e doloridos, 'a moda antiga'.

- Se você provocar o pequeno Whoiz até ele querer te bater, eu te dou todos os doces que você quiser.- Afirma o velho homem se abaixando em frente ao garoto e oferecendo um chocolate (que simbolizava o acordo entre os dois). O garoto por sua vez, não se via seguro para recusar o pedido, não aceitar poderia significar castigo. E então, por medo, Augusto aceita a proposta de Raul, apanhando o chocolate, Raul dá um sorriso.- Então temos um acordo. 

Enquanto do outro lado do lar, Celes conversava sobre a reunião dos anfitriões com Vera, que a apoiava totalmente na defesa de Whoiz.

- É um absurdo a proposta que aquele velho fez! Estamos vivendo em paz durante muito tempo, não existem mais guerras como na época dele e a nossa maior preocupação aqui dentro é proteger as crianças das tempestades de areia! - Vera sussurrava com Celes na porta da sala da turma de Whoiz, enquanto as crianças do lado de dentro brincavam de telefone sem fio, entretidas.

- Isso não é tudo Vera... Eu ouvi dizer que ele quer tomar a decisão absoluta dentro da colônia, e quando ele conseguir isso, fará com que o ensino seja diferente, ele quer fazer as crianças se tornarem soldados de guerra.- Celes parecia tão indignada, e com razão.- Será que ele se ouviu quando fez a proposta de soltar o garoto no deserto novamente?

- Ele não está preocupado com as crianças, ele as vê no futuro, como soldados, e não os vê agora no presente, não sabe que a inocência deles deve ser preservada mesmo agora, ele está pensando apenas na guerra inexistente que ele criou...- Afirma Vera com um olhar preocupado.

- E tudo isso por causa de uma criança que surgiu do deserto...- Ambas olham para Whoiz, brincando no telefone sem fio com as outras crianças. E então as duas se encaram preocupadas.- Por outro lado, até eu sinto medo do que esse garoto pode ser, é muito suspeito ele ter esquecido de tudo, ele ter sobrevivido sozinho, ele ter imunidade alta...- Vera coloca a mão na boca imaginando as atrocidades que o garoto passou, ou fez, para sobreviver. E então, ela olha para Celes.- Acho que pelo bem de todos, os seus estudos deveriam ser apenas para você, cada informação que você liberar sobre essa criança, fará com que Raul fique mais louco.- Afirma Vera, e Celes concorda com a amiga.

Após a aula, Whoiz decidiu se aventurar pelo Maria Antonieta com suas brincadeiras.  E de longe, Augusto observava Whoiz, esperando uma oportunidade para mexer com o garoto. Ele encontra a encontra quando vê Whoiz sozinho na escadaria, próximo ao portão do Lar, pensando sobre o que ele poderia ser quando crescer.

- Você gosta de gritar a noite e acordar os outros?- Augusto se aproxima de Whoiz, Whoiz olha por cima do ombro, o grande garoto loiro e gordo, Augusto era um dos garotos que menos conversava na turma, mas com facilidade poderia amedrontar as outras crianças com seu tamanho e jeito marrentinho.- Se liga seu mané! - Augusto dá um tapa forte na cabeça de Whoiz o jogando no chão.- Isso aqui não é a sua área... É melhor você não ficar abrindo as asinhas.-Augustos diz olhando para Whoiz, e após dar um chute no estômago do menino, ele se afasta.

Fenômeno 16: O Primeiro Ciclo.Onde histórias criam vida. Descubra agora