Capítulo 1 - Eu descubro a sociedade mas a sociedade não me descobre.

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O garoto está deitado em uma maca em um grande salão, banho era pouco para descrever a lavagem que aqueles adultos fizeram no garoto, estava limpo e com novas roupas, um uniforme que havia uma camiseta branca, calças e blusa de frio azul. Sem o capuz no rosto, dava para ver que era uma criança negra de olhos castanho escuro, rosto um pouco redondo, completamente magra.

Enquanto os adultos andavam de um lado para o outro com pranchetas na mão, preocupados pois era a primeira vez que algo de fora tinha vindo até eles, além do mais, muitas perguntas eram feitas, por exemplo, como uma criança poderia ter sobrevivido naquele deserto?

Nas janelas do salão, haviam várias crianças querendo entender a situação, brigando para assistir a cena, curiosas com o novato.

Após uma série de exames feitos no garoto (Sem o consentimento ou entendimento dele), os adultos definem quais medicamentos  deveriam ser usados. E por fim, decidem se preocupar em saber como o garoto estava mentalmente.

- Você consegue me entender? Consegue me ouvir? - Pergunta a ruiva, todos olhavam para o garoto, sem se preocupar se o garoto se sentiria intimidado ou não, apenas queriam respostas. O mesmo balança a cabeça positivamente para a mulher, a única pessoa ali dentro que não estava o assustando, a mulher ruiva.

- Você sabe o seu nome? Quem é você? - Ela pergunta para o garoto, o garoto olha para o lado um pouco desnorteado, ele tenta responder mas, simplesmente não consegue.- Não sabe?- Ela pergunta, e o mesmo olha para ela e balança a cabeça negativamente, e então ele fica triste e começa a chorar.- Hey! Hey! Tudo bem, ok? Ninguém fará mal a você! Estamos aqui para cuidar de você, tudo bem? Eu vou cuidar de você.- Ela responde abraçando o garoto fragilizado. Em seguida olhando para os enfermeiros em volta.

Após consolar o garoto, a mesma trás um prato de sopa e suco natural, e o mesmo come como um nômade, como se nunca tivesse comido algo tão saboroso antes, e de fato nunca tinha comido.

- É bom não é?- Ela pergunta, o garoto sorri para ela de boca cheia e acena com a cabeça positivamente. Ele estava sorrindo, era bom sinal.

Agora a mulher estava um a sós com o garoto, pediu para que os outros adultos dessem espaço para ambos.- Você não lembra seu nome?- Ela pergunta mais uma vez, e o garoto responde com a cabeça que não, fazendo um olhar triste.- E se lembra dos seus pais?- O garoto balança a cabeça negativamente, bem lentamente, pois ele também tentava se lembrar mas não conseguia.- Seu aniversário? Quantos aninhos você tem? Não lembra nada...?

- 16...- Ele responde com precisão, olhando para o chão, parecia algo que ele se lembrava.- 16...

- 16? Não pode ter 16 anos... É o seu aniversário?- Ela pergunta confusa, olhando para o garoto, o garoto retorna o olhar para ela.- 16.- Ele responde simplesmente.

- Você veio do deserto... Estava com alguém?- Ela pergunta, e ele responde que não com clareza.- E como sobreviveu sozinho?- Ela fica impressionada, o mesmo se levanta e corre até um canto da sala, onde estava sua mochila. E então ele abre a bolsa.

- Respirei na tempestade de areia.- Ele diz apontando para sua boca e fazendo movimento de respiração, em seguida ele retira pacotes de salgadinhos velhos e vencidos, a maioria dos pacotes sujos de areia por fora.- Comida.- Ele diz mostrando o salgadinho para a mulher, e então põe na mesa.- Água.- Ele tira da bolsa uma pequena garrafa de água, assim como o salgado estava suja de areia.- Para a tempestade, para o frio.- Ele tira os agasalhos e panos de dentro da bolsa.

A Mulher se impressiona, mas sabe que aquele garoto sozinho nunca teria aprendido aquilo, e também sabe que haviam inúmeros motivos para ele ter morrido no deserto, doenças, fome, sede, insetos perigosos. Não era possível ele ter feito tudo aquilo sozinho...

Fenômeno 16: O Primeiro Ciclo.Onde histórias criam vida. Descubra agora