Carlos
Todo o meu corpo estremece ao sentir os dentes de Werner pressionarem meu lábio inferior em uma mordida leve. Depois de alguns segundos tentando entender a situação, puxo-o para mais perto o segurando pela nuca. Nossas línguas se mexem com sincronia, com movimentos lentos e intensos, os lábios macios dele se encaixam nos meus de uma maneira completamente diferente de qualquer um que eu já tenha beijado antes.
Sua mão na minha cintura se mexe em direção a minha coluna exigindo que eu chegue mais perto dele, tentando aproximar nossos corpos além do limite possível. Werner não me puxa com agressividade, seu aperto é forte, embora uma brecha para eu me afastar quando quiser esteja presente nas entrelinhas, mas as minhas pernas bambas não me permitem fazer tal coisa.
Beijá-lo me causa vertigem, aquela sensação de que tudo está girando e que o equilíbrio parece inexistente, me forçando a segurar com um pouco mais de força as mechas loiras da nuca dele. Minha língua está enroscando na de Werner, o deixando conhecer cada canto da minha boca, auxiliando-a a ir de um ponto a outro, antes que eu queira conhecer a dele. Estico meu braço, o que a mão dele ainda segura, e pouso minha mão em sua cintura com meus dedos separados uns dos outros os fechando um pouco apenas para sentir o tecido da blusa dele. No momento em que nossos lábios se encontraram tudo ficou em segundo plano: a música, meu quase tombo, meus receios e dúvidas, nada era mais importante do que concretizarmos esse ato.
Encerramos o beijo, mas continuamos com nossos rostos próximos deixando nossas respirações se encontrando. Reluto em abrir meus olhos com medo do que sucederá depois ou de que tudo isso não tenha passado apenas de uma ilusão criada pelo meu subconsciente desejoso que esse momento chegasse logo. Aos poucos as coisas estão voltando para os seus eixos, minhas pernas se recuperam devagar e a voz do Chad Kroeger penetra em meus ouvidos.
Abro um sorriso ao sentir Werner mexendo levemente a cabeça, proporcionando um carinho leve do seu nariz com o meu, deslizo minha mão da nuca dele até a lateral direita do seu rosto. Não tenho outra sensação além de uma paz crescente em meu peito, algo muito parecido de quando estou correndo no parque e ao ter os dois braços dele aprisionam meu corpo, circulando minha cintura, automaticamente me sinto protegido e muito distante de qualquer problema. Até mesmo dos meus receios anteriores.
Separo minhas pálpebras ao sentir Werner me apertar um pouco mais somente para afrouxar logo depois. A primeira coisa que meus olhos fixam são nos cílios longos e loiros, as sobrancelhas douradas e grossas antes dele abrir os olhos e eu ser engolido pelo tom azul límpido e reluzente de suas íris. Acompanho o nascimento do sorriso amplo dele, o aparecimento dos dentes grandes, brancos e saudáveis, e eu mordo meu lábio inferior na tentativa de segurar o meu próprio sorriso, mas não tenho êxito no momento em que ele volta a brincar com nossos narizes.
- Agora, tenho a certeza de que você não vai fugir. – Werner diz parando os movimentos e selando nossos lábios mais uma vez. Sua voz grave em um tom rouco me causa arrepios, afasto um pouco meu rosto do dele apenas para olhá-lo, me perdendo e me encontrando em todo o conjunto de olhos, nariz e boca. – Você está bem? Se machucou?
Sua voz demonstrando um pouco de preocupação me faz sair do meu entorpecimento.
- Não, você me segurou há tempo. – Respondo-o. – E como pode ter certeza de que não fugirei? – Pergunto-o, tombando minha cabeça levemente para o lado.
O sorriso charmoso em seus lábios juntamente com o brilho de divertimento nos olhos azuis, são os responsáveis pelo franzir das minhas sobrancelhas.
- Porque se você quisesse fugir, já o teria feito. – Ele responde. – E o seu sorriso de minutos atrás também me confirma isso.
Olho-o sem piscar ou esboçar qualquer reação ao final de sua fala. Minha mente, ainda inebriada, tenta pensar rapidamente em uma resposta à altura enquanto meu coração continua diminuindo o ritmo gradativamente na minha caixa torácica, reações opostas assim como no meu tribunal interno. Claramente, a defesa está na frente simplesmente enquanto a promotoria tenta se recompor.
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Afortunadamente é Você (Romance Gay)
Romance"Afortunados são aqueles que não perdem a capacidade de amar!" - Maristela Chaves Um advogado e um publicitário. Carlos não procura o amor em cada esquina, não sai com duzentas pessoas ao mesmo tempo, ele é um advogado sério e respeitável quase na...