Taciturnidade

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Texto revisado e atualizado no dia 14/MAR/22.

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Abro meus olhos quando a claridade da manhã invadiu meu quarto. Sinto minhas pálpebras pesarem um pouco mais que o normal sendo uma consequência da noite que passei chorando. 

Me levanto arrumando meus cabelos enquanto caminho para a fonte que tinha ao lado da caminha destinada para um mascote, mas, como não tenho um, ela virou uma poltrona de leitura. Faço uma concha com ambas mãos e logo mergulhei pegando um pouco da água, lavei meu rosto com fervor esfregando a pele até sentir a mesma arder. Apoio minhas mãos na borda do objeto enquanto esperava meu cérebro raciocinar direito.

— O que eu faço agora?— Indaguei com as paredes do cômodo. 

Não tinha vontade de sair do meu quarto. Imagens da raposa fantasmagórica que estava atrás da kitsune me assombraram a noite toda, era estranho os rapazes não se assustarem com aquilo. Será que eu fui a única azarada que tive a visão daquilo?

Caminho com os pés descalços pela grama do quarto de volta para meu leito e jogo-me novamente ali. Pensamentos rondavam minha cabeça com uma velocidade surreal, nunca imaginei que conseguiria pensar em tantas coisas como estou pensando nesse momento. 

— Quem é você?—  A lembrança voz da kitsune ecoava em meus devaneios com muita constância. Queria muito saber quem sou.

Levo meu olhar para os livros de alquimia que estavam na mesa de cabeceira e uma faísca repleta de esperança invade meu coração. Caso eu tenha um conhecimento mínimo sobre alquimia eu conseguirei sobreviver longe do QG.

Me sento na cama repleta de determinação e pego os livros juntamente com meu caderno para fazer as anotações necessárias. 

 •   •   •

Queria muito que minha empolgação permanecesse intacta durante todos os dias que eu passei nesse quarto. Não queria admitir mas estava me sentindo mal, minha família me fazia muita falta. Se ao menos eu tivesse forças para ir a biblioteca e pegar mais livros de alquimia para estudar mais a fundo. Hoje não. Meus olhos devem estar com olheiras enormes. 

— Ei, Musarosa.— Uma voz abafada do elfo debochado me chamou logo após esmurrar em minha porta.— Você está trancada faz seis dias.— Continuou ele, mas não o respondi.— Coisa feia, eu estou falando como seu superior: Abra essa porta!!

Coisa feia? Esse apelido é novo.

Realmente eu estou aqui todo esse tempo. Ao menos eu consegui fazer umas anotações e ler os livros, mas meu animo de ir ao laboratório para testar na pratica tinham se esvaído ao logo desses dias.

— Eu não estou de brincadeira.— O elfo volta a resmungar do outro lado da porta.— Como responsável em fabricar poções e medicamentos, eu não vou gastar meus preciosos ingredientes com uma menina birrenta. 

O elfo ficou reclamando por muito tempo, ele falava de como eu era mimada e irresponsável por passar esse tempo trancada no quarto. Obviamente eu segui em meu silencio como uma forma de protesto e isso não deixou o dono dos cabelos azuis feliz. Quanto mais ele protestava, mais eu sentia vontade de colocar uma plaquinha nele escrita bem grande: Estou sendo ignorado com sucesso!

— Acho que vou chamar o Valk.— Disse ele.— Ele vai arrebentar essa porta, acho que a humana está desmaiada. — Quase que imediatamente eu arremessei meu sapato na porta demonstrando que é uma ótima condição, não queria que meu quarto seja invadido.  — Hmm, pare que ainda está viva.

𝕯𝖆𝖚𝖌𝖍𝖙𝖊𝖗 𝖔𝖋 𝖙𝖍𝖊 𝕷𝖎𝖌𝖍𝖙 ░ 𝙴𝚕𝚍𝚊𝚛𝚢𝚊Onde histórias criam vida. Descubra agora