Aiden, Thomas disse o nome com tamanha convicção naquela manhã que me assustou. Recordo-me do seu suspiro de alívio após sermos interrompidos por Kate, antes que eu tivesse coragem de dizer algo diante de suas últimas palavras. O clima ficou estranho quando ficamos a sós. Torcia para que Thomas tivesse voltado à razão e visto o quão complicado e errado era ele dar um nome ao bebê.
Balancei a cabeça tentando me livrar dos pensamentos à medida que o carro perdia velocidade e a casa cor creme se aproximava. Mordi meus lábios ao sentir minhas unhas machucarem minha mão em um movimento involuntário, tamanha era a força com que eu a fechava.
Fechei os olhos. Minha mente voltou a trabalhar como uma fábrica em seu horário de pico. Imaginei papai pronto para me colocar para fora depois daquela cena na casa de Thomas há algumas horas. Talvez mamãe me protegesse, mas Noah com certeza não, em minha última lembrança ele pairava sobre mim com um olhar raivoso e magoado. Noah parecia uma cópia fiel de John, ninguém poderia dizer que não eram pai e filho, o jeito explosivo dos dois tumultuava nossa família.
— Sam? — Thomas tocou meu braço, me assustando.
Só assim de me dei conta que estávamos parados em frente a minha casa.
Um longo suspiro se esvaiu de meus lábios.
— Quer que eu vá com você? — indagou, desafivelando o cinto.
Demorei alguns segundos para respondê-lo e acabei apenas balançando a cabeça negativamente.
— O gato comeu a sua língua? — resmungou, como uma criança faria.
— Não, o gato deve ter comido a minha vida, e regurgitado o que nem de longe se parece com a qual ele comeu — retruquei amarga, não pensando muito no que acabara de dizer. Nem me importava, a situação estava grave o suficiente para meu filtro não funcionar antes que os pensamentos saíssem pela minha boca.
— Definitivamente, os hormônios da gravidez estão se aflorando com certa eficiência — alertou.
Revirei os olhos, quando Thomas se daria conta do furacão que ele estava tentando se infiltrar exatamente em seu momento mais crítico.
— Quando você vai desistir de mim? — meu pensamento fugiu em forma de palavras. — Tenho certeza que não demorará, não precisa ficar com dó, eu sou bem forte.
— Temos um compromisso mais tarde – anunciou, se esforçando para ignorar minhas últimas palavras. — Consulta com a doutora Grace, a mesma médica maravilhosa que trouxe essa perfeição ao mundo — sua fala soou exagerada e convencida.
— Thomas...
— Não diga nada, só esteja pronta às quatro. — Seu dedo indicador foi ao encontro dos meus lábios, em um movimento para que eu não o contestasse.
•
Perdi a noção há tempo minha mão estava pousada sobre a maçaneta da porta, sem ter a mínima coragem de gira-la. Olhei sobre meus ombros, Thomas ainda permanecia ali, me observando. Vi seu olhar se encontrar ao meu e pude ler seus lábios dizendo: você não precisa enfrentar isso sozinha. Apenas fechei meus olhos em sinal de que sim, eu precisava fazer aquilo sozinha.
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De trás pra frente
Ficção AdolescenteBastou a falta de inibição que o álcool causava ao correr livremente pelas veias, e em um piscar de olhos ela acordara na cama com o namorado da melhor amiga. Samantha Elliott nunca se imaginou um dia fazendo parte das estatísticas. Já era tarde qua...