Capítulo 4

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Clarice

Cheguei em casa com um sorriso maior que meu rosto, até meu pai, que é a pessoa mais desligada do mundo percebeu.

- O que é isso no seu rosto? – Ele me pergunta com uma voz de zombaria

- O que? – Ergo meu celular para olhar se havia algum resíduo de chocolate no meu rosto. Já estava em pânico de pensar que passei a tarde com uma sujeira na cara. Teria sido o maior vexame que eu já passei nas histórias de encontro. Como se eu tivesse tido algum encontro na minha vida. Espera, não era um encontro. Clarice, controle-se.

- Esse tanto de dente aparecendo, nunca vi nada assim em você. – Ufa é o meu único pensamento na hora.

- Ah pai. O dia estava lindo. O café estava lindo...

- Eeeeeee? – Minha mãe questiona da sala de TV

- E nada mãe. E só isso. Vou me banhar. – Subo as escadas correndo antes que eles comecem um interrogatório. Chegando ao meu quarto me lanço sobre a cama e fico olhando para o teto, na verdade, imaginando tudo que tinha acontecido. Começo a pensar no Ethan e em como o cheiro dele me lembrava casa, aqueles perfumes próprios que as pessoas têm, que não são fabricados ou manipulados, aquele perfume que algumas pessoas possuem por natureza, que te fazem lembrar aromas de frutas, ou de algodão-doce. Ele tinha aroma de casa, e também tinha lindos olhos azuis como o mar do caribe. Cada vez que a lembrança do som da sua voz me traz calma, também sinto meu peito disparar, como se meu coração quisesse sair para fora dele. E esse ritmo acelerado começa se transforma em dor, uma fina dor bem no meio do meu peito, bem como se uma adaga acabasse de atravessar por ele. Me levanto e caminho até o banheiro, não quero assustar meus pais, não depois de tudo que aconteceu. Mas a dor está cada vez mais forte. Jogo uma água no rosto e volto para minha cama pedindo para que a dor passasse logo.

Na manhã seguinte, tudo está normal como deveria. É um domingo ensolarado, porém frio, nada que eu não esteja acostumada. Desço para o meu café da manhã e encontro minha mãe com um pacote em suas mãos, ela me entregar toda sorridente e diz que tenho um admirador. Tão rápido peguei o pequeno embrulho, logo já fui retirando o papel pardo que estava envolto e dentro me surpreendo com um livro, era um romance de Nora Roberts que eu ainda não havia lido e comentei com Ethan durante o café. Eu sabia de quem era o presente e isso já me deixou eufórica. Mas abrir a capa e ver dentro dele uma dedicatória:

"A cada linha, lembre-se de mim.
Com carinho, Ethan."

Abraço o livro como se protegesse uma criança pequena pois naquele momento percebi que eu estava trilhando um caminho sem volta.

••••••

Ethan

Domingo passou tão lento quanto poderia, eu estava ansioso para ver Clarice na escola no dia seguinte, queria saber o que ela havia achado do meu presente. Será que era cedo demais? Estou deitado na sala jogando videogame, minha mãe havia saído com meu irmão para levá-lo ao aniversário de algum coleguinha da escola, já estava anoitecendo quando a campainha da porta toca. Imagino que possa ser minha mãe que se esqueceu das chaves. Abro e tenho a supressa, infeliz surpresa, de não ser ela.

- Você aqui? O que quer?

- Ai Ethan – Ela responde com uma voz melosa. – Deixe me entrar que eu te mostro o que eu quero.

- Lisa, eu já te disse. – Seguro no braço dela e vou levando-a em direção ao carro. – Eu. Não. Quero. Mais. Nada. Com. VOCÊ! – Falei em um tom firme e pausado para ver se ela entendia.

Clarice & Ethan - Tudo de mimOnde histórias criam vida. Descubra agora