Capítulo Piloto

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Já era manhã quando o choro de dois recém-nascidos foi ouvido nos corredores de um hospital no Rio de Janeiro. Houve euforia por parte de Oliver, o pai. Ele sorria enquanto sua esposa, Lilian, abraçava o casal de gêmeos ensanguentados:

— Como vão se chamar? — O pai perguntava, com os olhos marejados de alegria.

— Eu não sei... Só pensei no nome do garoto — Ela dizia, olhando seus filhos tão perfeitos — É Bryan, assim como o meu pai. Ele estaria muito feliz se estivesse vivo. Sonhava em ter um neto.

— É lindo! — Oliver dizia, secando as lágrimas de seu rosto. — Sei que ele deve ter amado a escolha.

— A menina eu... Não sei. — Lilian disse.

— Ora, amor... É justo que homenageemos a enfermeira que, praticamente, lhe salvou.

A moça a que se referiam estava em pé ao lado de Lilian, sorrindo e emocionada:

— Será uma honra, senhora — Ela disse.

— Qual seu nome, minha querida? — Oliver perguntou.

— Olivia.... — Ela respondeu. Lilian e seu marido se olharam espantados com a resposta da tal enfermeira.

— Que coincidência! — Lilian exclamou — O nome do meu marido é Oliver.

— Não acredito! — A enfermeira exclamou de volta — Então é o destino. É para ser mesmo.

— Olivia Maríe Bucker... — Dizia Lilian, olhando para sua menininha — É assim que ela vai se chamar.

— É lindo, meu amor. — Oliver disse, beijando a testa de sua amada esposa. — Os dois são lindos. E eu vou protegê-los com toda a minha vida. — Dizia ele, acariciando a cabecinha de Olivia.

— Vamos, pai... — Dizia a enfermeira, colocando uma de suas mãos nas costas de Oliver — Agora os três precisam descansar.

— Ok... Ok... — Ele concordou, sorrindo gentilmente — Amanhã eu venho buscar vocês. Tudo bem?

— Estaremos te esperando, meu bem! — Disse Lilian, toda empolgada.

— Então até amanhã — Ele se despediu, beijando o rosto de sua mulher. Oliver deu mais uma olhada em seus dois filhos e foi embora antes que a vontade de ficar falasse mais alto. Até porque ele teria que voltar a trabalhar ainda no mesmo dia, como havia prometido para seu chefe.

Oliver saiu do hospital com um sorriso de orelha a orelha, enquanto adentrava no estacionamento; no entanto, ele recebeu uma mensagem do trabalho exigindo que ele voltasse mais depressa.

E assim ele o fez.

Seguiu direto para a PetroRio, que ficava bem distante da capital. Afinal, a empresa se localizava em Niterói, no lado norte da cidade. Demorou quase uma hora e meia até Oliver chegar em seu destino. Ele estacionou em frente ao imenso prédio e o adentrou.

Oliver trabalhava como mecânico de máquinas, consertando as escavadeiras de petróleo que quebravam sem parar devido às grandes obras funcionais.

Naquele dia, ele estava feliz, sentindo-se o homem mais sortudo do mundo, pois o bem maior e sua prioridade eram sua família. Oliver amava Lilian mais do que tudo no mundo, e agora, seus filhos eram sua vida.

No cair da noite, já terminando seu expediente, Jack Anderson, seu chefe, pedira que ele subisse ao último andar para terem uma conversa.

Afinal, Jack era um chefe muito bom e generoso, sempre se preocupava com seus funcionários e os ajudava como podia todas as vezes que era necessário.

Ao abrir o elevador, Oliver entrou em uma porta imensa e prateada. Seu chefe estava sentado na poltrona atrás de sua mesa, fumando um charuto enquanto tomava um gole de conhaque com dois cubos de gelo dentro:

— Oliver! — Exclamou Jack ao ver seu funcionário. — Vamos entrando, meu caro.

— Olá, senhor Anderson! — Cumprimentou Oliver, sentando-se do outro lado da mesa — O senhor queria me ver?

— Claro... Soube que seus filhos nasceram... meus parabéns.

— É... — Ele concordava, com um sorriso no rosto. — São lindos. Um menino e uma menina.

— Uma menina? — Jack perguntou, eufórico — Se ela tiver metade da beleza de Lilian, você terá um problemão, meu caro. — Jack riu da própria piada.

— Ela é sim, a cara da Lilian. Os dois são, né.

— Logo poderemos juntar Rayn e sua filha — Jack riu com a ideia — O meu menino vai fazer 1 ano já o mês que vem.

— Eles crescem rápido! — Completou Oliver. — Parece que Rayn nasceu há pouco tempo.

— Bom... Eu lhe chamei aqui para te dar uma notícia ruim, meu amigo — Disse Jack, mudando sua feição — Infelizmente...

— E o que seria, senhor Anderson?

— Bom... a polícia e o FBI bateram na nossa porta ontem à tarde. Foi um arrombo em multas de danos em propriedades e meio ambiente... você sabe... coisas que precisamos fazer para garantir os lucros.

— O senhor não vai me demitir, vai? — Perguntou Oliver, preocupado. — Isso está me cheirando a corte de verbas.

— Não! Você é um excelente funcionário. Quis dizer que vou ter que... (suspiro)... Diminuir o salário dos mecânicos.

— Como é? Veja bem, senhor, eu ganho um salário compatível para duas pessoas. Mas agora, somos quatro. Dois mil reais não vai dar para nada. Eu pago aluguel...

— Eu sei Oliver... Eu só... me perdoe. São cortes de verbas, necessários. Tive um aumento de contratados por conta das escavações.. E a PetroRio não vai bem das pernas... Espero que entenda.

— Eu... Você... Eu entendo. — disse Oliver, de cabeça baixa.

— Fora que...

— O que, senhor?

Jack Anderson o olhava, sem saber muito o que dizer:

— Eu estou sendo investigado e, dependendo de como for, a empresa irá fechar.

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