Capítulo 1

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Os anos foram passando, diante do sofrimento que agora a família de Oliver enfrentava. Com o pouco que ele ganhava, mal podia sustentar a si mesmo e aos seus filhos.

Alguns dias eram de sorte, outros nem tanto. Tudo dependia de como o vento soprava. Olivia e Bryan já haviam completado cinco anos de idade. Não chegavam a passar fome, mas era difícil vê-los dormir em uma cama toda deteriorada, dividindo o mesmo cobertor surrado de sempre.

O homem os olhava dormir com dor em seu coração. Sempre quisera o melhor para seus filhos, assim como ele teve em Denver, nos Estados Unidos. Quando veio morar em São Paulo com seus pais, mesmo nas horas difíceis, o pai de Oliver não deixava de mimar seu único filho.

A família Bucker era muito bem estruturada. O pai de Oliver, Lúcio, era advogado, e sua mãe, Merci, provinha de uma geração de costureiras muito bem recomendadas.

Oliver foi deserdado quando foi ao Rio de Janeiro de férias. Em uma noite, na ilustre Copacabana, aos dezoito anos, se apaixonou pela mulher mais bonita que já havia visto em sua vida.

Ela era morena, bronzeada, alta, e as curvas de seu corpo eram totalmente provocantes. Lilian Maríe era francesa, mas seus pais eram latinos, explicando o charme inabalável da garota.

Ela vinha ao Brasil sempre que podia, na temporada de carnaval. Lilian adorava toda aquela euforia que apenas os brasileiros tinham.

Os dois se apaixonaram assim que seus olhares se encontraram na multidão. Oliver então nunca mais voltou para São Paulo. Avisou seus pais de seu casamento precoce pelo telefone, e aos berros, Lúcio Bucker o deserdou com muito pesar:

— Não vai se arrumar para a festa, Senhor Bucker?! - sussurrou Lilian ao ouvido de seu marido. Ela o abraçara por trás, encostando seu queixo nos ombros do homem.

— É só daqui a seis horas, querida!

— É... Mas só eu sei o quanto você demora para se arrumar. Você é totalmente narciso, Oliver Bucker.

— Hahaha - ele riu - Quer dizer o que com isso? Não foi por isso que você casou comigo?

— Não! - respondeu Lilian, sorrindo.

— Não?! Foi pelo que, então?

— Seu sobrenome... Eu adoro como Bucker combina bem com "Lilian" - ela gesticulava. Oliver sorriu e beijou o rosto de sua esposa, apaixonadamente. - Eu te amo.

— Eu também te amo, Lilian! - respondeu Oliver.

— O jantar está pronto... Acorde as crianças. - disse a esposa - Te espero lá em baixo.

Oliver sentou ao lado da cama onde seus dois filhos dormiam tão em paz. Ele beijou o rosto dos dois, falando baixo para que acordassem. Olivia abriu os olhos primeiro e depois foi a vez de Bryan:

— Mamãe está chamando para jantarmos! - Exclamou o pai zeloso - Vão ao banheiro e lavem as mãos. Espero vocês lá em baixo em cinco minutos.

— Sim, papai! - respondeu os gêmeos, ao mesmo tempo.

O homem desceu enquanto arrumava sua camisa, dobrando as mangas para cima. Ao passar por um espelho no meio da sala, ele parou e observou seu reflexo. Com vinte e nove anos, Oliver ainda era um homem bonito. Sua beleza era notável e incomum. O rapaz herdara os olhos azuis claros de seu pai, os cabelos lisos de sua mãe. Seu rosto era perfeitamente alinhado, sem nenhuma impureza aparente.

Sua barba rala desenhava o contorno de seu queixo fino, e suas covinhas ao lado da boca proporcionavam-lhe um sorriso arrebatador. Daqueles que derretiam o coração de qualquer mulher, principalmente o de sua.

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