Café, Contos E Suspiros.

Escritor(a)

"Tem dias que as estrelas estão dispostas a brilhar o dobro que o normal, há dias em que o seu brilho está quase se apagando e normalmente é nesses dias que elas piscam pra você, sim isso mesmo o que você leu, "elas PISCAM". Você talvez esteja em dúvida, indo para a varanda da sua casa ou o ponto mais alto da mesma só para comparar, para saber se é verdade, mas vá com calma! Para vê-las piscando você precisa de paciência, talvez consiga de primeira, mas sem a paciência, o brilho delas parecerá inútil, até por que quase não o verá. Tenha certeza de que uma coisa que faz a vida seguir em frente é a paciência."

Me afasto do computador após enviar meu mais novo texto. Tiro os óculos, passo a mão no rosto e me espreguiço, demoro bastante tempo me espreguiçando, até por que foram cinco horas quase completas terminando o epílogo do meu livro.

Sinto um vazio. Passo os olhos cansados novamente em cada linha, procurando um erro, uma palavra faltando, mas nada. Tudo estava na mais perfeita ordem. Coço minha cabeça e apoio o queixo entre as mãos recém-pousadas sobre a mesa. Olho para o relógio na tela - 23:19 - procuro ao meu redor algum sinal de vida, mas não obtenho sucesso. Já é o meu nono livro, sete dos nove tiveram um tremendo êxito, ganhei dinheiro, críticas das mais duras e severas até elogios cativantes e incentivadores, ganhei fama, mas mesmo com tudo isso ainda havia um vazio em mim. 

"Por quê não sair?" raciocinei comigo. Levantei-me da minha velha cadeira giratória, me estiquei mais um pouco. Fui até o armário da entrada e peguei um casaco. Um casaco de pele legítimo muito macio. Moro numa cobertura e a vista daqui de cima é ótima, abri a porta do apartamento e coloquei-me ao lado de fora, fechei a porta e coloquei a chave em um dos bolsos do casaco. Fiquei ali olhando naquele espaço, de uns quinze metros quadrados aparentemente, branco gélido e a porta cinza escura dos elevadores contrastando.