Mythes - Lua de Fogo

Capítulo VI - Estrada Para o Inferno

Biblioteca Pública de New Orleans, New Orleans, Louisiana, 15:23

Dou garfadas na batata, estou sem fome e com raiva hoje. O meu dia de crise existencial. Nesse momento estou sozinha, depois de recusar gentilmente – eu espero que tenha parecido, pelo menos – Adam e Zoe. Hoje decidi tomar uma decisão. Que eu espero que não tenha me arrependa depois.

Mesmo depois que Thomas tenha me ignorado – não, eu não esqueci disso – da outra vez, eu planejei me encontrar com ele para lhe pedir um favor. Se nem Zoe e Adam querem me ajudar. E sim, eu tentei.

Flashback, três dias atrás

— Zoe, eu estou bem agora. Acidentes acontecem, podemos tentar de novo...

— E você quase morrer? Sem chance. Posso continuar te treinando, mas apenas o básico, acho que estamos indo bem com o controle do fogo.

— O básico? Como irei me defender com o básico?

— O básico eu quero dizer o essencial, o suficiente por enquanto. Não estamos em perigo, se acalme. Podemos tentar isto de novo, porém mais para frente, você não está pronta. – Ela fala calmamente, como se não fosse nada.

Lembro-me vagamente sobre algo que Thomas disse, enquanto falava sobre meu pai e as pistas. ''Esse é o ano da lua de sangue'', ''é uma previsão''. Isso deve significar algo. Ele parecia sério.

— E a lua de sangue?

— O que? – Sua expressão muda, está claramente surpresa.

— Eu ouvi... Sobre este ser o ano da lua de sangue. – Sinto como se fosse importante.

— Os seguidores da Irmandade te disseram isso? Te contaram sobre a ''profecia''? – Faz aspas com as mãos. — Só pode estar brincando comigo... Olhe, eu sei como eles podem ser legais, mas acreditam em muitas superstições.

— Irmandade? Profecia? Você está me escondendo algo Zoe e eu preciso saber. O que você mais sabe que não me contou? – Aumento o tom da minha voz, sendo firme.

— Se eu digo que você não está preparada, então você não está, entendeu? – Parece brava, como se quisesse me proteger de algo.

Eu sempre tenho a mesma sensação de Zoe... como se fossemos tudo ou nada. Como se nos conhecemos há tantos anos e como se não soubéssemos nada uma da outra.

— Zoe! Por que está agindo assim? Não sou uma criança, não pode me impedir de fazer nada. Sabe que eu irei encontrar algum jeito, você me ajudando ou não! Eu vou encontrar o meu pai e eu vou descobrir quem eu realmente sou.

— E você não sabe quem você é?

— Como assim?

— Você já esqueceu? Eu não quero que você se perca nisso. Eu conversei com Adam e ele me fez pensar. O mundo sobrenatural é importante, mas está esquecendo do que veio antes dele. A sua mãe nem tem ideia do que está fazendo. E o que vai fazer com sua vida após isso?

— Não me venha com isso Zoe, você foi uma das entusiastas. Se isso partisse de Adam eu acreditaria, mas vindo de você? Eu só quero que me conte a verdade, Zoe, por que está voltando atrás?!

— Por que eu não quero perder você! Não entende? Eu perdi todos que me importam. Você quase morreu duas vezes, eu não posso perder minha melhor amiga também. Eu sei que eu não posso te afastar disso, mas se for o único jeito! – Sua voz mostra claramente o quão machucada está, como se estivesse prestes a chorar.