Caverna do Dragão a Sombra de Ashai

Mar de incertezas

A euforia que o grupo de aventureiros havia sentido depois de conseguir fugir das criaturas do cais havia se dissipado mais rapidamente do que dinheiro na mão de um bárbaro. A escuridão engolfava o barco e enegrecia o moral dos jovens. Somente Tanque demostrava algum entusiasmo por estar navegando. Da proa ele observava as negras águas do mar baterem com violência as frágeis madeiras.

Eric estava carrancudo sentado no lance de escada que separava os dois níveis da embarcação, seus olhos opacos fitavam o emblema de seu escudo. Presto estava mais acima olhando sem muito interesse intrigante membro do grupo. O grandão parecia divertir-se de alguma maneira com o que se desenrolava. Seus óculos caíram-lhe sore o nariz e ele os pôs em seu devido lugar com o dedo indicador de sua mão esquerda.

Ruah continuava no timão, guiando o barco para um destino incerto, com pessoas que ele acabara de conhecer. O jovem ashainiano lembrou-se de sua família e sentiu seus ossos congelarem ao receber em seu corpo uma baforada de ar gélido.

Diana cobria-se com um manto gasto, buscando proteção contra o frio ar marítimo. A acrobata estava poucos metros atrás de Ruah, atenta ao pouco que podia ver em meio a cerrada neblina que se adensava.

Bobby passava sua mão direita por sobre o macio pelo de Uni, a unicórnio recebia com satisfação o alento que seu dono lhe proporcionava.

- Você não acha que cada vez que avançamos estamos vendo menos à nossa frente?- Sheila perguntou para Hank, quebrando o silêncio do barco enquanto caminhavam para perto de Tanque, os demais jovens olharam para jovem ruiva saindo de seus torpores.

- Você está certa, - Hank falou- E além desse problema sinto uma estranha presença ao nosso redor.

- É como se – Sheila falou.

- Alguma coisa estivesse sendo drenada de nosso corpo – Hank completou olhando sério para Sheila.

A jovem empertigou-se após sentir uma onda de calafrio percorrer sua espinha.

- VEJAM! - Diana grito, os jovens ficaram alarmados. A acrobata apontava para frente do barco.

Bobby ficou de pé, estreitou seus olhos buscando visualizar o que Diana havia visto, e quando já estava desistindo e pronto para reclamar com a acrobata, ele pôde ver algo surgindo no meio da penumbra.

- É UMA ILHA! – Bobby gritou. Uni relinchou em seguida.

- Não pode ser – Ruah falou, olhando sério para o garoto.

- Como não? – Hank interveio, claramente era uma ilha que eles viam se erguendo diante do barco.

- Não é uma ilha – Ruah insistiu. O grupo não percebeu, mas Tanque havia assumido repentinamente o ar beligerante que havia mostrado mais cedo no cais.

- Falei que não era uma boa ideia – Eric disse – Nosso guia não está vendo o que todos nós estamos vendo.

- Calado Eric – Diana falou.

- Não é uma ilha – Ruah mais uma vez disse- Em toda região de nossa costa– Ele engoliu em seco - Não existem existe uma ilha sequer.

- Então o q... – Eric não completou sua pergunta, pois nesse momento o chão do barco balançou após um forte solavanco.

Com exceção de Tanque e Ruah que havia segurado com firmeza o timão, todos foram ao chão. O barco balançava com mais rapidez, suas tábuas imitiam um rangido lamuriento.

O barco vai se partir. Hank pensou com desespero, e no exato momento uma sombra negra ergue-se do negro mar.

- PEGUEM SUAS ARMAS! – Hank gritou – VENHAM TODOS PARA O MEIO DO BARCO!- Os jovens correm em obediência ao sue líder e esperaram o que estava por vir.

As águas ficaram ainda mais revoltas, o vento sobrou com ainda mais força e a vela se rasgou, uma fenda gigantesca se abriu sobre o gasto tecido.

- Mas que ... – Bobby xingou, mas foi interrompido por sua irmã:

- Olha essa boca- Sheila falou.

Ruah fazia força para guiar minimamente o curso do barco, mas seu esforço era inócuo. Mais uma onda de vento forte os atingiu e o mastro não suportou e se partiu. Lascas de madeira voaram por sobre os jovens enquanto a estrutura tombava para a direita levando consigo as cordas que lhe prendia. Uma a uma as cordas se partiam dando chicotadas no ar.

- TENHAM CUIDADO COM AS CORDAS!- Hank gritou, enquanto se abaixava, por pouco uma das cordas não lhe apanhou. Diana não teve a mesma sorte, uma delas a atingiu em sua barriga, catapultando-a para a proa do barco.

- DIANAAAA! – Sheila gritou em desespero ao ver o corpo inerte da acrobata ser lançado para frente do barco. Quando o corpo dela passou pela amurada uma forte onda de energia saiu do meio do grupo.

Tanque dera um salto e mergulhara no socorro da jovem que havia caído no mar.

- Olhem em volta – Sheila falou, sem ter tempo para lamentar por sua amiga.

- O que são essas coisas -? Bobby perguntou ao ver as sombras que cercavam o barco.

- São t-tentáculos - Presto falou assim que viu uma força cilíndrica cheia de ventosas se aproximar do grupo.

Prontamente Hank disparou uma flecha de energia no tentáculo, que se contraiu em um rápido espasmo ao ser atingido. Algo dentro do mar emitiu um som aquoso. Água entrou em abundância no barco. Todos ficaram totalmente encharcados.

- Foi embora – Bobby perguntou.

- Shhh- Sheila o cesurou.

- Não acho que ... – Sheila falou, porém foi interrompida quando a parte de trás do barco foi destruída por um dos gigantescos tentáculos.

- Ah meu Deus é agora que a gente morre – Eric falou, agarrando com força seu escudo.

- Calma Eric- Hank falou ao cavaleiro- Não é hora de se lamentar, erga seu escudo e nos projeta –

- M-mas – Eric tentou argumentar.

- AGORA ERIC!- Hank gritou, Eric obedeceu e o tentáculo foi impedido de ferir o grupo.

- Valeu Eric – Bobby falou, dando dois passos para frente.

- O que você pensa que vai fazer? – Sheilla falou, depois de puxar seu irmão para trás.

- Não é óbvio?- Bobby falou, ele segurava com suas duas mãos o seu tacape, a arma mágica emitia um leve som ao ser empunhado. Hank mantinha uma flecha em riste apontando para os lados do barco.

- Não quero perder mais ninguém de nosso grupo – Sheila falou, triste.

- Quem disse que perdemos alguém? – Bobby disse com um largo sorriso em seus lábios.

O grupo olhou para a proa, e viu o gigantesco corpo de Tanque se erguer por sobre a amurada com Diana junto de si.

- É isso aí grandão – Bobby falou.

Tanque caminhou até a formação do grupo, colocou Diana perto de Sheila e olhou com fúria para a figura que havia se erguido do mar. Uma cabeça bulbosa, esverdeada com tentáculos saindo da parte inferior do que seria a cabeça da vil criatura. Assim que Tanque deu alguns passos para perto do inimigo, a criatura emitiu um som ensurdecedor. Um fedor nauseabundo corroeu as narinas dos jovens que tentaram em vão evitar de inalar o ar fétido.

- Que bafo de matar – Bobby falou.

- Não tenho certeza se é só o bafo dele que pode matar a gente – Eric falou. Suas pernas tremiam, e dessa vez não era só por casa do ar gelado.