Imperceptíveis

529 27 169
                                    

Muitas pessoas desejam o dom da invisibilidade.

Se Ayla Hazel dissesse algo assim, seu irmão seria o primeiro a rir da constatação. Não que ele fosse alguém que costuma rir, mas aquilo era ironia demais, mesmo para uma sonserina.

Era primeiro de Setembro, e ela estava arrumando seu quarto nas masmorras. Alvo havia permitido que ela tivesse um cômodo próprio. Claro, era um quarto pequeno, mas era seu refúgio.

Os Sonserinos eram conhecidos por se unirem contra outras casas... Só não eram unidos entre eles, e por eles. E ficar longe dos colegas lhe dava um tipo diferente de paz. Uma paz solitária e dolorida. Mas era paz.

Logo seria hora do jantar, mas ela não estava necessariamente empolgada com isso.

-Hazel?-Ouviu a voz grave do outro lado da porta. Aquele sempre seria seu irmão, abriria levemente a porta para poder chama-la, nunca espiando para dentro.-Está tudo bem? Aconteceu algo no Expresso?

-Elas são rápidas em fofocar...-Resmungou, antes de ganhar um olhar preocupado do irmão.-Deixa pra lá, Príncipe. O lobo está aqui, não está?

-Como sabe disso, que mal lhe pergunte?

-Estou vendo sua tensão daqui.-Deu um tapinha na cama.-Quer conversar sobre o que está sentido? Você sabe que é importante. Te ajuda a manter essa cabecinha brilhante mais tranquila.

Severus abriu um sorriso tímido, antes de se sentar junto da irmã caçula. Hazel apenas se acomodou contra o peito mais velho, fechando os olhos assustadoramente verdes. De forma um tanto torta acariciou os cabelos chocolate.

-Preciso que tome mais cuidado esse ano, Hazel. Black logo vai estar rondando aqui. Eu não quero, em hipótese alguma, que ele chegue perto de você.

-Acha mesmo que ele iria me atacar? Nenhum deles sabe que sou sua irmã.-Os olhos verdes se fixaram em seu rosto, perigosos.-E eu vou protegê-lo daqueles dois.

- Você é minha princesinha.-Respondeu, beijando a testa da morena, voltando a aperta-la contra o peito.-Sou eu quem tenho de proteger você.

A menina riu baixinho, se deixando agarrar o mais velho.

-Nós vamos ter que ir no Jantar?

Resmungou a pergunta, sem se afastar do mais velho.

-Claro que temos. Você precisa jantar. E não me venha com essa cara. Quer tomar banho antes do jantar?

-Já tomei. Só não lavei os cabelos, fiz isso de manhã... Vamos, quero olhar para a cara do lobisomem que te incomodou a vida inteira.

-Nada de colocar Lupin contra a parede, mocinha. Controle seu excesso de proteção.

-Sim, senhor!

Snape viu a irmã se levantar, e esconder os cabelos em uma bonita touca de lã verde-militar. Colocou uma grande jaqueta de couro negro, que provavelmente havia pego do guarda-roupa dele, e colocou os coturnos sem amarrar, completamente soltos nos pés finos.

Imitou a caçula, se erguendo e ajeitando as vestes bruxas. Ganhou um longo beijo na bochecha, o tempo frio fazia os piercings dela ficarem gelados. Então seguiram para o Grande Salão. Ninguém das séries maia avançadas estranhava a forma como Severus visivelmente tinha preferência por aquela aluna. Mas os novatos, de todas as casas, achavam estranho como o professor parecia não se incomodar com a proximidade da moça.

Severus entrou primeiro no Grande Salão, pois Hazel havia parado para papear com Luna Lovegood. Observou a irmã entrar de cabeça baixa no salão. Era muito cínismo que uma figura chamativa como ela passasse despercebida, quase invisível, em meio a tantos alunos iguais, sem nada de especial.

Dear CreatureOnde histórias criam vida. Descubra agora