Capítulo 16 - Laços de Família

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Pela primeira vez não tive sonhos estranhos, estava escuro, afundada em escuridão era assim que me sentia. Abro os olhos lentamente, procurando algo familiar, mas de repente me lembro do que aconteceu. Griselda. Eu estava com o Gabbe e conversávamos sobre o céu estrelado, nos beijamos e me sentia bem. Porém a partir daí tudo o que lembro são flashes, um vento, o rosto de Griselda e sua voz estridente anunciando meu sequestro.

Olho em volta e percebo estar numa espécie de laboratório, tento me levantar mas estava acorrentada numa cadeira. Concentro minhas forças e tento usar a força bruta para me soltar, porém também não dá certo, é como se tivesse um encantamento de alto nível nas correntes. Depois de cinco tentativas, desisto e a traíra surge na porta me encarando como se estivesse se divertindo, na verdade ela estava se divertindo.

Sinto com se tivesse sido surrada então reparo nas minhas pernas, cheias de hematomas e cortes, além de sangue seco grudado ao longo delas. Ela se aproxima e segura em meu queixo, forçando me a olhar diretamente em seus olhos, a raiva me consome e mordo sua mão, sorrio ao escutar seu grito de dor. A mesma revida socando meu maxilar e meu estômago, grito com a dor e cuspo um pouco de sangue.

_ Vadia... - digo baixo meio embolado por causa da dor, estranho e fico meio apavorada ao perceber que não consigo utilizar magia.

_ Quem diria que a Rainha Branca, seria tão burra e fraca. - diz com um sorriso convencido nos lábios e puxa meu cabelo.

_ Pare com isso. Preciso dela viva. - diz uma voz masculina adentrando no local. Finalmente compreendo, ela me trouxe até meu "pai", se bem que ele não merece mais este título. Se aproxima com uma seringa na mão e aplica no meu braço, sinto o líquido correr em minhas veias e começa uma queimação insuportável.

Grito alto com a dor e começo a perder minha força de vontade. Não sei o que está acontecendo mas já não consigo mais odiá-los, já não me importo com mais ninguém, ninguém além do meu pai. - Não! Não posso me render! - Grito em pensamento já que não conseguia encontrar minha voz e uma luz roxa começa a me envolver me quebrando por dentro.

"Resista Jelliel! Juntas somos mais! Não deixe o papai te controlar!", escuto a voz de Ariel na minha cabeça gritando junto comigo, como se sentisse minhas dores... - Maninha... Você ainda está comigo. Não vou desistir! Isso mesmo! - grito em pensamento e começo a me concentrar, juntando o máximo de força que conseguir.

_ Juntas somos mais! - reencontro minha voz e grito junto com Ariel, enquanto a luz roxo me envolve mais ainda e sinto as corrente começando a se repartir. Porém quando estou quase lá ele usa seus poderes e me ergue pelo pescoço, injetando outra dose da tal droga em mim.

Toda minha força se esvai e a luz roxa continua, já não escuto mais minha irmã, não consigo escutar ninguém. Olho meu pai, como se fosse um robô encarando seu criador, de repente me sinto vazia e tudo o que sei no momento é que devo serví-lo. Mestre.

_ Desculpe qualquer transtorno, mestre. - digo abaixando a cabeça. Sinto o encanto desfazer e arrebento as correntes, me soltando da cadeira e ajoelhando na sua frente como um servo faria.

Ele ri, porém não compreendo sua reação, já não sinto mais nada. Ordena Griselda a cuidar de meus ferimentos e sou levada a um quarto grande, sento na cama numa posição ereta e observo a mesma usar magia para me curar, me surpreendo que em questão de segundos estou sem qualquer marca.

Ela me entrega roupas e uma toalha, vou até o banheiro e tomo um banho demorado, me sinto relaxada e me visto. Pego uma escova e fico em frente ao espelho, surpreendo ao reparar que meus olhos estão vermelhos e uma parte do meu cabelo está preto. Escovo retirando os nós e prendo. Me observo (foto do capítulo) e tento reclamar de algo mas não consigo, afinal foi o mestre que me deu essas roupas. Escuto batidas na porta e permito a entrada do mesmo, caminho até ele e ajoelho.

_ Mais tarde, venha até me quarto. Levante-se. - ordena e levanto ficando de frente para ele. Sua mão segura o meu queixo e puxa minha boca para a sua enquanto sorri. Não recuso e retribuo, ser beijada por meu mestre é uma honra, sinto sua língua invadir minha boca, mas ele para mordendo meu lábio inferior.

_ Sim mestre. - continuo inexpressiva e o acompanho até um grande salão, estava lotado de demônios e bruxas que o saudaram assim que chegamos.

Sentamos na mesa principal e começamos o banquete, comia em silêncio enquanto todos faziam barulho, discutindo, batendo talheres e comemorando. O mestre se levanta e explica seu plano de invadir o Instituto para destruir todos, o apoio e ele me apresenta como arma secreta - Não ligo de ser usada, se isso fizer o mestre sorrir - terminamos de comer e fomos cada um para seu canto.

Eu pedi permissão e fui para o quarto, hoje era noite de lua cheia. Não sei, mas ando involuntariamente até a sacada. Fico encarando o céu observando as estrelas, elas estavam lindas e mais brilhantes do que nunca, estico a mão como se pudesse pegar uma com a mão. Sinto uma pontada na cabeça e flashes passam na minha mente, eu e um garoto de cabelos brancos na cama, seus beijos e braços a minha volta...

Agacho com a dor. - Só tenho a meu mestre! Não posso amar ninguém além dele! - Grito em pensamento e a dor para assim como as imagens, vou até a cama e me deito em posição fetal. Troco de roupa e coloco uma camisola de seda prateada, aguardo o chamado do mestre. Escuto batidas na porta e Griselda entra.

_ O mestre te chama. - diz meio seca e a sigo.

Passo pelos corredores e todos olham para mim, as bruxas com inveja e os demônios com desejo. Ando os ignorando por completo, afinal o mestre me aguarda e não posso gastar meu tempo com seres insignificantes. Bato na porta e ordena que eu entre, o obedeço claro, fico impressionada com a grandiosidade e o luxo de seu quarto.

_ Vem até aqui. - diz com um sorriso malicioso e vou até o mesmo que me aguardava sentado na cama. - Sua irmã resistiu ao seu mestre, mas você não irá fazer isso né? - pergunta segurando em minha cintura e passa a mão pelo meu corpo.

_ Não mestre. - seu toque me exita e fico parada para que ele possa fazer o que quiser.

De repente somos interrompidos por um garoto de cabelos brancos, que admito ser bonito. - Mas não tanto quanto o mestre. - Ele adentra o quarto quebrando a janela com um olhar furioso e me puxa para si, quando vou tentar usar magia para jogá-lo longe, o conforto de seus braços me traz flashes na cabeça e coloco a mão na mesma com dor.

_ Mestre! - grito o chamando mas ele não chega a tempo e o garoto nos teletransporta para um lugar estranho mas de algum jeito familiar. A dor piora e desmaio...

No Angels: O Começo De Tudo...Onde histórias criam vida. Descubra agora