A VIRADA DE UMA ADOLESCENTE

Capítulo 1

Para a maioria das meninas, usar maquiagem e salto alto é algo que faz parte de nós, é como se fizesse parte do nosso corpo, um item obrigatório que não podemos viver sem.

Casar e ter filhos então é o sonho de toda mulher ou quase toda. Lembro me de quando pequena ainda, ficava planejando meu casamento, pegava as roupas da minha mãe no ármario, procurava na gaveta dela aquele batom rosa que me deixava parecendo boneca. Andava de um lado a outro da casa imaginando estar em um tapete vermelho de mãos dadas com meu pai e lá no final do corredor meu príncipe me aguardava com um sorriso enorme. Depois descia até a sala onde acontecia a festa e eu dançava até o dia amanhecer, girava e girava até ficar tonta e cair no chão, era quando me dava conta de que tudo era fruto da minha imaginação, então eu fechava os olhos e voltava a sonhar. Sonhava que eu estava ali deitada no chão e era beijada pelo meu príncipe.

Assim como sonhava em ter filhos, uns quatro pelo menos, planejava ser mãe mas não tinha sequer noção do que aquilo realmente queria dizer, não sabia das responsabilidades e dificuldades que poderia enfrentar.

Para muitas meninas da minha idade engravidar aos dezoito anos é algo assustador, mas no final das contas elas tinham razão, acabo de sair do colegial, eu não estou preparada para cuidar de uma criança. Mas ainda bem que eu tenho minha mãe, ela me ajuda em tudo que preciso sempre me ensinou a andar no caminho do bem. Meu pai sempre foi muito rigoroso e depois que ele sofreu um infarto e morreu. Há mais ou menos dois anos atrás, comecei a ter mais liberdade. Passei a frequentar muitas baladas, festas, bebia bastante era tudo novo para mim. Um mundo diferente do que eu estava acostumada. Desde que nasci fui criada pelos meus pais como uma bonequinha, tinha tudo o que eu queria, mas à medida que fui crescendo fui deixando esse lado menininha de lado, eu queria diversão, queria descobrir um novo mundo, seguir um novo caminho e foi em uma dessas que eu acabei me envolvendo com a pessoa errada.

Hoje eu olho para trás e penso que tudo poderia ter sido diferente, mas tudo isso foi escolha minha e... As lágrimas começam a cair no meu rosto. Era uma forma de desabafo, chorava tanto que até soluçava, estava sem chão, foi quando eu escutei uma voz suave:

— Oi Ana! — Jennifer, minha melhor amiga entra no quarto com um sorriso largo. Ela se aproxima de mim e me dá um abraço apertado, deixo de lado o diário e a caneta que estava em minhas mãos. Tento não chorar, mas é quase impossível. Meus hormônios têm me deixado mais sentimental do que o normal.

Quando Jennifer se afasta, ela limpa uma lágrima que escorre pela minha bochecha e se senta ao meu lado.

— E então, como estão as coisas?

__Jennifer... Está tudo tão difícil ainda bem que tenho você, obrigada por estar aqui, já não sei mais o que eu faço. __ Ela olha para mim com olhos bondosos. De repente alguém abre a porta do meu quarto, era a minha mãe, trazendo o lanche da tarde, deliciosos bolinhos de chuva levemente envolvidos no açúcar e canela, para acompanhar um cafezinho passado na hora, era o que Jennifer adorava. As duas se gostavam muito, desde que se viram pela primeira vez quando ela veio aqui em casa fazer um trabalho do colégio, depois disso, ela passou a fazer parte da nossa família. Nós duas estudamos juntas durante todo o ensino médio, parece que foi ontem, mas, já faz três anos, ela é uma amiga e tanto.

__ Olá meninas, vim trazer um lanchinho pra vocês.

__ Obrigada Dona Sara, estávamos famintas, adoro bolinhos de chuva e com esse cafezinho então é a melhor coisa.

Sentamos na cama e mina mãe deixou a badeja que havia levado até o quarto em cima da escrivaninha de vidro que ficava no canto direito do quarto perto da minha casa, para podermos comer. Começamos então a saborear aqueles bolinhos de chuva, mas esse momento foi interrompido por uma forte contração, A dor começa logo na parte inferior do ventre, como uma cólica menstrual multiplicada milhões de vezes mais, estava assustada me levantei com um pouco de dificuldade.