Marinette
Desnorteada. Essa foi a sensação que senti ao acordar. E um sentimento de burrice, pois eu não sabia como, nem por quê as coisas tinham chegado naquele ponto... Nunca deveriam ter chegado nem acontecido. Mas aconteceram. E era uma coisa que eu tinha que aprender a conviver.
Após ter conversado com minha mãe, Alya e minhas outras amigas, percebi que não era o fim do mundo. Omiti as partes em que Adrien foi rude comigo. De alguma forma, não falar disso me deixou melhor e protegeu minha privacidade. E claro, não mencionei CatNoir. Me perguntei se talvez tivesse sonhado, porém no fundo sei que foi real - tão real que meus lábios ainda formigavam só de pensar.
Não era um sentimento de traição com o meu próprio coração que me corroía, e sim de tormento por ter feito o que fiz com ele. Acho que o confundi ainda mais. Minha mente e meu coração lutavam entre si, um implorando juízo e outro, mais um beijo... Só que Adrien ainda estava no meio daquilo tudo, de alguma forma.
Alya entendeu que eu estava em um estado psicologicamente ruim e me chamou para nos arrumarmos na casa dela. Depois da confusão, quase esqueci que tinha um baile para acontecer! Minha mãe disse para tentar afastar meus pensamentos do ocorrido e apenas me divertir no baile. Ela e Alya trocaram olhares discretos, mas notáveis. Tentei ao máximo fugir de minhas visões e no final, estávamos - sem exageros – lindamente produzidas. Me olhei no espelho e quase não reconheci a menina que a poucas horas chorava no quarto. Alya discretamente havia colocado enfeites vermelhos e pretos espalhados pelo menu vestido, além de o ter subido um pouco, agora acima do joelho. Parece que a aulas de costura que eu lecionei haviam surtido efeito. E como! Tudo isso me encheu de coragem e agradecimento. Mesmo com uma ferida no coração, eu sorri sinceramente e dei um abraço apertado nela. Minha melhor amiga me fez parecer uma princesa! E ela, obviamente, era a minha rainha. Alya sempre fora bonita e tinha curvas que o meu corpo parcialmente fino nunca teria. Estava com um vestido roxo com várias dobras e muito lindo. Sua maquiagem era igual a de sempre, mas ela tinha tirado os óculos e colocado lentes de contato. Ela ficava maravilhosa de qualquer jeito, mas disse que era para fazer uma surpresa para o Nino. Nossas máscaras eram muito lindas também. A dela era roxa com laços lilás. A minha era vermelha com algumas lantejoulas azuis, mas o vermelho realmente predominava. Fiquei receosa de usá-la no início, no entanto, Tikki me confortou dizendo que não havia problema pois eu estava com um vestido e cabelo diferentes de LadyBug. Realmente, meu cabelo estava preso em um coque com algumas mechas do lado da franja me moldando a face. Um enfeite simples, porém bonito se encontrava no coque, quase imperceptível para os olhos desatentos. Então, coloquei a máscara e me forcei a ir.
Descemos as escadas juntas e já na porta, Alya me puxou pelos ombros, seus olhos me encarando profundamente.
-Marinette, você sabe que eu só quero o melhor para você,
Permaneci em silêncio.
-Seu coração pode estar uma bagunça agora, porém, você tem que se lembrar que acima de tudo, é você - ela apontou o dedo indicador para o meu peito – que deve se amar. Nunca deixe que ninguém tire o amor próprio de ti. Se você não se amar, ninguém mais vai fazê-lo.
Engoli em seco. Ela como sempre estava correta.
-Obrigada Alya. - falei baixinho, apertando nossas mãos. - Você, por acaso, disse para alguém que eu estava triste ontem?
-Não Mari, só liguei para sua mãe para saber se você tinha chegado em casa... Queria esperar para saber o que tinha rolado, antes de ficar espalhando por aí, coisa que eu nunca faria, né?
Sorri para ela, mas dentro de mim uma pergunta me deixava inquieta – como Cat sabia?
***
Adrien
Havia falado com meu pai sobre o baile dois dias atrás. "Falado". Apenas mencionei e ele me disse que não. Foi um não seco, que ecoou pelo cômodo e me atingiu no peito. Apenas dei de costas, cansado daquilo e irritado com ele. Era incrível, o como um pai pode não ser um pai de verdade, simplesmente uma pessoa que te gerou. Minha mãe era uma mãe de verdade. Eu estou sempre acostumado a obedecer, mas naquele baile iria todos os meus amigos e me permiti pensar em desobedecer. Eu poderia ir vestido de CatNoir, depois voltar ao normal. Talvez Plagg se opusesse no início, entretanto, era ele quem sempre dizia que eu deveria me socializar, não era? Então eu tive a idéia de convidar Ladybug para ir comigo. E foi aí que tudo começou a desmoronar.
Não sabia se Marinette iria no baile, porém valia a pena tentar... Seria difícil conversar com ela por trás da máscara, chamando a atenção de todos. Mostrar quem eu realmente era não estava nos planos, até porque não saia se estava preparada para isso. No final, optei por ser eu mesmo, Adrien, e pedir desculpas cara a cara. Fazer o certo. De qualquer forma, eu iria. Nem que fosse só para vê-la.
Quando fui na casa de Marinette, não era um beijo que eu tinha em mente – nunca! Fui apenas para confortá-la e talvez ajudá-la a entender melhor o que havia acontecido... Em nenhum momento imaginei que um beijo poderia despontar entre nós dois. Foi como uma fagulha que se acendeu repentinamente e foi tomando proporções que não entendíamos. A chama ainda está quente no coração e no meu corpo, porém uma tempestade toma conta de minha cabeça.
Coloquei uma roupa para a festa e uma máscara preta, apenas para não fugir do tema. Plagg me olhou com um olhar engraçado, tirando sarro de minha situação.
-Vamos dançar um pouco, Plagg. - retruquei.
-Só se depois eu ganhar um queijo – ele respondeu metodicamente, e eu ri.
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Por trás das máscaras
FanfictionO que aconteceria se os melhores super-heróis de Paris descobrissem a verdadeira identidade um do outro? Continuariam juntos ou se separariam?