Me encostei na parede da cela, Adelyne andava de um lado para o outro sem parar, seus rodopios estavam começando a me deixar tonto:
- Será quê você pode parar?- reclamei.
- Para onde o levaram?- perguntou finalmente se sentando do outro lado da cela.
- Seu amante?- falei.
- Meu noivo.
Parei por um momento e a encarei, seus olhos azuis estavam vermelhos e meio inchados, eu não a tinha visto chorar, mas as marcas deixavam bem aparente:
- Eu não sei- Admiti.
Sua cabeça pendeu para trás e ela encolheu as pernas contra si:
- Quem era aquele rapaz no caixão?
- Não é da sua conta- respondeu com a voz meio embargada.
- Eu só queria... apenas deixe pra lá.
- Ele, eu não o conheci muito bem, mas... ele era da minha família.
Entendi a semelhança do rosto e dos olhos do rapaz, fiquei tentado a perguntar quê tipo de parentesco eles tinham, mas com medode acabar com um hematoma no rosto:
- O quê você é?
- Pensei quê já soubesse general Michael- respondeu num tom amargo- estava procurando minha história.
Assenti:
- A quanto tempo sabe quê É uma manipuladora elementar?
- Desde criança- falou movendo a mão calmamente e fazendo a brisa se mover mais rápido- sabe... o estado do ar, ou país, nunca deixou de acreditar mesmo depois de tanto tempo, então eles testaram as crianças, por anos e anos, até quê foram a uma aldeia afastada, mais para o interior, eu tinha uns 13 anos, eram jogos, inocentes aos nossos olhos, mas eu movi algumas coisas com o ar, então me levaram para a corte, para ser treinada.
- E sua família?
- Continuou no campo, claro com alguns benefícios, minha mãe teve outro filho, Carter, o...- sua voz falhou- o rapaz quê você viu no caixão.
- Porque o país do ar nunca, falou disso com os outros países?
Ela soltou uma risada amarga:
- Por causa disso!- apontou para toda a sala- acha quê teria sido diferente?, se tivesse sido a alguns anos atrás?, teriam nos tra... teriam me tratado da mesma forma.
Depois disso ela ficou em silêncio, se encostando ainda mais na parede, como se pudesse atravessa-la e fugir dali:
- Como você o conheceu?
- Hã?
- Seu noivo.
Ela abriu um sorriso, quê logo sumiu novamente do seu rosto:
- Logo quando eu cheguei ao palácio, tinham um certo receio de mim, afinal, ninguém sabia como lidar comigo, e ele... bem, ele era filho de uma das empregadas, vivia perambulando pelo jardim, então viramos amigos, ele começou a treinar pra ser um guarda e eu, uma manipuladora elementar, e depois...
Sua história foi interrompida quando ouvimos vozes do corredor, quê pareciam brigar por algum motivo, a medida quê se aproximaram pude identificar:
- Quando será esse julgamento?
- Eu não sei.
- Isso é ridículo, sabe disso não é?
- Isso não é problema meu.
- Mas...
um guarda, alto e carrancudo, com a pele queimada e sol e uma barba por fazer, quê reconheci por ser Martel, carregava Kayle, que tinha o rosto cansado, as mãos estavam livres, mas sua armas haviam sido confiscadas, e sua camisa estava rasgada, e podíamos ver ataduras meio manchadas de sangue rodeando seu tronco, Martel colocou o garoto dentro da cela e fechou a porta rapidamente:
- Agora é problema seu- falou apontando pra mim- boa sorte.
O garoto deu um chute no portão de grades de ferro, e o barulho ecoou pelo calabouço agora vazio, exeto por nós:
- É bom quê vá para o inferno- murmurou- idiotas...
Então ele se virou e viu Adelyne e eu o encarando com diversão:
-Adely- falou abraçando-a- está tudo bem?
Ela assentiu afundando a cabeça em seu ombro, desviei os olhos como uma criança quando eles se beijaram, achei quê mereciam um pouco de privacidade:
- O quê aconteceu?- perguntou.
Voltei a encara-los e expliquei tudo:
- Então basicamente- ele respondeu- estamos ferrados.
Adelyne deu um tapa de leve em seu braço e balançou a cabeça:
- Somos um povo cético- falei dando de ombros- qualquer tipo de magia aqui é vista de maneira errada.
- O quê vai acontecer com ela?- perguntou ficando sério derrepente.
- Eu não sei- falei- vamos aguardar o julgamento.
- Por quem vamos ser julgados?
- Provavelmente, pela rainha.
- Nyssa?
- Quem me dera- respondi- Nyssa está a cargo do país, mas seus pais ainda estão vivos, apenas cuidando de outros assuntos, como vocês não são daqui e seu julgamento pode acarretar uma série de conflitos, principalmente agora quê sei de sua importância, então eles serão chamados.
- Quais são nossas chances?
- Sinceramente?- falei- muito poucas.
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2- Crônicas Elementares- Terra e Ar
FantasyMichael é regente do exército do país da terra que entra em colapso quando seu principal provedor, o país do fogo, caí por terra, ele conhece Adelyne, uma jovem dominadora de ar, e Kayle um rapaz forte e rebelde, com quem sai em busca dos outros man...