Medo é algo engraçado.
Você me disse que sentia medo. Me perguntou se eu ainda te amava. Me perguntou se eu não estava cansado de você. Eu disse que te amava.
Mas foi engraçado, ler cada palavra sua, mesmo os "eu te amo" parecia ser um tiro direto no meu peito, eu não tinha a possibilidade de cair no chão e abraçar a morte. Não era você por trás da arma. Era você no chão. Era o hospital do outro lado da rua. Era a inexistência de pessoas, onde não podia se gritar por ajuda. Era a dor de te carregar. Era a caída no chão em frente ao hospital depois de outro tiro nas costas. Eram as lágrimas que você não podia ver. Eram os segundos que pareciam meses contigo em uma cama, comigo segurando a tua mão dizendo "por favor, acorda. Eu te amo" tão baixo que nem eu conseguiria escutar. Era o alívio misturado com dor ao te ver acordar. Era o "vou no banheiro" para me vestir de preto, assim você não conseguia me ver sangrar.
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Do meu coração de água para o mundo
PoesíaApenas trechos de histórias que nunca vou escrever.