-Vá em frente, não vou te impedir. -Ela disse, olhando nos meus olhos.
-Quê? -Ela era louca, isso eu já sabia, mas não sabia que ela iria ficar tão calma com uma arma apontada para a cabeça dela à beirada de um penhasco.
-Atira.
Ela estava calma como sempre, as mãos nos bolsos, o cabelo ao vento e sua pele negra era iluminada pela lua. Eu não seria uma pessoa ruim se a matasse, seria?
-Não! Droga! Eu tenho que fazer isso, e você sabe! Por que se envolveu comigo? -o desespero já tomava conta de mim, era a primeira vez que eu tinha que matar alguém próximo de mim.
-Por que hesita tanto? Você sempre fez isso, Amanda. Eu já te vi trabalhar.
-É você, não posso simplesmente te matar. É você.
Ela começou a andar, ia de um lado para o outro. Me ignorava. A luz do farol do carro mostrava os insetos voando por nós. Ela parou.
-Não vai dizer nada?
-Para onde vamos quando morremos?
-Para uma biblioteca, sua história fica guardada lá.
Ela me olhou, ela estava com dor. Eu apenas apontei a arma para sua cabeça e atirei. Era isso. Caos tende sempre a ficar maior, uma coisa sempre leva a outra. A vida a levou a mim, eu a levei à morte.
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Do meu coração de água para o mundo
PoetryApenas trechos de histórias que nunca vou escrever.