Capítulo 4

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Elas já levantavam e eu não soube o que fazer para convencê-las a ficar. Olhei nervosamente
na direção dela. Estava de pé, assim como suas amigas, enquanto o garçom puxava mais cadeiras para a mesa deles.
Sem alternativa, fui lentamente atrás de minhas colegas. Meu coração bombeava loucamente e eu me sentia a ponto de estourar de tanto nervosismo. Mantive as mãos ao lado do corpo, duras, para não tremer. E procurei não demonstrar nada que sentia.

- Voltei! – Mani falou alto para ser ouvida devido ao som da música, ao parar perto da mesa
deles. Estavam todos de pé, mas me recusei a olhar diretamente para ela. – E aqui estão minhas
amigas: Beatriz, Ally e Camila. Deixa eu ver se lembro o nome de vocês... Lauren Jauregui. Inesquecível esse nome!

- É um prazer conhecê-las.
A voz percorreu lentamente meus terminais nervosos. Eu não o olhava, mas sabia que era ela.
Aquela voz quente, meio rouca, linda como ela.Um arrepio subiu por minha espinha. Ally continuou:

- Este é a Verônica. Keana, Lucy e ... ai meu Deus! Espera aí, meu amor, vou lembrar seu nome... .Daya Acertei?

- Quase. – Uma mulher bonita de cabelos longos falou, divertida.
– Dinah.

- Por pouco!

- Fiquem à vontade. – Disse outra.

Todos arrastavam cadeiras e falavam, confundindo palavras com a música alta. Sentei onde
imaginei ser o mais longe possível dela. Da Lauren.

Saboreei seu nome na mente, percebendo que ela se tornava cada vez mais real para mim.
Nome de uma Deusa, pois parecia a Afrodite em pessoa. Ela existia de verdade.

- Você bebe?

Alguém me estendeu um copo de cerveja.  Era uma morena, com
cabelos lisos e belos olhos castanhos. Bonita, sorria para mim.

- Obrigada. – Aceitei o copo, rezando para não tremer demais. Eu precisava molhar minha garganta seca.

- Você é a Camila, não?

- Sou. Desculpe, mas não guardei seu

- Lucy. Bom conhecer você, Camila.

- É um prazer.

Ouvia as risadas das meninas e o alvoroço que causavam. Minha mente registrou o tom grave
da voz da Lauren, mas não consegui ouvir o que ela dizia. Nem ousei olhar em sua direção. Mantive meu olhar ao nível de Lucy. Tomei um longo gole da cerveja gelada.

- Tem certeza que está com essas loucas? – Ela brincou e acabei sorrindo.

- Sabe que ainda estou me perguntando a mesma coisa?

- Você as conhece há muito tempo?

- Conheço Ally há um ano. Beatriz e Normani eu conheci ontem.

- Você parece bem diferente delas.

- Eu sei. – Fiz uma careta. – Sou chata.

- Nada disso. Gostei do seu jeito.

Aos poucos fui me sentindo mais à vontade e comecei a conversar com Lucy. Ela era muito
simpática e agradável. Mas todo o tempo Lauren não saía da minha cabeça. Não resisti e procurei-a com o olhar. com o olhar.

Fiquei chocada ao fitar seus penetrantes olhos verdes. Ela me olhava fixamente, séria, parecendo nem ouvir o que Normani dizia.

Era ainda mais impressionante de perto. Seus olhos não tinham tons marrons ou cinzas. Eram
de um verde-claro puro, cristalino, num grande contraste com sua pele morena e seu cabelo negro. As sobrancelhas pretas e os cílios espessos tornavam seu olhar ainda mais lindo, misterioso, sensual

Fiquei sem ação. Meu sangue pareceu se tornar mais espesso, impedindo-me de pensar com
clareza, de reagir. Deus, ela era perfeita! Aquele rosto oval, o queixo firme com covinha, o nariz Fino. E a boca...

Não pude acreditar que ela me olhava. Não consegui parar de olhá-la também. Imaginei como
seria tocar seu rosto, passear as mãos por seu cabelo, encostar minha boca na sua...

- O que você acha, Camila? Camila?

A voz de Lucy penetrou minha mente entorpecida. Percebi o que eu fazia, encarando-a. E ela,
por que me olhava daquele jeito?

Normani puxou o rosto dela em sua direção. Olhei para Lucy e fiquei corada quando notei que ela parecia divertida, como se soubesse o que estava acontecendo ali.

- Escutou alguma coisa que eu disse, Camila?

- Desculpe, eu...

- Não precisa explicar. Já me acostumei com o efeito da Lauren sobre as mulheres. Olhe para suas amigas. Parecem moscas em volta dela. Quem você acha que ela vai escolher?

- Não sei. – Não me ocorreu mentir ou negar, mas fiquei ainda mais constrangida. – Olhe, Lucas...

- Ela gostou de você.

Surpresa, fiquei quieta.

- É sério. Desde que sentou aqui ela está te olhando.

- Impressão sua. – Meu coração batia loucamente. Não era possível. Eu não chegava aos pés das minhas colegas.

- Acho que não. Também gostei mais de você. Deve saber o quanto é encantadora.

Balancei a cabeça, sem poder acreditar. Olhei para Lucy.

- Desculpe. Não sei o que dizer.

Ela sorriu. Gostei dela. Mas com Lauren na cabeça, ela se tornava sem graça, esfumaçada. Meu Deus, como eu queria voltar a ser eu mesma, sem aquela perturbação toda, controlada e calma!

- Vocês todas são amigas?
Procurei um assunto ameno.

- Somos todas amigas. Estamos todos na casa dela. Da Lauren. Com exceção de Verônica, conheço as outras há poucos meses.

- Entendi. Você mora em Massachusetts mesmo?

- Não, sou de Nova York. Estou trabalhando aqui, mas nasci lá

- E você trabalha em quê?

- Sou advogada recém-formada. E você? Parece bem jovem. Estuda?

- Sim, faço faculdade de História.
- História? Meu Deus, deve passar os dias mergulhada em leitura.

- E você não?

- Que remédio, não é? E trabalha?

- Sou recepcionista em uma firma de engenharia.

Passamos a conversar ainda mais e não ousei me virar na direção da Lauren. A tentação era
grande, mas eu não queria ficar descontrolada. E era assim que ela me deixava.

Bebi mais do que estava acostumada e parei ao ficar um pouco tonta. À nossa volta, todos pareciam animados e falantes. Eu e Lucy éramos as mais comedidas, falando baixo e conversando sem parar.



Falem comigo,quero saber o que voces tão achando.

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