•prólogo•

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Billy finalmente tinha saído. Era cansativo esperar uma brecha, em que ele fique por algum tempo fora de casa, para finalmente fuxicar seu quarto.

Não me julgue, eu sou só uma irmã mais nova normal, que gosta de infernizar a vida do irmão, mesmo que as vezes – sempre – ele troque esses papéis e fica com o meu.

Depois de tudo que Billy aprontou, com Steve, Lucas e com todos meus novos amigos, eu passei a ameaça-lo sobre contar ao papai o que ele andava fazendo. Claro que eu não falaria, afinal, como eu explicaria que eu tinha um tranquilizante no momento certo para penetrar em seu pescoço enquanto o mesmo estava prestes a acabar com Steve? Como eu explicaria que eu estava na verdade prestes a lutar e usar tal droga em um Democão? Não teria como. Então eu precisava achar um jeito de fazê-lo ficar longe do meu novo grupo.
Com certeza em seu quarto teria algo para usar contra ele.

Me certifiquei que seu carro já estava fora do quarteirão, então corri até o quarto com a porta fodida, que era exatamente a de Billy. A abri com facilidade, já que Neil tinha acabado com a fechadura, havia dado um "trato" no meu irmão – como papai gostava de dizer – a pouco tempo, ele tinha perdido o direito de ter a porta trancada.

Nunca entendi porquê ele batia tanto em Billy, felizmente nunca bateu em mim, mas no meu irmão... Era aterrorizante escutar os gemidos roucos de dor e o som do cinto batendo na pele do loiro egocêntrico. As vezes até consigo entender porque Billy é tão babaca. Você cresce sendo o que te ensinam ser, certo? Infelizmente ele aprendeu a ser babaca.

O quarto eu já conhecia, claro. Cheio de pôsteres de filmes, como Os Caça-Fantasmas e Star Wars, e de bandas que iam de heavy metal pesados de roupas pretas à hippies coloridos de calças coladas. Óbvio que Billy havia me feito prometer – e me ameaçado também – que eu nunca mostraria ou contaria sobre seu quarto a ninguém. A verdade é que ele era um baita nerd, que tirava notas ótimas e se fingia de burro playboy. Nunca entendi porquê ele não podia ser um playboy inteligente, vai entender a mente de um adolescente querendo a atenção dos colegas idiotas da escola.

Meu pai tinha acabado de comprar uma maquina muito nova, nem sabia direito o que fazia, já que ele deu à Billy – pois ele tinha ganhado um título importante no basquete – e o mesmo nunca me deixava mexer. Era um computador, apenas pessoas ricas tinham esse tipo de tecnologia. Ele era como um caixote branco, que possuía uma tela de vidro, que refletia imagens como uma televisão.
Tinha algo que se chamava "teclado", como uma cópia da maquina de escrever, conectado ao outro caixote maior ainda, que ficava debaixo da mesa que apoiava o computador. E sem contar que o "mouse", que tinha um fio extenso grudado, facilitava mexer na maquina. Era uma coisa linda, tecnologia de ponta, os meninos iam amar tocar em um desses.

Neil até tinha me dado uma pequena explicação de como funcionava, então sentei na cadeira, prestes a encontrar algo naquilo que eu pudesse usar.

Incrivelmente Billy havia deixado sem senha. Burro.

Botei a mão no mouse e deslisei, abrindo as ultimas abas que meu meio-irmão tinha entrado. Era um "site" de relacionamentos.

Um site de relacionamento para pessoas ricas, só pode, porque quase ninguém tinha computador. Se bem que é tipo um dos primeiros sites feitos para o computador, todos entrariam no mesmo, então ele deve ser bastante acessado. Mesmo que só pra gente rica.

Não estou acostumada a ter bastante dinheiro, antes de nos mudarmos para Hawkins, nós vivíamos na pobreza. Era difícil até mesmo pagar escola. Mas meu pai encontrou um emprego bom aqui e minha mãe conseguiu metade da fortuna do ex-marido.

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