Well me acordou, chocalhando-me.
— Thiago, você poderia pegar o remédio na minha mochila, por favor – ele disse meio molenga.
— Os frasquinhos com a seringa? – falei bocejando.
— Isso e se puder por cinco ml na seringa, eu agradeço – ele fez uns olhinhos de dó.
— Para que é esse remédio? – perguntei fazendo outro bocejo.
— Hipoglicemia.
Levantei com sono, peguei um dos potinhos, tentei encaixar a agulha da seringa no buraquinho do potinho. Eu tremia loucamente, parecia Parkinson. Rafael se levantou, retirou o potinho e a seringa da minha mão, retirou os cinco ml e entregou a seringa para o Well. Ele pegou a seringa, ergueu a manga da camiseta e injetou de uma vez.
— Obrigado Rafael e porque você está nú? – perguntou Well, realmente Rafael estava pelado, não havia notado o bingulim dele ao lado da minha cara, devido a tremedeira.
— Por nada Well! – ele sorriu – Eu não consigo dormir com roupa! – respondeu – Voltarei a dormir.
Well suspirou, chacoalhou a cabeça. Acredito que era uma tentativa de ser recuperar. Foi até a parede do quarto, meteu as mãos nas tábuas e começou a puxar. Pensei "ficou louco", continuou a puxar loucamente.
— O que você está fazendo Well? – perguntei.
— Você percebeu que várias pessoas morreram, certo? No entanto, ninguém escutou elas pedirem socorro ou gritar? – ele indagou erguendo a sobrancelha esquerda.
— Verdade, não lembro de escutar pedido de socorro!
— Exatamente – disse ele e voltou a arrancar as madeiras da parede revelando outra parede cinza por trás da madeira, Well passou a mão e disse – é macia.
— Espuma acústica? – perguntei.
— Acredito que sim! – Well respondeu – Por isso não escutamos nada, o que torna esse acampamento mais...
— Bizarro – completei.
— Não, torna ele planejado! – Ele me fitou por um momento – Cadê a Andressa? – ele perguntou.
— Ela estava dormindo conosco, não sei para onde ela foi – respondi.
— Alessandra apareceu e levou a Andressa para fazer café com ela – respondeu Rafael – depois apareceu a Larissa – ela apontou para a cama ao lado – machucada.
— Preciso conversar com ela – Well disse.
— Eu tenho uma ideia para sairmos do acampamento Well – falei olhando para ele.
— Sério, como? – Nesse momento até o Rafael inclinou o seu corpo para ouvir a ideia.
— No entanto, dá para salvar apenas cinco pessoas! – avisei.
— Como assim? – perguntou Rafael.
— Quando encontrei a cabana abandonada, havia um Opala vermelho escuro novinho na garagem, talvez de para usa-lo, pelo estado pode ser que ainda tenha combustível – expliquei.
— Você podia ter nos dito isso antes – falou Rafael indignado.
— Mesmo se eu tivesse falado antes Rafael, o que iriamos fazer, sortear cinco pessoas para usar o carro e tentar nos salvar? Do que teria adiantado? – questionei.
— Podíamos selecionar pessoas que saibam como dirigir um automóvel – ele sugeriu.
— Não adiantaria Rafael! – falou Well – Todos nós iriamos brigar e no final alguém roubaria o carro ou poderia até por fogo nele – ele fez uma pausa – Temos uma última esperança.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O SINISTRO (COMPLETO)
Mystery / ThrillerAlunos de ensino médio ganham uma viagem para um acampamento na floresta. O acampamento iria durar sete dias. A floresta é denominada de Sem Luz, pois a quantidade maciça de cipós que preenchem as copas das árvores fazem com que seu interior seja es...