Capítulo 8: Rafael

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Ainda existia uma pequena esperança para sair do acampamento, um Opala vermelho escuro poderia nos salvar. De acordo com Thiago, o carro estava na cabana que ele encontrou o defunto que falava. Eu, Well, Caio, Patrícia, Larissa e o Thiago fomos até essa cabana. Ao chegar lá, não havia carro nenhum, muito menos defunto que falava. Acredito que até o Well ficou com ódio do Thiago nesse momento.

O Opala apareceu quebrando a janela, derrubando a Patrícia, prendendo eu e o Well na parede. Um homem sem cabeça dirigia. Consegui me livrar, tirei Patrícia de debaixo do carro, ela estava desacordada, pedi para o Caio segurá-la. Então vejo um cara de bode pela janela, aponta algo para nós e um aviso de contagem regressiva vem do defunto. Rasgo sua roupa, no abdômen tem uma costura. É uma bomba, grito para os outros saírem do local. Permanecendo apenas eu e o Well.

O intestino é bem escorregadio, por mais que eu pegava a bomba, ela escorregava das minhas mãos. Quando consegui retirar ela de dentro do homem sem cabeça, surgiu o seguinte som "Contagem de 5, 4", não pensei duas vezes e joguei ela pela janela. No entanto, a bomba acertou o porta mala do carro e explodiu, fazendo eu bater com uma tremenda força na parede e vários pedaços do carro me acertarem. Graças a bomba, consegui tirar o Well de onde estava preso. Virei-me para ir em direção a cozinha e escutei uma batida, voltei a olhar para o Well, ele estava esticado no chão.

— Well, levanta, precisamos ir! – grito.

— Não dá – ele responde.

Olho pela janela e o cara de bode está vindo em nossa direção, viro meu rosto para o Well e digo:

— Vamos!!!

— Eu não consigo mexer a merda das minhas pernas! – grita ele e começa chorar – merda, merda, merda!

— Como assim Well? – pergunto.

— Acho que estou paralítico – ele responde chorando – FOGE – ele grita enquanto olha para janela.

— Não irei fugir – pego um pedaço de metal do chão, me posiciono em direção a janela e a cena agora é de oito mascarados vindo para a cabana – Caralho são oito agora!

— FUJA – grita Well.

— Não vou deixar você sozinho – retruco para ele.

— Para ser otário, eu não posso andar! Sobreviva e acabe com eles depois – diz ele sorrindo para mim, enquanto lágrimas inundam seu rosto.

— Quem vai me ajudar em Biologia? – pergunto.

Lágrimas escorrem cada vez mais em seu rosto. Ele as seca, respira, sorri. Well tem o sorriso mais lindo que eu já vi, é brilhante. Com esse sorriso ele me diz:

— Quando precisar, ainda estarei com você amigo! Agora vá!

Meus olhos se enchem de lágrimas, beijo sua testa. Digo adeus a um dos poucos amigos que tive no colégio. Apesar de nós termos ideias divergentes, ele foi um dos meus melhores amigos. Retiro-me da sala, chego à garagem e me deparo com Thiago desmaiado, Larissa andando mancando, Caio arrastando Patrícia. Digo:

— Tem oito mascarados vindo para a cabana!

Caio solta Patrícia na mesma hora, começa a correr deixando-nos para trás. Larissa olha para mim desesperada. Então, começo analisar as minhas opções. Deixa-los para morrer ou morrer junto com eles. Poucos metros a frente da cabana tem uma árvore com raízes enormes. Meu abdômen dói. Pego Patrícia e a coloco escondida nas raízes dessa árvore e o mesmo faço com Thiago, sobre eles despejo folhas velhas em decomposição. Na sequência, pego Larissa no colo, minhas pernas tremem de dor, minha mente quer desmaiar de cansaço. Ao começar a caminhar com Larissa em meus braços, escuto um grito terrível. Estão matando Well. Corro desesperadamente em qualquer direção. Não importo para onde, apenas longe daquela cabana e do amigo que abandonei para morrer.

Em meio ao misto de emoções que percorria meu corpo, misturado com as dores e o peso da Larissa, acabei tropeçando em algo. Larissa voou de meu colo, enquanto eu bati a cara no chão. No entanto, o objeto em que tropecei era estranho, voltei para analisar, era uma corrente. Limpei o local com as mãos, retirando folhas e poeira. Uma porta no chão? Lembrou-me um porão, mas na floresta. Quando Larissa começou a chorar e gritar, lembrei-me dela no chão.

— O que foi Larissa?

— Eu bati meu joelho bom – ela apontou para o joelho, sangue escorria em suas pernas.

— Larissa, eu acho que aqui – apontei para o que parecia a porta – pode ser um esconderijo para nós. Continuei a limpar, a porta era dupla, feita de ferro. Existia uma corrente que entrelaçava as maçanetas, mas nenhum cadeado. Na parte superior tinha um grafado em letras maiúsculas escrito "S.I.N.I.S.T.R.O" e um alfa, aquela letra grega abaixo na palavra.

— O que você encontrou? – perguntou Larissa analisando meu rosto.

— Na porta está escrito "sinistro" e tem o desenho de um alfa – expliquei.

— Você reparou que os homens com máscaras de bode têm chifres em formato de alfa? – indagou ela – Você tem certeza que quer entrar onde provavelmente eles tomam banho de sangue? – continuou.

— Sim – respondi.

— Ficou louco?

— Larissa, se esconder na base inimiga, quem pensaria nisso? Ainda podemos saber o que eles têm em mente, além de ser o lugar mais seguro – tentei esclarecer.

— Não vou entrar aí – ela protestou.

— Então fique aí! – Eu levantei as portas de ferro, quase morrendo – Vem ou não? – perguntei esticando as mãos para ela.

— Vou né!

Peguei Larissa, desci com ela no colo por uma escada que tinha o porão da floresta. Coloquei-a no chão, voltei e fechei as portas.

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Primeiro: Pessoal peço desculpas pelo horário da postagem.

Sobre o Capítulo 9: Andressa acorda!

O SINISTRO (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora