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No dia seguinte, na aula de patinação extra — pois era sábado — eu estava treinando para competição com Konan, meu par, quando a minha treinadora chegou perto da gente com a cara fechada e segurando meu celular tocando.

— Seu celular, senhorita Perdu. Desligue! — Disse me entregando o aparelho.

"Número privado."

Desculpa, Shawn., pensei. Desliguei a chamada e coloquei no modo silencioso logo depois.

— Perdão, mrs. Hopper. Não vai mais acontecer. — Devolvi meu celular à ela e me virei para Konan.

— De onde paramos? — Perguntou meu par.

— Sim. E sobre o final, eu pensei se a gente girasse ali. — Apontei para o centro da quadra. — E eu poderia treinar aquele salto pra finalizar. O que acha?

— É uma ótima ideia, mas acho que não temos tempo para você treinar o salto. Ele é muito complicado. — Respondeu Konan coçando a cabeça. A gente faz o giro e deixa o resto como está.

— Tudo bem, então. Vamos. — Estendi minha mão para continuarmos.

***

Cheguei em casa morta de cansada e também muito suada. Quem pensa que patinar no gelo não sua está muito enganado. O frio da quadra se torna irrelevante de tanto que treinamos. Genny estava lendo A livraria mágica de Paris quando adentrei à sala.

— Cheguei. Ufa! — Disse deixando minha bolsa no cabide perto da porta. — Você não vai mais pro jogo? — Perguntei ao ver Genny com a mesma roupa de mais cedo lendo no sofá.

— Vou. Mas eu vi no site que o jogo não vai ser de seis e meia como eu achava. É de sete e meia. — Disse dando ênfase ao sete. — Dei o seu ingresso para Akinli. Vou finalmente vê-lo depois de tanto tempo sem vir em casa.

— É bom ver o namorado de vez em quando. — Falei. Eles namoravam à distância há um ano e meio. Sim, eles haviam se visto algumas vezes desde então, mas ela estava na cidade desde o dia anterior e não tinha ido visita-lo.

— Vou subir para me arrumar, você me ajuda? — perguntei apontando pra escada com o polegar.

— Sim. Toma banho e me chama. Tô numa parte do livro que ele descobre quem é Sanary.

— Tá bom. Não me conta, tá?! Quero ler depois.

— Prometo. — Disse voltando o seu olhar para o livro.

Subi para tomar banho e vesti o sobretudo combinado. Então lembrei de uma bota que eu tinha mas eu não sabia onde estava. Eu não usava muito bota, estava sempre de tênis. Comecei a procurar no armário de sapatos no quarto de hóspedes e achei uma caixa em cima de uma prateleira bem alta. Peguei a escadinha que tinha lá dentro mesmo, me subi e peguei a caixa. Só poderia estar lá.

Quando eu abri a caixa tomei uma surpresa. A bota não estava lá, mas achei as cartas que minha mãe nos escrevia e o seu relógio de bolso. Ele estava parado. Fechei a caixa imediatamente e coloquei-a em cima da cama de hóspedes. Iria separa-la para jogar fora. Continuei a procurar minha bota e a achei em outra caixa na mesma prateleira em que estava a outra.
Calcei as botas imediatamente, voltei ao meu quarto e passei uma maquiagem muito de leve, para disfarçar as espinhas e deixar a pele menos oleosa. Não coloquei batom nem sombra, apenas um rímel transparente. Coloquei meu celular para carregar na mesa de estudos e percebi que nem havia chamado Genny.

Fui no quarto para pegar a caixa em cima da cama e fui em direção à sala.

— O que é isso? — Perguntou Genny curiosa.

— Nada. Lixo. O carro de lixo já passou hoje? — Disse desconfiada.

— O que é isso, Kai? — Perguntou novamente. — Eu sei quando você mente.

— Achei quando estava procurando estas botas — Mostrei meus pés — no armário de sapatos. Coisas que Milah me deu e papa guardou lá, anos atrás. — Respondi com desdém.

— Não vou deixar você jogar isso fora. Não sem seu pai saber. — Genny então veio em minha direção e tentou tomar a caixa da minha mão, mas eu segurei.

— Não diga nada a papa, Genny. Se você fizer isso... — Falei começando a me irritar.

— Se eu fizer isso o quê? O que vai fazer? — Disse Genny me desafiando. — Kai, você não vai jogar isso fora e ponto. Sei que sua mãe foi uma vacilona, mas se seu pai guardou isso e nunca se desfez é porque não é para jogar isso fora!

— Ah, Genny, tenho certeza que nem se lembra mais disso. Por que guardaria as coisas da mulher que o deixou? A única coisa que guarda de Milah é rancor. Entendeu? Rancor.

— Coloca isso de volta onde você achou. Se quiser jogar isso fora, fale com ele.

Bufei e fiz o que Genevieve me pediu. Depois, fui ao meu quarto e me tranquei lá. Deixei a janela aberta, para caso Shawn chegasse eu ver seu carro chegar.

Me sentei na mesinha de estudos e peguei meu celular.

Kai: Esther?
Kai: O que acha dessa bota?
Kai: (Foto do sapato)

Esther: Nunca vi você com ela. É linda!

Kai: É que não uso muito.
(visualizada)

Deixei meu celular carregar e fiquei esperando por shawn por quase uma hora. Enquanto ele não chegava eu aproveitei para arrumar meu quarto, que havia ficado uma bagunça.

Din Don

Olhei pela janela e vi o Jeep do Shawn. Ele estava parado em frente à porta e eu gritei pela janela.

— Aqui em cima! Estou descendo! — Acenei para Shawn.

Deixei meu celular em casa e desci às escadas correndo. Ao chegar à porta, abri e dei de cara com o rosto mais lindo do mundo olhando para mim.

— Kai! — Sorriu.

— Shawn! — Disse abraçando-o.

De repente Genny apareceu atrás de mim e quase gritou o nome dele.

— Genevieve, Shawn. Shawn, Genevieve. — Apresentei-os. 

— Prazer em conhecê-la! — Shawn abraçou-a simpaticamente.

— Não acredito que eu tô te conhecendo! O prazer é meu! — Respondeu Genevieve ainda incrédula. — Podemos tirar uma foto?

— Olha, podemos, mas era bom em uma parede que não desse pra identificar onde estou.

— Pode ser onde quiser! — Disse conduzindo o mesmo até a parede branca da sala. — Kai, você tira?

Ri e assenti com a cabeça. Peguei o celular e bati a foto.

— Obrigado. Você é muito simpática! — Disse o Shawn à minha amiga. — Vamos, Kai?

— Vamos! — Respondi.

— Até mais, Genevieve. — Acenou despedindo-se. Ela então acenou de volta fechando a porta e nós dois entramos no carro.

— Onde vamos? — Perguntei curiosa.

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If I Can't Have You|| S.M. (cancelada)Onde histórias criam vida. Descubra agora