(not so) cold lake

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Pela manhã, fui à faculdade e como sempre encontrei Esther no corredor principal da entrada, antes das aulas de cada uma começarem a gente ficava conversando lá.

— Bom dia, flor do dia. — Minha amiga estava radiante demais pra uma manhã de quarta-feira.

— Pelo visto seu encontro com o mr. Croissant foi ótimo, pra você estar tão animada a essa hora. — Comentei ainda com cara de sono.
— Por falar nisso, você já tá praticamente namorando com ele e ainda não sabe o nome. Tá na hora de tomar vergonha já né?

— Na verdade... — Fez menção de falar mais alguma coisa, mas desistiu e mudou de assunto. — E você, não me contou como foi ensinar o Shawn a patinar.

Dessa vez era eu que não queria falar sobre o assunto.

— Na verdade o quê, E? — Ignorei sua observação.

— Na verdade eu sei o nome dele desde o primeiro encontro.

— Ah... — Ela estava me escondendo algo, eu tinha certeza disso. — Você tá me escondendo alguma coisa, não tá?

— Não! — Falou como quem diz que não gosta de alguém mas quando perguntam, mas na verdade é apaixonado pela pessoa.

— Não mente pra mim, Esther McPhall.

— É que o cara que eu tô saindo é o Eric Daniels, sobrinho da Milah.

— O quê?! — Franzi a testa. — Esther, se eu fosse você eu tomaria cuidado, porque as últimas notícias que tive dele não eram muito agradáveis.

— Tá vendo porque eu não te conto? Você odeia ele simplesmente por ele ter parentesco com Milah. E sabe de uma coisa? A história que ele traiu a ex-namorada era mentira. E sabe por que você não ficou sabendo? Porque você não se importa nenhum pouco com eles, mesmo eles sendo sua família e não tendo nada a ver com tudo que você passou. — Seu tom de voz saiu meio ríspido conforme dizia tais palavras.

Eu já ia abrir a boca para retrucar, mas ela continuou:

— Você julga uma pessoa só por ela ser geneticamente ligada a Milah, acha que são todos iguais à ela e capazes das mesmas coisas. Mas seguido esse seu raciocínio a pior pessoa seria você, que tem 50% do DNA dela.

— Eu acho melhor a gente ir pra aula. — Falei me afastando depois de ouvir minha amiga jogar na minha cara que sou igual a pior pessoa que já conheci.

Naquele dia não nos falamos mais, mesmo nos vendo mais vezes em outros horários. Mais tarde, compareci ao treino de patinação e Konan e eu participamos do treino coletivo, para só depois, quando todos tivessem ido embora, podermos treinar nossa coreografia.

Tive vontade de começar dizendo tudo que sentia naquele momento em que a quadra se esvaziou, mas o tempo que tínhamos para ensaiar tudo era muito pouco e não podia ser desperdiçado. Então o ensaio correu normalmente, com ambos fingindo que não queriam desesperadamente conversar.
Conseguimos passar todos os passos da dança, e ainda sobrou tempo para patinarmos um pouco mais. Obviamente, usamos esse tempo pra dançar a coreografia continuamente, e os passos iam se ligando um ao outro perfeitamente, assim como nós dois ficávamos mais conectados a cada giro. A finalização da dança era uma pose em que ficávamos prestes a nos beijar, um final um tanto típico de coreografias em dupla no gelo, mas acabou que nós estávamos tão ligados naquele momento e Konan apenas me puxou para mais perto e me beijou. O beijo foi mais intenso que da primeira vez, era repleto de desejo, rápido e voraz. Paramos quase sem fôlego, não só pelo beijo, mas pela conexão entre a gente que parecia explodir. Meu coração estava acelerado, e por mais que eu dissesse que escolheria o Shawn mil vezes, Konan era irresistível, eu não conseguia fugir do seu beijo, apenas me entregava.

If I Can't Have You|| S.M. (cancelada)Onde histórias criam vida. Descubra agora