Capítulo 3

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Como não consegui dormir muito a noite, levantei cedo, tomei um banho demorado, depois que sai do banho, peguei um vestido preto básico e rodado, com um sutiã vermelho e uma calcinha de vovó amarela com desenhos de bananas, nada a ver eu sei, mas ninguém vai ver o que estou vestindo por baixo mesmo, e além disso é bastante confortável, escolhi uma sapatilha azul escura simples para combinar com o vestido, e estava pronta.

Estava precisando renovar meu guarda roupa, já que as minhas roupas estavam desgastadas demais, não poderia ir fazer uma entrevista de emprego parecendo uma mendiga. Fiz um coque no meu cabelo para dar um ar mais séria, e pra parecer um pouco mais velha.

Me assustei com a minha aparência, estava pálida e com olheiras escuras em baixo dos olhos, passei um pouco de maquiagem pra tentar esconder um pouco, não gosto muito de rebocar meu rosto, prefiro ser natural, mas hoje tive que abrir uma exceção.
Fiz um pouco de café bem amargo, e um sanduíche, mas não estava com fome, me obriguei a comer um pouco.

Decidi não me deixar abater pela tristeza, dona Clara não iria gostar de me ver assim tão abatida, e depressiva.

— Deus me ajude... Preciso muito desse emprego.

Saio cedo de casa pra não chegar atrasada na entrevista, vou de metrô porque preciso economizar, o resto de dinheiro que me sobra.

Quando chego no meu destino meu queixo cai, é um prédio enorme todo de vidro, de uma cor acinzentada e branca, e um logotipo preto enorme, escrito, "Empresas Clark".

— Uau! Eu não me importaria bem um pouquinho de trabalhar aqui. – Digo boquiaberta.

Mas me lembro que a vaga de emprego não é tão glamorosa assim, é para babá.

Adentro o prédio, e vou até uma recepcionista para me indicar o andar da minha entrevista. Ela está com os cabelos preso em um coque e com um terninho preto que combina perfeitamente com sua pele clara.

— Bom dia! O que a senhorita deseja? – Ela pergunta sorridente.

— Bom dia! Poderia me dizer o andar do Senhor Matheus Clark? Vim para uma entrevista de emprego. – Retribuo o sorriso.

— É no último andar moça. – Ela diz.

— Obrigada! – Agradeço.

Ela acena com a cabeça e saio de encontro ao elevador, estou andando com a cabeça baixa e acabo trombando em uma parede de músculos, quase caio de bunda no chão, mas ele é mais rápido e me segura.

Quando levanto meu olhar, me deparo com o homem mais lindo que já vi. Minha nossa que homem é esse? Parece que saiu dos filmes de Hollywood, dos catálogos de revistas.

Fico sem fala. Ele tem os olhos azuis, deve ter uns 1,90m de altura, cabelos negros, nem um fio estava fora do lugar, que vontade que me deu de bagunçar aquele cabelo perfeito, que inveja, fico a vida toda pra arrumar meu cabelo rebelde e não adianta muita coisa não.

Ele estava com um terno Azul escuro, uma camisa branca por baixo, e uma gravata da mesma cor do terno, provavelmente aquele terno era Armani, ele exalava riqueza, só aquele terno daria pra comprar uma casa pra mim, com certeza.

Fechei os olhos por um segundo e inalei seu perfume, era tão bom.

— Olhe por onde anda! Está cega garota? – Ele pergunta rudemente.

Ele me olha com arrogância e me dá vontade louca de socar a cara daquele ogro... Lindo, só que ogro!

Já estava escolhendo onde seria nosso casamento, e o nome dos nossos filhos, que decepção!

— Oh me desculpe vossa majestade.

Faço uma reverência debochada, ele me dá um olhar assassino, vira as costas e entra no elevador, fico olhando até a porta se fechar.

Eu poderia ter provocado e entrado no elevador junto com ele, seria hilário ver a cara daquele troglodita arrogante, ele iria me fulminar só com o olhar, mas decidi me acalmar um pouco, minhas pernas estão meia bambas.

— Foco Alice, você consegue! – Digo a mim mesma.

Entro no próximo elevador e aperto o botão para o último andar, arrumo meu cabelo que está um desastre, e passo as mãos no meu vestido pra tirar um pouco do amarrotado. Algum tempo depois a porta se abre e saio do elevador.

Tem uma moça morena sentada atrás de uma mesa, mexendo em um computador, pelo jeito só mulheres bonitas que trabalham aqui. Ela também está vestida com um terninho preto e o cabelo preso com um coque.

Ela levanta o olhar pra mim e sorri, um sorriso tão sincero, que fico triste ao me lembrar que não tenho amizade alguma, não sou muito boa com pessoas, sempre foi eu e minha mãe.

Retribuo o sorriso.

— Olá. Você deve ser Alice, certo?
— Sim, sou eu mesma!

— Eu sou Katherine, muito prazer Alice.

— O prazer é todo meu. – Sorrio abertamente.

Ela me aponta umas cadeiras pretas de almofadas no canto da sala, e eu agradeço.

— Por favor sente-se, vou ver se o Senhor Clark já irá te receber. – Ela se levanta de vai em direção a uma porta.

— Ok. – Aceno com a cabeça.

Passo meus olhos pelo lugar, e UAU, esse homem deve ser muito rico!

A sala é toda de vidro, só que não consigo enxergar o outro lado, mas provavelmente ele deve estar me vendo agora, começo a ficar nervosa, as mãos suando, enquanto espero Katherine voltar.

Começo a analisar o ambiente, o piso é todo trabalhado no mármore com detalhes em preto e branco, tem algumas flores que desconheço em alguns vasos, e próximo a mim tem uma mesinha com revistas de moda.
A Porta se abre e Katherine sai da sala, me impedindo de observar o restante do ambiente.

— Pode entrar Alice, o Senhor Clark já irá te receber, boa sorte!

Agradeço e entro na sala. Ela fecha a porta atrás de mim, mas como não poderia ser diferente, e se não tivesse algum acidente ou algum desastre não seria eu, acabo tropicando e caindo de cara no chão mais uma vez.

Quando levanto meu olhar, percebo que estou muito, muito ferrada...

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