Capítulo 5

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Estou sentada em um banco em baixo de uma árvore, já não sei a quanto tempo olhando para o nada, depois que saí de mais uma entrevista de emprego frustrada, comecei a andar sem destino, acabei debaixo dessa árvore pensando o que vou fazer agora.

Minha cabeça começou a doer, e minha barriga começa a roncar de fome, não posso nem pensar em comprar algo para comer.

— É melhor eu ir pra casa. — Murmuro para mim mesma.

Olho que horas são no celular, e me obrigo a levantar para ir para casa, o sol está quente, mas tem umas nuvens escuras formando no céu, com certeza vai chover mais tarde.

Começo a andar nas ruas movimentadas, e acabo trombando em alguém. Quando levanto meu olhar para me desculpar, percebo que é a secretária do Senhor Clark.
Ela sorri para mim eu retribuo o sorriso com gentileza.

— Katherine né?

— Isso mesmo. — Sorri.

— E você Alice. Certo?

— Sim, me desculpe pela trombada, minha mente estava em outro lugar.

— Não precisa se desculpar. — Ela sorri meigamente.

Vou me despedir dela para ir embora, mas ela fala comigo primeiro.

— Nem te vi saindo do escritório.

— Sua mesa estava vazia quando fui embora.

— O chefe tinha pedido para eu ir buscar seu café. — Kathe revira os olhos.

Fico surpresa por ela dizer "pedido" e não "ordenado". Ela percebe que fiquei surpresa e logo fala.

— Ele não é sempre tão rabugento como parece.

— Fico surpresa com isso.

Ela sorri e coloca uma mexa do cabelo que está solto atrás da orelha.

— Percebi que vocês dois não se deram muito bem.

— Posso dizer com toda certeza, que ele não foi com minha cara. E nem eu com a dele.

Dou uma gargalhada da sua cara de surpresa, e por um segundo esqueci a bagunça que está minha vida. Aos poucos o sorriso morre no meu rosto.

— Estou indo almoçar Alice, gostaria de ir comigo?

— Agradeço o convite Kathe, posso te chamar assim né?

— Claro que pode.
Sorri para mim, concordando com o apelido.

— Bom... Agradeço o convite, mas não posso me dar ao luxo de gastar o resto de dinheiro que me sobra.

Sorrio triste, porque não me lembro qual foi a última vez em que saí para comer em algum restaurante. Ela me olha com pena, e aquilo me deixa desconfortável, ela percebe e logo muda de assunto.

— Eu te chamaria para ir por minha conta, mas acho que você é daquelas pessoas orgulhosas, estou certa? —Me dá um olhar apreensivo.

Dou uma gargalhada escandalosa, que as pessoas em volta olham para nós.

— Sou orgulhosa sim, mas não relacionado a comida, se você quiser fazer essa obra de caridade comigo, eu aceito.

Continuo sorrindo como uma boba não pela boia que vou ganhar de graça "Por isso também é óbvio”, mas sim porque percebo que eu e Kathe podemos ser amigas.

Ela pega meu braço e começamos a andar lado a lado, logo entramos em um restaurante pequeno mas aconchegante.

Uma moça vem nos atender e nos dá boas vindas, nos leva em uma mesa no canto do restaurante com vista para a rua.

Tem uma flor sobre a mesa em um pequeno vaso branco, ela tem um cheiro que não consigo descrever, mas é bom.

A garçonete nós entrega o cardápio e espera pelo nosso pedido, passo meus olhos pelo papel bem elaborado, com fotos e preço dos alimentos, decido não abusar da bondade da Kathe e escolho um prato tradicional, que é arroz, bife e salada.

— Já decidiu Alice?

— Sim... Vou querer o prato tradicional. 

— Vou querer o mesmo. E suco de maracujá para acompanhar.

A moça anota nossos pedidos, e leva o cardápio consigo. Enquanto nós esperamos a comida, Kathe fala um pouco da sua vida, seu trabalho, a faculdade de Administração de empresas que está fazendo e logo irá terminar, e que precisa arrumar um lugar pra morar, já que sua colega de apartamento vai morar com o namorado.

Nossa comida chega e minha barriga ronca um pouco alto demais, começamos a rir mais uma vez. Já estou acostumada a passar vergonha em público por causa dos meus desastres.

Começamos a comer e me vêm a ideia da Kathe morar comigo. Meu apartamento é pequeno, mais tem 2 quartos, o meu e o que minha mãe ocupava, está certo que eu conheci ela hoje, ela pode ser uma lunática psicopata, que é bem improvável.

— Por que você não mora comigo Kathe? Meu apartamento é pequeno mas é confortável.

— Sério? Não iria te atrapalhar? — Ela pergunta surpresa.

— De jeito nenhum. — Falo.

— Posso te pagar aluguel enquanto estou na sua casa, não será um valor excepcional, mas iria te ajudar até você encontrar um emprego.

— Estou sugerindo que você venha morar comigo, mas não pra tirar seu dinheiro, e você não atrapalharia em nada. Não gosto de ficar só, seria bom ter companhia que não seja a minha mesma. — Suspiro alto.

— Não quero abusar da sua bondade Ali. Só concordo em me mudar se você deixar eu te ajudar com um pouquinho que seja.

Me olha com desafio, e eu reviro os olhos.
— Mas...

— Nada de “mas” Alice. Essa é a única condição. — Ela cruza os braços.

Acabo concordando com seus termos, acho que encontrei uma pessoa tão cabeça dura quanto eu. 

— Tá bom, Tá bom. — Levanto as mãos em sinal de rendição.

— Quando eu posso me mudar? — Me pergunta com animação na voz.

— Quando você quiser. — Falo animada.

— Me passa o número do seu telefone e pegue o meu também, para decidir— mos o melhor dia. Tenho algumas coisas para resolver ainda antes da mudança.

Ela olha o relógio no braço esquerdo.

— Tenho que ir Ali, meu horário de almoço já acabou. — Diz e acena para chamar a garçonete.

Kathe paga a conta e se levanta em seguida.

— Eu te ligo para resolvermos certinho o dia da mudança.

— Vou esperar. E... Obrigada pelo almoço. — Agradeço corando um pouco.

— De nada, foi um prazer. — Sorri e me abraça.

Nos despedimos e antes que ela chegue na porta do restaurante fala...

— Espero que você não seja uma psicopata louca, e queira me esquartejar no seu apartamento.

Dou um sorriso zombeteiro e digo:
— Você nunca irá saber...

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