Capítulo 6

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Despois que cheguei em casa, começou a chover forte.

— Ainda bem que cheguei a tempo.
Suspiro desanimada, porque tenho que guardar os pertences de minha mãe, para desocupar o quarto para Kathe. Estava adiando esse dia faz tempo.

Abro as cortinas da janela e olho para fora, o mundo está se acabando em água lá fora, relâmpagos corta no céu, e acabo me assustando com um trovão.

Vou para o quarto da minha mãe e abro a porta bem devagar, no fundo acredito que ela está lá dentro e ira me receber com um sorriso, como ela sempre fazia, mas não é isso que acontece.

Aperto o interruptor ao lado da porta para ascender a luz.

O quarto está silencioso, e sem vida.
A cama está como ela sempre arrumava, lençóis floridos era os seus prediletos. Tem um criado mudo ao lado da cama, com os seus pertences e uma foto dela e de meu pai quando eu era criança, e outra de nos duas na minha formatura do ensino médio.
Ando até a janela do quarto abro as cortinas para entrar mais um pouco de luz.

Me sento em uma poltrona preta, no canto do quarto perto da janela e fico observando. É incrível mesmo depois de 3 meses de sua morte, o cheiro do seu perfume ainda está lá, tão suave e doce.

Meu coração se aperta e lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto. Corro para sua cama e me jogo nela, e começo a soluçar pelas lágrimas a muito tempo contidas.

— Por quê me deixou mamãe? Por quê?

Fico ali chorando não sei por quanto tempo, quando olho para fora pela janela já está de noite, e a chuva cessou.

Meus olhos estão inchados e vermelhos, minha cabeça dói, então passo as mãos pelo rosto e suspiro.
Meu celular toca, olho para tela e vejo que é Kathe.

— Oi Kathe.

Minha voz está diferente pelo choro.

— O que houve Alice? Esteve chorando? — Ela pergunta preocupada.

— Eu estou bem. Só um pouco cansada. — Minto.

— Não minta para mim Ali, sua voz não engana. — Ela fala.

Me conhece a tão pouco tempo e já sabe quando estou mentindo.

— É só que... Estou no quarto de minha mãe, vinha adiando esse dia, mas tenho que retirar os pertences dela para você ocupar o quarto.

— Você não me disse o que aconteceu com ela.

— Ela faleceu já tem 3 meses, estava com leucemia, quando descobriu já era tarde demais.

Meus olhos se enchem de lágrimas novamente. Me sinto tão vulnerável sem tê-la ao meu lado.

— Eu sinto muito Ali. Eu também perdi minha mãe, já tem 5 anos, e nunca esqueci sua morte e nunca vou esquecer. Mas posso te dizer que a dor melhora com o tempo. Ela não iria querer te ver assim Alice, é difícil e doloroso, mas você tem que seguir em frente. Tenho certeza que ela se orgulhava da mulher corajosa e forte que você é. — Kathe tenta me consolar.

— Mas dói tanto! — Coloco a mão sobre o peito.

— Eu sei, eu sei. —Ela suspira e continua... — Você é uma mulher forte e irá superar sua perda com o tempo, mas não desista de viver a vida que ela queria para você, ela sempre estará no seu coração.

— Obrigada Kathe... Por tudo.

— Não precisa agradecer, amigas servem para ajudar umas as outras. E agora somos amigas né?
Sorrio com sua pergunta e respondo...

— Claro que somos, te conheci hoje, mas sei que seremos grandes amigas.

— Já que mudamos de assunto, te liguei para avisar que vou poder me mudar final de semana, se tiver tudo certo para você.

— Está sim, vou estar te esperando.
Conversamos mas um pouco e nos despedimos. Por fim olho para o guarda roupa de dona Clara, abro as portas e começo a guardar tudo em caixas. Decidi doar as roupas para pessoas necessitadas, ela iria querer isso.

E vou seguir o conselho da Kathe, por mais doloroso que seja, preciso seguir em frente e arrumar a bagunça que está minha vida. Então decido ir no dia seguinte, atrás de uma nova oportunidade de emprego, e estou me sentindo que minha sorte irá mudar.

— Confiança Alice!

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