Capítulo 1 - O Mar

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Quando crianças vamos a diversos locais milhares de vezes, mas somente no dia em que somos capazes de memorizar cada detalhe do passeio é que consideramos como a nossa primeira vez no local.

Ela estava com o seu vestido favorito, seu biquíni favorito, seu chinelo favorito, seu chapéu favorito, sua bolsa favorita que tinha seu biscoito favorito, seu doce favorito e seus óculos escuro favorito. Indo imaginem aonde? No seu local favorito. Quer dizer, todos da sua família diziam ser seu local favorito, mas ela não lembrava de nada em relação ao local, então foi como se fosse a primeira vez.

Na praia observava tudo atentamente. Percebeu que estava cheio e logo ouviu as recomendações da sua mãe de não se afastar, pois era perigoso se perder ali. Um vento passou por ela e quase levantou o seu vestido, segurou e ficou vermelha de vergonha, lembrou das instruções da sua irmã ao usar um vestido. A mãe notou o embaraço da filha, riu da situação, mas falou para não se preocupar com isso.

Começou a andar lentamente na areia da praia, seguindo sua família e observou a diversidade de pessoas que estavam lá. Passou por um grupo de amigos comendo sanduíches, um grupo de amigas tirando fotos, uma família comendo farofa, um senhor lendo um livro, crianças brincando com a areia, uma mulher lendo o jornal, um homem gritando com alguém no telefone, um homem vendendo biquíni e TUM!

Esbarrou no seu pai e caiu na areia, não percebeu que eles não andavam mais. Seu pai brigou com ela por essa falta de atenção, sua mãe disse ser um exagero brigar por pouca coisa, mas já era tarde. Ficou triste, começou a rolar uma lágrima nos olhos e quis a todo custo ir embora da praia. Pensou e não aceitou ali como o seu lugar favorito. Sua irmã a pegou no colo e falou que iria mudar de ideia ao olhar o mar. Foi dito e feito.

O mar estava com o azul mais lindo já visto, não se lembrava de ver tanta beleza em tantos tons diferentes de azul. Olhava as ondas quebrando e deixando uma espuma branca, como a neve dos seus desenhos animados da TV, sobre as águas. O som das ondas era o som mais belo que já ouviu na sua vida. Pediu para descer do colo, precisava sentir a areia da praia e a temperatura da água com os seus pés.

Sorrindo e com a emoção a flor da pele, viu as ondas indo e voltando de encontro aos seus pés . A temperatura da água estava bem agradável, mas não quis se aventurar no mar, ainda não conhecia ele o suficiente para poder sair entrando assim. Sua mãe ensinou que só poderia entrar na casa das pessoas quando fosse convidada e ela estranhamente não se sentia convidada. A irmã chamou-lhe para entrarem na água, recusou e preferiu ficar sentada na beira da praia para saber se estava ou não no seu lugar favorito.

Sentada levantou o rosto para o céu, está com um azul impecável, foi olhando até o fim do horizonte e encantou - se, pois, contemplou o céu e o mar em uma linda harmonia. Não era possível ver aonde eles acabam, pareceu serem infinitos na sua grandiosidade. Desejou ser o mar, porque ele era livre para ir em todos os locais e em todas as direções possíveis e impossíveis. Perdeu-se no tempo observando o mar e constatou algo que todos sempre souberam. Estava no seu local favorito e sentiu uma alegria inexplicável por ter admitido isso.

Emoções : O ConcursoOnde histórias criam vida. Descubra agora