Capítulo 11 - Maquiagens

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Desde muito cedo ela aprendeu a usar maquiagens com a sua irmã que era bem informada sobre isso e o sonho da irmã era ser a melhor maquiadora profissional. Os pais apoiavam a mais velha e também apoiariam ela no momento certo.

Estava tudo muito bom naquele dia desde o café da manhã com sua família. Na escola tudo estava fluindo perfeitamente até a garota que ela menos gostava resolveu implicar com ela no banheiro durante o recreio.

− Que batom bonito. Quero passar também! – A garota falou

−Só comprar um. Tem vários nas lojas e esse batom é da minha irmã, nem que fosse meu eu te emprestava. – Respondeu irritada

−Como você é grossa, não falei nada demais. – Se fez de desentendida

−Você não é minha amiga, nunca fala comigo se não for para implicar. Agora quer ser tratada como se fossemos? – Olhou para ela com testa franzida.

−Isso é um mero detalhe. Se eu fosse sua irmã jamais deixaria as minhas coisas com você. – Disse de forma ríspida

−Graças a Deus que você não é! Minha irmã me ama e além de sermos muito amigas, sempre me inclui em todas atividades e vou sempre juntas com o seu grupo a todos os lugares. – Retrucou com um sorriso no rosto

−Duvido! Ela só tem pena de você em qualquer momento vai deixar de te levar aonde for, porque vai ser muito pequena para assuntos de adultos. – Continuou provocando

− Você não vai me envenenar contra ela! Isso nunca vai acontecer amizade assim é para sempre. – Saiu do banheiro sem olhar para trás.

A semente da discórdia foi lançada e uma enorme coincidência aconteceu.

Chegando da escola correu para guardar as coisas da irmã, sabia o quanto era ciumenta com suas maquiagens, mas nunca ligou de emprestar desde que tomasse cuidado. Ao se aproximar do quarto, ouviu ela falando com as meninas.

− Está tudo certo para daqui a pouco. Acabei de confirmar que eles vão. – Uma das meninas falava animada

−Sério? Não acredito! Estou tão feliz!! – Sua irmã falou.

Ficou interessada em saber aonde elas iriam, mas nem precisava saber. Era certo ir também como sempre foi. Entrou no quarto falando:

−Aonde vamos?

−Nós daqui a pouco iremos ao shopping. Você vai ficar em casa. – A menina loira fala

− Mana isso é verdade? – Pergunta já com voz de choro.

−Maninha, só vou combinar com as meninas e te explicarei. Poderia ir para o seu quarto e me esperar lá? − Disse sorrindo

− Sim! Só vim aqui para guardar seu batom. Já vou indo.

Nunca duvidou da irmã. Não seria agora, entretanto a curiosidade falou mais alto e ao sair do quarto colocou o ouvido na porta para ouvir a conversa.

−Não tente arrumar alguma desculpa para levar essa criança. Sem condições alguma. Ela vai arruinar nosso esquema. Você sabe disso. – Ela reconhecia a voz da menina morena

−Preciso concordar. Sua irmã vai só atrasar a nossa vida. Você sempre cisma de querer levá-la a todos os lugares. Antigamente nem ligava, mas não tem como hoje. – Outra menina fala, mas nem faz ideia de quem seja.

Estava totalmente confiante que sua irmã a defenderia e explicaria da importância de ela ir junto e estava tudo certo, porém o que ouviu a deixou desolada.

−Eu sei meninas, estou dando um tempo aqui e pensando na melhor desculpa para minha caçula entender que não pode ir conosco. – Respirou fundo e correu para o quarto

Ao entrar jogou-se na cama e tentava segurar o choro, mas em alguns momentos uma lágrima escorria pelo rosto. Não conseguia acreditar que foi traída dessa forma, sempre acreditou que eram amigas, mas se enganou. O que a mais irritava era reconhecer que a garota mais chata da escola estava certa. Ela só saia com elas por pena.

Alguns minutos depois sua irmã bate na porta, mas está trancada.

−Mana abre a porta! Quero falar com você! – Gostaria de fingir que não ouviu, mas sabia que não daria certo

Secou mais uma lágrima e juntou toda força do mundo para pela primeira vez mentir para sua melhor amiga, ou ex melhor amiga. Ainda não tinha decidido.

−Não quero mais sair de casa hoje, lembrei que tenho dever parar fazer.

−Tudo bem então. Se tiver alguma dúvida eu posso te ajudar amanhã. Pode ser? – Ficou aliviada com isso.

−Pode! Bom passeio! – Respondeu segurando mais o choro.

−Obrigada! Te amo!

Ao perceber que ela se foi. Deixou toda dor que estava sentindo ir para fora em forma de choro, mas essa dor foi se transformando em raiva. Não era raiva, tinha certeza que não era. Era algo muito maior. Tão maior que teve a ideia de causar a mesma dor na sua irmã. Ficou pensando o que faria para ela sentir o mesmo. Algum tempo depois estava no quarto da irmã.

Eram bem diferentes nos gostos. Todo ele pintado em rosa bebê e com todos os móveis brancos. Algumas fotos da família exposto no quadro de metal todo rosa, o computador no canto. Tudo digno de uma princesa. O que fazer parar essa dor passar? Teve a brilhante ideia de acabar com a maleta de maquiagem da irmã. Não tinha dúvidas que iria sentir a mesma dor e a acreditava que a dela iria acabar junto.

Começou a destruição, quebrou todos os batons, retirou todas as sombras e jogou no chão para espatifar. Gastou todas as bases sujando todo o armário, sujou todos os pincéis, estragou todos os rímeis e mascaras. Finalizou com chave de ouro despedaçando todos os blushes e pós compactos.

Só não contava com a chegada da irmã no momento em que o ultimo pó ia para o chão. O sorriso que a irmã tinha morreu em questão de segundos e ficou espantada com a cena a sua frente. Não conseguia nem gritar ou falar algo por poucos minutos. Quando a ficha caiu.

− Por que você fez isso com a minha maquiagem? Você sabe como eu amo as minhas coisas. – falou chorando – Mãe! Mãe! Tira essa garota do meu quarto agora se não, nem respondo por mim. – Estava gritando com todas as suas forças

− Exatamente por isso. Você só ama a sua maquiagem e as suas amigas. Nunca me amou. – Disse também em prantos

A mãe ao observar a cena caótica no quarto, se deu conta do ocorrido e só a puxou para fora do quarto, mas ainda ouviu a irmã falando como a odiava por ter feito isso. Naquele momento ela soube exatamente o que estava sentindo. Chegou a conclusão que odiava sua irmã, as suas amigas, a garota do colégio e nesse exato momento até ela mesma, pois a dor só aumentou.

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