Capítulo 3 - Paçoca

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Doce é algo que noventa e nove por cento da população mundial ama (breve exagero). Lembram de como você ficou ao experimentar vários tipos de comidas? E experimentar algo doce e salgado, mas ao mesmo tempo delicioso?

Festa de São João, era uma festa amada por todos da sua família, menos ela. Os motivos são variados, mas o principal é não gostar de festas. Não julguem, mas existe um motivo para isso. Talvez alguém decida contar e explicar em detalhes. Estou aqui por outra história.

Sua mãe lhe ofereceu diversos tipos de comida: milho verde cozido, milho assado na brasa, pamonha, batata doce assada, tapioca, caldo de feijão, mandioca, canjica, cocada, bolo de fubá, quindim, queijadinha e até maçã do amor. Comeu todas,  todavia ela não se interessou por nenhuma em especial.

Estava indo embora, mas sua irmã viciada em doces para novamente em uma outra barraca de doces, por ser a primeira barraca da sua altura, resolve observar todos os doces. Avisa a mãe da sua vontade de comprar um também. Olha para a cocada, porém acha muito sem graça e sem cor, apesar de ter gostado do sabor. A canjica apesar de saborosa com certeza estaria quente e como quase queimou a língua, não queria tentar de novo. Viu o doce de abóbora, entretanto para ela é doce ou salgado os dois juntos não têm como.

Ficou curiosa por um doce bem escuro. Perguntou para a sua mãe qual doce era. Sua mãe respondeu ser o quebra queixo. Não conseguiu entender o sentido daquele nome, pensou, pensou e pensou. Preferiu deixar para lá, só não queria ter seu queixo quebrado por um doce. Observando o cuscuz teve nojo, pois lembrava o arroz grudado da sua irmã. O quindim só sentiu o sabor do ovo. Sua irmã falou que foi azar, pois tem um sabor fantástico, quando bem feito. Maçã do amor, nem pensar, ficou toda melada e sujou uma outra blusa sua favorita, apesar de ter amado comer a maçã com cobertura.

Quase desistindo de comprar, se depara com várias rolhas, no entanto não eram rolhas de verdade. Olhou o formato, a cor e gostou só de ver. Fez o maior escândalo ao decidir levar aquele doce, até assustou a dona da barraca. Não fazia ideia do nome, mas queria experimentar. Pegou uma com a mão, só não sabia da necessidade de ser delicada. A paçoca se esfarelou na sua mão. Pronto! Estava decretada a chuva de lágrimas. Chorou como se tivesse levado uma surra do pai. Sua mãe secando suas lágrimas explica que ainda é possível comer a paçoca mesmo toda esfarelada. Ela não entende. A irmã salvadora está chegando com mais algumas, amassa na mão, come e sorri. Instantaneamente repete o feito pela irmã.

É macia, é gostosa, é doce, é salgada e ainda derrete na boca. Queria gritar, pular, rodar e até chorar de tão deliciosa que era a paçoca. Não conseguiu definir a emoção do momento, mas se sentia maravilhosa. Era um bem-estar, uma alegria, uma felicidade, um entusiasmo. Algo sublime e nem sabia como nomear tudo isso. Só queria comer mais paçocas. Sua irmã percebendo toda aquela euforia, fala sobre ela não gostar de doce e salgado juntos, pois a receita é uma junção dos dois.

Ignorou isso, continuou se deliciando e acabou comendo todas compradas na barraca. Pediu para voltar e comprar mais. Seu pai brigou com ela, lembrando de ter sido a culpada de estarem voltando cedo da festa para casa. Desta vez as palavras dele não fizeram o efeito desejado. Não ficou triste ao ouvir isso, porque estava eufórica demais para ser afetada pelo mau humor dele.


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