Família Gonçalves Gomes

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Família Gonçalves Gomes

João Paulo sabia que nada iria mudar em sua vida. Era o fracassado da sua família, mas era o que mais sabia das coisas, e por esse motivo não compactuava com nada que ela fazia. Não fazia seu estilo roubar a merenda escolar, muito menos desviar os remédios do hospital, ou mesmo desviar os recursos e verbas dos hospitais para sua conta como sua família sempre fez. Por isso se afastou logo cedo de casa, seu primeiro "acampamento masculino", mostrou como seria sua vida toda, corrupção e mais desgraças, chorou uma semana e fugiu de casa, nunca mais deu notícias. Hoje quase dez anos passado, adorava sua oficina de carros num bairro pobre na periferia da capital do país.

Ainda estava deitado quando sentiu o celular vibrando, olhou o identificador de chamadas, era sua prima Joana. A renegada policial da família, não sabia se era da civil ou federal, fazia anos que não falava com ela.

- Bom dia Joana! Que surpresa é essa?! Qual é a boa notícia? – Falou assim que atendeu o celular.

- JP, bom dia! Você tem notícias de sua família, de seus irmãos? – Ela falou logo de imediato.

- Não. Deve ter uns dez anos que a gente não se fala. Por quê? Finalmente a polícia vai investigar a origem da fortuna que eles fizeram? – Ele perguntou.

- Não é bem isso. É que está acontecendo uns fatos estranho com nossa família. Dá um jeito de falar com sua mãe e vê se está tudo bem com ela. Lembra-se do Gabriel? Todos da família dele morreram na noite passada. – Quando ela falou um desespero tomou conta de JP, fazia muito tempo que não falava com sua mãe, mas sabia que ela o amava e não entendia porque ele saíra de casa tão novo.

- Pera. Vou ligar para ela e já te retorno.

Assim que desligou, digitou o número de casa. Ele nunca tinha esquecido aquele número, quantas vezes ele tinha digitado, mas nunca completou a ligação, mesmo quando ele tinha passado fome, e morado na rua. Nunca tinha voltado a ligar ou falar com qualquer um deles. Sentira muitas saudades de sua mãe, mas não podia compactuar das falcatruas de sua família.

Telefone tocou até cair na caixa de mensagens. Ligou mais três vezes e nada. Uma sensação de pânico tomou conta dele. Lembrou de um número que fizera questão de tentar esquecer. Ligou para seu pai, e ocorreu a mesma coisa caiu na caixa postal. Assim que desligou respirou fundo, limpou o suor que escorria na testa. E tornou a ligar para Joana.

- Joana, não consigo falar com meus pais, liguei para a mãe, depois para o pai, ninguém atende. Caiu na caixa postal. O que eu faço prima? – Com voz de choro já, ele falou baixinho.

- Não faz nada. Esconde-se, eu te acho nesse número. Gabriel está vindo para minha casa, assim que ele chegar eu vou descobrir que está acontecendo. – Falou ela, e então respondeu:

- Não vou me esconder. Vou para sua casa também, me passa a localização quero chegar ai ainda hoje, vou rápido. E te ajudo a procurar, sou mecânico, mas nas horas vagas eu sei mexer no computador muito bem, às vezes bem até demais.

- Então venha, estou passando a localização. – Ela desligou assim que passou endereço.

Ele fez rapidamente sua mala, colocou roupas e vários equipamentos dentro dela. Antes de sair foi até sua cama e puxou uma caixa de metal debaixo dela. Soltou o cadeado e abriu a tampa, pegou sua arma e colocou dentro da bolsa. Entrou no seu carro, um Jipe preto, que comprou com umas ações que sua mãe te dera quando fez dezoito anos, ela ainda tinha algum dinheiro guardado. Ele ligou e saiu deixando um rastro de poeira. Largou tudo que havia conquistado sem saber se voltava. Ainda bem que nunca tinha se casado e nem tinha ninguém, por medo de sua família o descobrir e mandar matar qualquer um que se aproximasse dele. Ele sempre se manteve afastado de tudo. Agora era momento de rever sua família ou um pedaço dela... ver dois primos que a muito ele não via só acompanhava pela internet.

A maldição da sombraOnde histórias criam vida. Descubra agora