A vida nas trevas

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Zach on:

Era Uma Vez, é assim que se fala, não é? Acho que então essa história vai começar assim. Era uma vez...

Eu tinha 17 anos quando tudo isso começou, quando eu achei esse livro. Qual era o nome mesmo...? "A VIDA NAS TREVAS". Ele estava localizado na segunda prateleira da enorme biblioteca da escola. De início fomos até lá para fazermos o trabalho de ciências, que inclusive era chato, mas este livro realmente me chamou muita atenção.

Sua capa era dourada com o título escrito em branco bordado por prata. Foi aí, então, que fiz a maior burrada da minha vida: Levei o livro para casa.

Já se passava das três horas da manhã quando decidi abrir o livro para ler. Como de início, por ser um livro um pouco infantil, até que era bem divertido, a forma que os personagens se expressavam... Você podia se sentir como se estivesse dentro do livro.

- Zach! - a voz do Ezra ecoou pelo quarto. Soltei um suspiro longo, enchendo as bochechas, fechei o livro de uma vez e o olhei, com um olhar tedioso.

- Qual é o problema agora Ezra? - perguntei, deixando o livro de lado.

- Você não acha que vou ficar aqui, na sua frente, vendo você ler esse livro, enquanto eu fico no tédio - se queixou. Mas tinha razão, não era justo eu estar com "toda a diversão" enquanto meu melhor amigo só observa.

- Você tem razão... Vou dar um jeito de nós dois nos divertimos... - disse soltando um suspiro e olhando para os lados, procurando o que fazer. - Infelizmente, o tédio é constante e vamos compartilhar esse tédio... - levanto-me de minha cama. - Depois que eu voltar do banho. Sua mãe deixou mesmo você dormir aqui? Da última vez... An... Ela quase me bateu porque você saiu sem dar explicações - disse o olhando severamente. Esse é Ezra, quer sempre a diversão, mas esquece as consequências que ficam para os amigos.

- Sim papai, ela me deixou dormir aqui, te mostro até as mensagens - zombou. Soltei um suspiro misturado com uma risada breve.

- Okay, vai jogando enquanto eu tomo um banho... - disse indo até o guarda-roupa e procurar por uma toalha.

- Como sou hóspede, eu devia tomar o banho primeiro - ele se gabou pegando a toalha de minhas mãos. - Aproveita, já que é todo caidinho pela Scarlett, manda mensagem pra ela.

Serrei os olhos de raiva, peguei o travesseiro de minha cama e joguei em sua direção, porém fechou a porta do banheiro o mais rápido que o impacto.

Sentei-me a cama, peguei o meu celular e abri na primeira foto da Scarlett. Ela era linda. Não, mais que linda, perfeita. Adora brincar e fazer todos rirem, igual sua melhor amiga, Dianna.

De repente recebo uma ligação, e vejo claramente o nome "Dianna".

- Em pensar no diabo...

Atendo o telefone.

Dianna: - O que achou do livro? Quando vai me emprestar?

Eu: - Calma, o Ezra não me deixou ler, agora que ela foi pro banho...

Dianna: -Espere... Ele está no banho? As três e meia da manhã?

Eu: - Sim, por quê? Aniversário de casamento dos meus pais, eles estão viajando, fico livre por quatro dias.

Dianna: - Nada não...

Sua voz soou como desconfiada de algo que ele possa estar aprontando, não faço a mínima ideia do que seja.

Dianna: - Bom, quando terminar de ler, me empreste, sem atraso.

Eu: - Okay chefia.

Dianna: - Não diga isso... Isso é tão... Esquece... Vai ler!?

Ouvi sua risada, que logo se imendou com a minha. Nos despedimos e então voltei-me totalmente para o livro ao meu lado.

Sua capa agora parecia me atrair mais ainda do que o normal. E quando eu digo mais que o normal, quer dizer, mais que qualquer coisa. Nem comida faz efeito assim.

Arrumei-me na cama direito, como se fosse um ritual para poder ler, mas é só empolgação mesmo. Olho para as letras brancas no centro da capa do livro, perfeitamente desenhadas, bordadas a prata.

- Isso é loucura... - disse comigo mesmo.

Segurei na capa do livro, pronto para o abrir, pronto para o ler, pronto para tirar a tenção de meus ombros, mas então senti algo estranho em mim.

Senti um calafrio tenebroso passar por minha espinha, senti meus olhos virarem. Vi coisas inexplicáveis, espadas, sangue, coroa, tronos destruídos, castelos sendo atacados, vilas em festas, amor e ódio por todos os lados.

Então minha boca se abriu de repente, um ruído agudo e estrondoso se formou em minha garganta e alastrou-se pelo quarto.

Meu corpo ficou trêmulo, não conseguia me mexer e então um frio tomou-me conta, senti minha alma ser puxada.

- ZACH!? - ouvi a voz de Ezra distante e ele repetindo várias e várias vezes meu nome, e cada vez mais ficando distante. Porém, em algum momento, sua voz engrossou, passou a ficar mais potente e mais próxima, então senti alguém me cutucar. - Acorde Príncipe Zach?!

Acordei com um sobressalto. Sentei-me a cama e percebi que estava coberto por várias cobertas macias e de cores distintas. Olhei a minha frente e vi um homem, um tanto idoso, com vestes antigas, como em tempos de reinados. Confesso que se eu não estivesse tão assustado, estaria fazendo uma piada.

Olhei a minha volta, tentando me identificar de onde estava, mas estava um pouco difícil.

- Aonde estou?! - soltei sem me importar e olhar o velho a minha frente. Seu rosto de distorceu, como pensasse que fosse uma pegadinha. - Quem é você?!

- Majestade, acho que ter ficado demais com aquele seu amigo não o fez bem ontem - o velho me afirmou tentando se aproximar e checar minha temperatura, mas afastei sua mão.

- Aonde estou e quem é você?! - tornei-me a perguntar impaciente.

- Você está nos seus aposentos majestade, no castelo Cinza - então suas palavras fizeram-se sentidos. - Eu sou o Duque de Castian...

- Guardas! - gritei. Agora lembrei-me totalmente. Estava farto.

The End of the WitchesOnde histórias criam vida. Descubra agora