Desaparecido

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Ezra on:

Saí do banheiro enrolado em uma toalha branca. O banho estava bom, mas se eu demorasse mais um pouco no chuveiro, capaz que ele fosse fechar o registro.

- Zach, sua... – olhei para ele e então meu corpo estremeceu. Ele estava inclinado na cama, olhando para cima, então começou a gritar, e isso me apavorou muito. – Zach! – gritei e corri em sua direção.

O segurei no ombro e o tentei acalmar, porém ele não parava de gritar. Eu não sabia mais o que fazer, até que então o barulho sessou e arqueei as sobrancelhas. O livro a sua frente fechou-se sozinho, então ouvi o barulho de seu corpo imóvel cair sobre a cama. Seus olhos fechados, o corpo totalmente sem mover um músculo.

Minhas pernas bambearam, o único pensamento que se passava em meu pensamento era que ele havia falecido, porém de uma forma muito estranha. "O que será que aconteceu?" me perguntava constantemente.

Chego um pouco mais perto de seu rosto, checo com dois dedos a sua pulsação no pescoço. Por sorte estava vivo, um alivio me consumiu instantaneamente.

- Graças a Deus só está desmaiado... –disse suspirando. De repente ouço a campainha soar. – Quem será a essas horas da madrugada? – perguntei-me, mas o que realmente devia estar me perguntando era: "Será que os vizinhos chamaram a polícia pelo barulho?".

Desci as escadas correndo, ainda com a toalha enrolada em meu corpo, fui o mais rápido que pude em direção à porta e a abri. Surpresa!

- Dianna? – perguntei-me confuso. – O que faz aqui essas horas?

- Eu queria te perguntar o que aconteceu aqui essas horas? Por que alguém estava gritando? – ela perguntou já entrando na casa do Zach. Seu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo, estava com uma jaqueta de couro falso vermelha – ela odeia couro verdadeiro, vegana –, uma calça jeans azul falhada e saltos pretos.

- É uma história muito longa, mas para onde estava indo? – perguntei ainda curioso.

- Estava vindo para cá mesmo, quero conversar com o Zach sobre uma coisa muito importante – então percebi em suas mãos um papel dobrado. – E você saiu do banho agora?

- É... vamos dizer que sim – fiquei um pouco corado de vergonha. – E quando a Zach... Ele foi o motivo do grito... Vem, vamos para o quarto dele, aonde ele está.

Ela arqueou as sobrancelhas confusa. Entendia-a completamente, eu também estava confuso ainda. Então, enquanto subíamos as escadas, expliquei-a tudo o que aconteceu, que Zach gritara e logo depois desmaiou. Ela me perguntou várias coisas, então lembrei-me de dizer a ela que havia visto o livro fechar-se sozinho, no que ela riu, mas não entendi o porquê.

Chegamos ao quarto e então ela entrou primeiro.

- Vocês estão de brincadeira com a minha cara, só pode né? – ela disse, então entrei.

- Não, não estamos, por quê? – então olhei para a cama, aonde Zach não estava mais. E quanto ao livro, estava ainda aberto. – Estranho...

- Estranho nada, idiotas – ela enraiveceu-se. – Zach! Pode sair, a brincadeira acabou.

- É sério Dianna, ele estava desmaiado – reafirmei, indo até a cama e a olhando por completo, como na esperança de ele aparecer ali. Agachei-me de joelhos e olhei debaixo da cama, mas ele não estava ali.

- Ezra! – ouvi a voz de Dianna soar literalmente mais impulsiva que já havia ouvido antes. – Diz aonde o Zach está, agora! – levantei-me devagar para olha-la de frente. Sua expressão estava demonstrando sua fúria, mas ela estava realmente preocupada, mais do que eu.

- Se eu soubesse eu te falaria. Ou você achava mesmo que saberíamos que você viria aqui? – a olhei diretamente nos olhos. – Como nós iríamos planejar tal susto se nem sabíamos que você viria? Atirar no escuro que eu não faria.

Ela exclamou calada, se perguntando algo que eu realmente queria saber o que era. Ela olhou a sua volta, discretamente, procurando algo que a dissesse alguma coisa, até que para no livro ao meu lado.

- Eu levo isto comigo – andou até o livro e o apanhou rapidamente, fechando-o e foi em direção a porta, para ir embora.

- O que vai fazer? – questionei indo atrás dela. Não acreditava que ela ia ler enquanto Zach estava desmaiado e sumido.

- Eu vou ficar um pouco chapada, só um pouco – ela me olhou distante, um olhar frio que me causou arrepios. – Você é incapaz de ficar um pouco chapado, então pratique hoje, de manhã temos aula – disse ela, então saiu de minha visão. Conseguia ouvir perfeitamente seus passos se distanciarem de vagar. Não conseguia me mover, não conseguia abrir a boca para pedir a ela para ficar, não conseguia dizer que sentia medo, e eu realmente estava com medo.

Ouvi o som do despertador de Zach ao meu lado. Equilibrei a garrafa de Jack Daniels na beira da cama e me estiquei para que o desligasse rapidamente, o som me causava uma grande dor de cabeça. Eu não queria saber se tinha aula, eu só sabia que eu não estava disposto. Não dormi praticamente em nenhum instante daquela madrugada, tentando ficar um pouco chapado, e tentando entender aonde Zach fora.

- Merda... Tenho que ir para a escola, infelizmente – disse a mim mesmo. Olhei para a janela do quarto dele, que ficava logo a minha frente. Pude ver a luz do sol tomar conta da cidade aos poucos segundos. – Só por causa da Dianna e da Scarlett vou a escola... Inferno... – reclamava sem parar.

Logo me pus de pé, tentando não cair de tontura, fui ao banheiro, peguei a minha escova de dente que deixará quando cheguei aqui e escovei os meus dentes para tirar o bafo nojento do uísque. Pentiei meu cabelo o máximo que pude.

Voltei ao quarto e vesti-me para a escola. Arrumei minha bolsa com os materiais e peguei meu celular, ligando direto para Scarlett.

Eu: - Você por favor poderia vir me buscar na casa do Zach? Estou bêbado demais para ir dirigindo.

Scarlett: - Você passou a madrugada bebendo mesmo?

Escuto sua risada um pouco fraca e distante.

Eu: - Sim... Foi difícil não beber.

Scarlett: - Entendo, depois me conte o que aconteceu. Vai para a frente da casa, já estou virando a esquina.

Agradeci o favor e então desliguei. Peguei minha bolsa, peguei um óculos escuro de Zach e já ia saindo do quarto, quando olhei novamente para a garrafa ainda na cama. Peguei-a e dei um gole de gargalho e desci as escadas com a mesma em mãos, indo em direção a saída.

Deixei-a tampada em cima do balcão da cozinha, peguei uma maçã e fui para a frente da casa do meu melhor amigo desaparecido.

Então, de repente, vi o Corsa preto de Scarlett aparecer virando a esquina. Acenei para o mesmo, que logo parou a minha frente. Dei um bom dia para ela e entrei dentro do carro.

- Obrigado – disse colocando o cinto de segurança.

- De nada – ela deu a dançada e fomos em direção a escola, mas sim, alguém tinha que puxar o papo, e esse alguém não era eu. – Sabe de uma coisa estranha que aconteceu?

- Não, o quê? – arqueei as sobrancelhas a olhando por entre as lentes escuras.

- Este livro apareceu na minha escrivania hoje quando acordei – disse ela remexendo em sua bolsa e retirando o livro "A Vida Nas Trevas" dali de dentro, então meu coração acelerou.

"Dianna!" Gritei em pensamentos.

The End of the WitchesOnde histórias criam vida. Descubra agora