Pego minha mochila vazia e dou um beijo em Whithelly, ela está sentada no chão desde cedo, lendo um livro maduro e chato para ela, nós o encontramos escondido embaixo do piso por ser proibido por Altair.
– Whithelly, não é para entrar mais naquele quarto, entendeu?
– Entendi – diz ela olhando para mim sorridente, então volta a ler o livro, sei que ela não me obedecerá, sempre faz o que deseja, mas deixo por isso mesmo, já que o soldado não oferece um perigo imediato.
– Se comporte.
– Tá.
– Volto daqui umas duas horas. Tenho receio em sair e deixar a Whithelly sozinha com o soldado, eu sei que ele pode enganá-la facilmente e a usar para, de alguma forma, se libertar. Tenho medo de deixá-la e quando eu chegar não encontrar nenhum dos dois ou até mesmo no lugar deles me deparar com soldados vasculhando o apartamento, mas temos suprimentos para apenas mais um dia, não posso adiar isso e é mais perigoso ainda eu levá-la comigo.
Vou até o quarto em que está o soldado para vê-lo antes de sair, como se isso fosse tranquilizar meus pensamentos.
Ele está dormindo, em cima do braço bom e livre, com o peito despido, novamente reparo em sua aparência. Deitado nessa posição, seus músculos se destacam, não é franzino como a maioria devido à fome, mas também não é como um fisiculturista, mesmo sendo maior que a maioria dos soldados de sua idade, é evidente que ele fazia bastante musculação e atingiu um ponto perfeito para ele, ideal para seu corpo, chegando a deixá-lo bonito. Seus cabelos pretos são compridos demais para um soldado e ele não tem barba, parece que demora muito a crescer, sua pele é clara e sua postura rígida, lembro-me de seus olhos cinza-ardósia.
Todo o tempo que fico no quarto, ele não se move. Me arrependo de ter tentado matá-lo outro dia, se fosse para fazer isso eu não o teria salvado. Novamente volto a pensar o que farei quando ele estiver recuperado, é perigoso demais ele viver, já sabe demais, mas não quero matá-lo, tudo isso foi um grande erro e eu não posso cometer erros com a vida da Whithelly em minhas mãos, a vida e a segurança dela dependem diretamente de minhas decisões.
Pego a faca de cozinha que usei para esfaquear o soldado, seria bem melhor a faca que está sobre a cadeira junto com seu paletó militar, porém prometi a mim mesma que não usarei suas coisas.
Pego uma das munhequeiras que customizei adicionando placas de chumbo em seu interior e a coloco sobre o micro transmissor de identificação em meu pulso esquerdo, já devo ter sumido dos satélites e estar invisível para os soldados.
Saio do prédio, as ruas sempre imundas estão mais vazias que o normal, nem aqueles que possuem o Siruss e por isso foram abandonados estão pelas calçadas, eles sempre vagueiam pela cidade em busca de comida.
Eu vejo uma coluna de fumaça subindo em direção ao céu que está extremamente escuro.
Rajadas fortes de vento se chocam contra as minhas costas e fazem meus cabelos rebeldes esvoaçarem, as nuvens estão baixas demais e o ar esta repleto de ozônio indicando que vai chover logo e será forte, quero voltar antes da chuva.
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Walking For Silence - Insurreição
AkcjaSinopse "A Grande República já fora uma forte nação, considerada a última esperança de uma sociedade decadente, mas sua hegemonia inabalável acabou em um colapso que dividiu o país na tirana Altair e a rica Arcádia. Duas nações separadas pela guerra...