Capítulo Dezessete: Despedida, Sentimentos Ocultos Revelados

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Oito dias se passam, tenho a impressão de que muito lentamente, são dias nublados. Conforme o tempo passa, cada vez mais as tropas de Altair inspecionam as ruas e os prédios por toda Kessler e os setores vizinhos. Ao invés do exército perder o interesse em pequenos criminosos por causa da guerra contra Arcádia, está mais determinado

Fecharam as saídas de todos os setores que consideram ser possíveis me encontrar, casos assim fazem com que cada vez mais as pessoas fiquem com raiva e isso gera vontade de uma revolta em massa, não é da vontade de ninguém ter soldados invadindo suas casas em revistas à procura de cada criminoso procurado, contudo é o que estão fazendo e isso me faz ver que Altair não desistirá de mim enquanto eu não estiver preso ao mastro sendo executado. Perceber isso me faz novamente pensar na segurança da Marryweather e de sua irmã, se me encontrarem aqui, elas serão executadas comigo.

Pensar na Marryweather me faz lembrar nossa conversa, a única que conseguimos manter um dialogo. Agora já reconheço o cheiro da Marryweather, é muito característico, sei que é de uma colônia à base de lírios silvestres e ele me faz lembrar a Mellanie já que eram as flores preferidas dela. Quando Marryweather fica por muito tempo no quarto, o ar fica com seu cheiro e é agradável senti-lo, agora mesmo ele está presente, então sei que ela estava me observando dormir hoje, por isso sei quais são os dias que ela o faz, percebo que é muito frequente, contudo a peguei em fragrante apenas três vezes

- Hora de trocar as faixas.

Olho para a porta e vejo Marryweather sorrindo para mim, é difícil ver um sorriso tão descontraído em seu rosto. Ela senta-se ao meu lado sem fazer cerimônia, cada vez mais ela e Whithelly se aproximam de mim, não desejo isso para elas não sofrerem quando eu partir, principalmente Whithelly que ainda é uma criança e não está acostumada a despedidas. Mesmo eu não chegando a ser nem um amigo delas e mesmo tendo tão pouco tempo de convívio, entre nós acho que Whithelly sofrerá quando houver uma separação, espero que eu não esteja certo.

- Como estão as dores?

- Estão melhores que nunca - ironizo.

- Masoquista.

- Não nesse sentido - falo rindo e sinto dor, tenho que evitar sorrir. Meus ferimentos estão consideravelmente melhores e minha coxa aos poucos se desinfecciona, acredito que conseguirei andar quase que normalmente em pouco tempo, o que está mais lento é o ferimento em meu peito, ainda sinto bastante dor.

- Você é um azarado mesmo, o projétil atravessou o colete bem entre as placas de aço e te atingiu - diz Marryweather tirando a faixa do meu tórax.

- Discordo, eu ainda estou vivo.

- Graças a mim e não à sorte. - Ela coloca a mão sobre meu ombro, mesmo sendo destra, pode-se dizer que usa apenas a mão esquerda e apenas por isso reparo que ela tirou a faixa que o cobria.

Observo o ferimento que ela fez há uma semana, quando ficou o dia todo fora, foi um ferimento profundo que atravessou seu antebraço, provavelmente a lâmina de uma faca. Assim como os meus ferimentos, ela o suturou e já está bem melhor, mas ainda levará um tempo para a cicatrização. - A sorte não é meu ponto forte e sim a inteligência.

- Você se acha.

- Só um pouco - confesso. Ela termina de desenfaixar o meu peito revelando minha tatuagem, uma águia empoleirada de asas abertas, com as cores de Altair e em cima de seu coração a estrela Altair, que dá nome a nossa nação. Marryweather encara a insígnia com ódio e desprezo.

Walking For Silence - InsurreiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora