Marryweather
Acordo com a Whithelly me abraçando fortemente e lembro-me de quando ela era apenas um bebê, logo ela estará grande demais para caber em meus braços, cada vez mais ela está parecida comigo.
Relutante, eu desvencilho-me de seu aperto sem acordá-la e a encubro até o ombro, caminho silenciosamente pelo cômodo escuro, amarrando o cabelo para o lado, coloco o capuz de minha blusa e arrumo a munhequeira que cobre 1/4 do meu braço direito. Vou para o quarto que o soldado está. Que ironia, eu escolhi esse apartamento por causa das estrelas no teto desse quarto e nos últimos dias ficamos na sala.
O soldado ainda está dormindo, sentado de costas para a parede e com a cabeça apoiada no braço bom, seus cabelos pendem sobre seu rosto o deixando mais bonito do que já é.
Coloco seus remédios e uma garrafa de água no criado-mudo onde ele pode alcançar, mesmo estando algemado. Sinto medo de me aproximar demais dele, é como se o sentimento para com a minha irmã, lembranças do passado, a minha moral e meu ódio por soldados me afastassem dele, mas uma força oposta, muitíssimo mais forte me empurrasse para ele, como um pedaço de ferro tentando se afastar de um ímã.
– Já tem uma semana, logo andaremos em caminhos opostos – digo para mim mesma em voz baixa, quase num sussurro.
Divido-me, parte de mim não quer que isso aconteça, quer matá-lo ou abandoná-lo, a outra quer se jogar em seus braços mesmo se sentindo uma traidora e pela primeira vez esta se parece mais forte, é como se minhas duas identidades, Marryweather e Esther, tivessem vida própria e autonomia.
Saio do prédio, seria muito mais rápido se Whithelly fosse comigo, infelizmente ela não pode, se fosse pega por uma tropa setorial usando um Lide roubado nós seriamos paradas.
O único movimento existente é o de moradores de rua desse setor transitando ou jogados no chão e nas calçadas, alguns dormindo e outros comendo o que encontraram nos lixos dessa cidade em ruínas, apenas as fábricas ainda estão em funcionamento, não importa o que aconteça, elas nunca param, sempre estão produzindo suprimentos e armas para a guerra.
Em poucos minutos caminhando, vejo por toda cidade vários cartazes de procurados com recompensa por minha captura, espalhados por muros e bares irregulares, eles não tem uma foto minha, mas conseguiram dados de minha aparência e montaram uma imagem bem parecida comigo, que também aparece em banners e outdoors nos prédios alertando que sou perigosa.
– Comandante Kleyer! – eu sussurro, como de costume para mim mesma. – Aquela maldita colocou o exército à minha procura.
Isso me irrita, nem quando era uma Nacionalista e cometia crimes periodicamente fui identificada, mesmo evitando matar os inocentes, nunca deixei uma testemunha para me denunciar, para agora Altair ter uma imagem minha, associarão meus antigos crimes como Esther e não duvido muito se em breve eles descobrirem meu verdadeiro nome.
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Walking For Silence - Insurreição
AcciónSinopse "A Grande República já fora uma forte nação, considerada a última esperança de uma sociedade decadente, mas sua hegemonia inabalável acabou em um colapso que dividiu o país na tirana Altair e a rica Arcádia. Duas nações separadas pela guerra...