fato

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Estávamos no meio do ano, não consigo me lembrar muito o mês, eu morava na casa de uma amiga depois de me rebelar, eu tinha na época 15 ou 16 anos, e mesmo hoje com 22 ainda me arrepio em lembrar dessa experiência.

Era umas 14h00, e além de mim e minha amiga não havia mais ninguém na casa, estávamos deitadas na cama descansando pra depois voltar pra drogaria onde trabalhávamos pro pai dela, Marcela já estava dormindo como sempre fazia, e eu estava no celular, mas depois resolvi dormir um pouco, fiquei parada ao lado dela tentando pegar no sono e ficava pensando em várias coisas, só que, por mais que eu me esforçasse o sono não vinha, nessa época nós duas praticava o jiu-jitsu e com isso ela participava de alguns campeonatos e eu acompanhava claro, talvez o nervosismo estivesse me impedindo de dormir naquela tarde já que eu não costumava fazer isso, pois tinha medo de ficar sem sono a noite, do lado da casa dela havia uma família que se reunia ali para fazer oferendas e idolatrar seus Santos, não tenho nada contra, mas as vezes ela me contava umas histórias que eu confesso que ficava com medo e nesse momento que eu estava deitada eles estavam cantando e aquilo acabou tomando espaço na minha mente mas logo pensei em outras coisas e me senti adormecendo aos poucos. Em um certo momento eu percebi que estava sem ar, havia um peso sobre mim e eu não conseguia virar a cabeça para ver o que era, na verdade eu não conseguia mexer nenhuma parte do meu corpo, me senti como se estivesse em um daqueles sacos que sugam todo seu ar e te deixa imóvel, eu tentava me sacudir ou balançar o braço pra acordar minha amiga, e foi quando eu ouvi uma voz dizendo " mata ela ", juro que me tremi toda, eu não sabia de onde a voz estava vindo, nao conseguia ver ninguém ou algo que eu pudesse relacionar ao peso em cima de mim ou à voz, parecia estar dentro da minha cabeça, senti meu braço sendo levado em direção à Marcela e quando ele ficou no meu campo de visão vi que tinha uma faca, me desesperei na hora, por mais que eu fizesse força meu braço não me obedecia, eu tentava gritar, mas estava sufocando cada vez mais, senti meus olhos se encherem de lágrimas, a sensação que eu tinha é que estava amarrada com várias cordas e estivesse tentando me soltar, o ar ficava cada vez mais raro e eu já estava me preparando pra morrer ali mesmo, de repente vi meu braço se chocar com as costas da Marcela e a faça entrou de uma vez, nesse momento tudo veio muito rápido senti um solavanco, meu corpo se levantou de forma que eu ficasse sentada na cama e logo depois senti que estava deitada novamente, meus pulmões puxaram todo ar que conseguiram, virei a cabeça rapidamente e quando olhei pra Marcela já imaginando o pior, ela estava dormindo tranquilamente, meu corpo estava na mesma posição que eu sempre durmo, meu braço direito estava acima da cabeça, senti ele novamente e puxei ele para o alto de forma que eu pudesse vê-lo, suspirei aliviada quando percebi que não havia faca nenhuma, só meu punho que estava fechado, abri a mão bem devagar e não havia nada ali, a faca não estava lá, fiquei movimentando a mão por um tempo tentando assimilar e entender o que tinha acontecido, olhei no celular e só haviam se passado cerca de 3 ou 4 minutos.

Mas tarde quando já estávamos na drogaria perguntei se ela não sentiu nada estranho e ela disse que não, então eu expliquei o que tinha acontecido foi então que ela me disse que isso era a paralisia do sono.

Não sei o que foi, mas jamais quero ter que passar por isso novamente.

(...)
Luana Galvão

Paralisia do sonoOnde histórias criam vida. Descubra agora