Elaine passou dias e dias em seu quarto apenas na companhia de Alix e Barac que lhe trazia presentes de vez em quando lotando a mesa que fica perto da janela. Passava dia e noite e Elaine permanecia trancada no quarto sem vontade de lutar ou fugir, sem comer e sem beber esperando que a morte lhe tirasse daquele lugar de uma vez por todas.
Uma visita inesperada adentrou o quarto escuro de Elaine e puxou as cortinas permitindo a entrada da luz do sol forçando a vista de Elaine já desacostumada.
-Pelos deuses! Você está deplorável-Exclamou Azuil parando ao lado da cama onde Elaine se encontrava
-Me deixe em paz-Pediu Elaine com a voz rouca por ter permanecido tempo de mais sem falar.
-De jeito nenhum, a herdeira do ar não deve permanecer num quarto definhando, anda levanta vamos sair-Obrigou Azuil puxando as cobertas de Elaine e a puxando pelo o braço.
Elaine tentou lutar pra permanecer em seu quarto, mas estava fraca de mais e Azuil tinha o dobro do seu tamanho. Vestida apenas por uma camisola azul escura que vinha até a metade de suas coxas e calçando sapatilhas Elaine saiu do quarto pela primeira vez depois da morte de sua amiga na companhia de Azuil, o castelo estava incrivelmente ensolarado fazendo com que todas as suas cores fortes e predominantes chega-se até a brilhar eles caminharam em silencio lado a lado por vários corredores ate chegar a um jardim onde se encontrava milhares de flores de todos os tipos existentes de branco tornando o lugar maravilhoso.Uma grande parte dos moriquendi se encontravam fora do castelo na luz do sol treinando e rindo de alguma coisa que conversavam, quando Elaine apareceu ao lado de Azuil alguns deles paravam de falar para apenas lançar sorrisos de dentes afiados e assustadores.
-Achava que os moriquendi não podiam ficar sob a luz do sol-Comentou Elaine depois de um longo tempo
-Eles podem, só preferem atacar a noite suas habilidades são maiores quando estão lado a lado com a escuridão-Respondeu Azuil se sentando em um banco na sombra de um enorme salgueiro.
-Você é algum tipo de traidor? O que Barac lhe ofereceu para trair seu próprio povo?-Perguntou Elaine deixando o vento abraçar seu corpo
-Não sabia que existia diferentes tipos de traidores-Comentou Azuil sorrindo-Barac não me ofereceu nada em troca apenas decidi "abandonar" meu povo-Respondeu Azuil fazendo o sinal de aspas no ar
-Esta aqui por opção sua?-Perguntou Elaine desconfiada
-Opção totalmente minha-Respondeu Azuil levantando dois dedos no ar como sinal de que estava falando a verdade.
Elaine fechou os olhos novamente digerindo o que Azuil acabou de lhe contar, pensando no que poderia ter acontecido para um eldar se voltar para a escuridão e apunhalar seu próprio povo nas costas. Enquanto ela pensava sobre isso ao mesmo tempo tentava se conectar com o ar daquele local, mas o fiozinho da ligação que ela estabelecia com aquele elemento parecia não existir nem mesmo se tenta-se com todas as suas forças ela não conseguia controlar os ventos nem mesmo para fazer com que ele balança-se uma folha sequer.
-Com dificuldades de controlar o ar daqui?-Perguntou uma voz rouca que lhe era extremamente familiar.
Todos os pelos do corpo de Elaine se arrepiaram em sinal de alerta e todos os seus sentidos gritavam desesperadamente "CORRA" , mas suas pernas parecia não lhe obedecer. Ela abriu seus olhos lentamente e ficou encarando aquele ser sombrio que estava parado na sua frente de braços cruzados com um sorriso presunçoso dançando em seus labios.
-Barac-Falou Azuil quebrando o silencio- Achei que iria fazer uma viagem para o norte
-Mudança de planos-Respondeu Barac sem tirar os olhos de Elaine.
-Querem que eu saia?-Perguntou Azuil olhando para Barac e depois para Elaine
-Sim! Não!-Responderam os dois juntos
-Tenho certeza que ele já esta de saída-Respondeu Elaine se virando para Azuil.
-Vai me expulsar da minha própria casa?-Perguntou Barac com um tom divertido na voz.
-Se for necessário-Respondeu Elaine o fuzilando com o olhar
Os dois permaneceram por mais tempo se olhando sem perceberem que Azuil tentando esconder um sorriso se levantava e se retirava os deixando a sós.
-Não esta de preto hoje?-Perguntou Elaine reparando pela a primeira vez nas roupas de Barac.
Ele estava usando calças de couro preta com botas marrom e uma camisa branca revelando um pouco da pele de seu peito, seus cabelos estavam presos em um coque bagunçado e ele carregava apenas uma joia em seu dedo mindinho.
-So porque sou um elfo da escuridão não significa que devo usar apenas preto-Respondeu Barac se sentando ao seu lado.
Eles ficaram ali um ao lado do outro calados perdidos em pensamentos, Elaine tentava se afastar o máximo que o banco permitia e Barac apenas ficava sentado ali descontraído como a tempos ele não ficava, ele não sabia o significado da palavra tranquilidade por que tudo dentro dele era uma bagunça sem fim seus objetivos assim como os objetivos de seu povo o obrigava a sempre permanecer vigilante e a nunca a dormir. Aquela fada pequena de cabelos negros e olhos prateados ao seu lado o intrigava, ele queria saber tudo o que passava em sua mente como também queria faze-la sorrir como ela sorrira para sua amiga. Barac se levantou abruptamente se virando na direção de Elaine e a puxando para si pegando a fada de surpresa.
-O que esta fazendo?-Perguntou Elaine paralisada nos braços de Barac
Ele não a respondeu apenas abraçava sentindo sua pele macia contra a sua e sua respiração descompassada juntamente com aceleração de seu coração, ele sentia o medo de Elaine e seu panico crescendo cada vez mais e seu corpo começando a tremer, as mãos de Barac foram até as costas de Elaine e ele sentiu suas cicatrizes onde antes ficavam suas belas asas agora ficava apenas cicatrizes horríveis, ele a afastou para longe de si com a mesma rapidez que a puxara para perto e encontrou seus olhos que transmitiam medo e confusão.
Sem disser uma palavra sequer Barac se afastou e largou Elaine parada ali sozinha, enquanto caminhava na direção do castelo a passos rápidos ele ficava se xingando por sua atitudes sem pensar e o reprimia por esta tendo compaixão por uma fada que estava destinada a destruí-lo e a destruir o seu próprio povo.
-AZUIL!!- Gritou Barac entrando no castelo como um furacão
-O que aconteceu meu amigo?-Perguntou Azuil aparecendo ao seu lado
-A partir de hoje você vai ficar responsável por aquela fada-Falou Barac caminhando em direção ao seus aposentos.
-Achei que você não queria que ninguém alem de você mesmo cuida-se dela-Falou Azuil escondendo um sorriso que se esforçava para aparecer.
-Mudei de ideia, aquela fada deve ser mantida trancada nos calabouços quero que ela seja torturada- Falou Barac andando de um lado para outro
-O que Elaine fez contra você para esta nesse estado?-Perguntou Azuil já sabendo da resposta
Barac parou de andar pelo o quarto e encarou seu amigo que escondia um sorriso de canto de boca se divertindo com a situação.
-Faça o que mandei, e chame Ary para tortura-la e diga que não quero que ele a mate apenas faça com que ela sinta dor, esta na hora de ficar parando de polpar a vida daquela fada-Falou Barac olhando para Azuil com determinação.
-Vai mata-la hoje senhor?-Perguntou Azuil fazendo com que seu sorriso sumi-se
-Sabe que não, quero que o tio dela escute e veja os gritos de dor dela, os moriquendi não vão mais fazer negociações com fadas-Respondeu Barac com olhar maligno.
-Como queira-Respondeu Azuil fazendo uma pequena reverencia e saindo em busca de Elaine.
Barac observava pela janela Azuill puxando Elaine com ele enquanto ela olhava para ele com medo e fazia perguntas até que ela parou e olhou para cima em sua direção e aquele olhar parecia que conseguia ler sua alma até mesmo nas profundezas de seu coração. Por um momento Barac pensou em tira-la de la e mante-la a salvo longe de Ary e Azuil, mas ele tinha que fazer aquilo antes que aquela fada o transforma-se em um fraco antes que ela o destruí-se.