Eu estava com medo, não, medo não é a palavra certa. O que eu realmente sentia era uma grande angustia, eu não sabia o motivo pelo qual eu estava sendo levada a ele. Eu estava sentada no banco de trás do carro, havia mais três outras pessoas no carro, o motorista, um segurança também no banco da frente, e outro ao meu lado. Ambos eram oficiais da guarda real. Apertava o cinto com as mãos tremendo, desde que havia adentrado no carro não ouvia a uma palavra, pelo menos não ate esse instante:
Chegamos à cidade, logo estaremos diante o rei. - Dizia o oficial que sentava na frente, sua voz era muito grossa, como se fumasse há muito tempo.
Alguns minutos se passavam talvez aquela a mais bela cidade daquele país decadente, mesmo com toda a tensão mundial, dentro dos muros que tinham mais de vinte metros e eram muito grossos, mas é claro que eles não eram a única proteção daquele povo. Não chegava a ver uma pessoa em estado miserável, ou um mendigo na rua, era como se a cidade tivesse saído de um verdadeiro conto de fadas. O alivio de ver aquela bela cidade sumia quando parávamos diante a um grandioso portão dourado, uma gigantesca mansão se mostrava depois de passarmos pelo portão muito bem protegido por uma dúzia de guardas.
O motorista parava o carro diante a aquela estrutura grandiosa, e então saia do carro para abrir minha porta, e os outros dois homens também saiam. Um seguia em minha frente, e outro logo atrás de mim. Passávamos por uma enorme porta, com símbolos que eu não tinha tempo o suficiente para entender o que eram, havia quatro homens armados diante a porta. Nós seguíamos por um enorme corredor que terminava em outra grande porta, a qual havia também outros quatro homens armados. Passávamos por outros corredores iguais, de novo e de novo.
Quando chegávamos a uma ultima grande porta, maior que as anteriores, não era outro corredor que havia depois dela, era um grandioso salão. Havia duas colunas de pilares pela sala, as janelas mostravam o sol que estava se pondo, com cortinas que deveriam luxuosas, vários quadros na parede, havia também um grande tapete, entre as colunas, em cor vermelha, o qual levava a três grandes tronos. O primeiro era o maior, que pertencia ao rei, era feito de ouro e coberto de peles de animais que eu nem conseguia saber de tão longe. O segundo, um pouco menor que o do rei, também feito de ouro, cheio de jóias, e acolchoado com plumas. O ultimo, pertencente a mão do rei, era de ferro, um pouco menor que o da rainha, esse não tinha nenhum acolchoamento, havia uma pedra negra muito bela no topo, e esse era o único detalhe especial nesse trono.
Vários guardas entravam por uma porta menor, que ficava ao lado da grande porta pela qual havia entrado, eles se colocavam entre os pilares, ajoelhados. Antes que eu percebesse, os homens que haviam me trazido também estavam ajoelhados, um a minha direita e outro a minha esquerda. Só depois de alguns segundos eu entendia o porquê, por uma porta três pessoas passavam, e naquele momento eu não conseguia mais me manter em pé, eu estava de joelhos, me aguentando para não dar de cabeça no chão.
Erguia um pouco o olhar, e lá estavam, a mão do rei, a rainha e o próprio rei. Eu já havia estado diante grandes lideres e ditadores, ate mesmo do próprio Führer. E nem mesmo esse ultimo conseguia passar uma energia tão opressora, mas não maldosa. Estar diante dele era como estar à frente de um deus em forma humana. Era algum momentâneo, mas também inigualável. O rei acabava por me olhar nos olhos, por um segundo em pensei que iria morrer ali mesmo. O rei era grande, realmente grande e forte, olhos em cor violeta, seu olho esquerdo tinha uma cicatriz na vertical, como uma lamina, mas ele não era cego, cabelos loiros, em um amarelo dourado, ele usava uma armadura também dourada em detalhes vermelhos, parecia ter por volta dos trinta anos, à imagem de um grande e nobre guerreiro. A rainha era uma das mais belas mulheres que eu já havia visto, cabelos vermelhos como o fogo, vestia um vestido negro, um colar de diamantes, em suas orelhas havia brincos de perolas, que só não eram mais brilhantes que seus olhos em um tom de verde escuro, se não a conhecesse, eu apostaria que tinha vinte e cinco anos. A mão do rei era um homem que não vestia uma armadura, e sim um terno, sapatos italianos, um homem negro, careca, olhos castanhos, por volta dos quarenta, acho que aquela foi a primeira vez que vi um homem negro ficar tão bem em um terno.