PARTE 1 (Prólogo)- "O passado que tememos"

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 O calor era intenso, ele não conseguia se lembrar de quando o dia havia se tornado tão quente.

- Essa casa tá parecendo uma sauna - disse Andy , passando por ele na sala, indo para a cozinha

 Mesmo com o calor infernal, seu principal aborrecimento era o tédio intenso que sentia.

  Uma ideia lhe veio em mente.

 Com um pulo rápido, levantou do sofá, estava empolgado com a ideia, ele adorava fazer isso, ele fazia todos os dias, escondido, porque seus pais o haviam censurado mais de uma vez, achavam perigoso, mas ele não se importava.

 Foi até a cozinha, onde estavam Andy e sua mãe, elas nem o notaram, Andy estava ocupada, reclamado sobre o calor, e sobre o fato de eles não terem uma piscina. Sua mãe, por sua vez, estava ocupada, prestando atenção em Andy, enquanto lavava a louça.

 Sorrateiro, ele entrou na cozinha, e seguiu em direção a mesa, onde estava o jornal novo daquela manhã, quem ninguém se dava ao trabalho de ler, ou de jogar fora.

- Mãe, é serio, que tipo de pessoas não tem uma piscina ?

- Pessoas normais Andy, se você quer nadar, por que não vai para o clube ? Foi pra essas ocasiões que seu pai se tornou sócio.

- Mas mãe, é muito longe.

 Ignorando a conversa, ele pegou o jornal, ao encostar no mármore frio da mesa, se sentiu aliviado.

-Você não concorda comigo, pirralho ? - perguntou Andy, enquanto ele saia.

- É...aham - apenas concordou, quando viu que dizer que ela estava errada, não era uma opção.

 Se encaminhou para a sala, enquanto as duas voltavam para o seu debate.

Calçou sua sandália, e subiu as escadas, ele guardava uma caixa de fósforos surrada, embaixo do travesseiro.

Após pegar, voltou para baixo, a caixa escondida no bolso, e o jornal na mão.

E saiu. Só havia um fósforo na caixa, só mais uma vez ele poderia olhar as chamas crepitando, e ouvir o estalar do fogo.

Ele iria fazer algo maior dessa vez, voltou para dentro, trancou a porta de entrada, não queria ser interrompido. Ele precisava de algo grande.

 Correu para os fundos da casa, onde ficava a cozinha, do lado de fora, ficava o balde de lixo, era grande, ele poderia fazer uma chama enorme ali, retirou a tampa metálica, com cuidado para não fazer barulho, puxou o balde, para um lugar onde sua mãe e sua irmã não pudessem vê-lo, o fogo e ele, pela janela.

 Pôs o jornal dentro do balde, onde já havia um saco preto, cheio de lixo.

Ele pegou o fósforo, e acendeu...

O espetáculo começou, os estalares que ele tanto gostava, e a cor laranja que o fascinava.

 As chamas aumentavam gradativamente, o sons mais altos, e a fumaça também, ele ficou distraído, por um momento, perdeu a noção do tempo.

 A ultima coisa que se lembra, é da porta da cozinha se abrindo, com a figura de sua mãe perplexa, correndo em sua direção, dizendo algo sobre o fogão ficar naquele área, na parte de dentro...

Naquele dia, as chamas o assustaram...







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