O St. Bridget's Haven era definitivamente o lugar onde Kyle preferia manter distância naquela noite.
Todos tinham curiosidade em relação a história daquela clínica, segundo os boatos, mortes foram causadas por um paciente.
Todos conheciam essa lenda, por esse motivo muitos jovens se arriscavam a visitar o local, Kyle nunca fora um deles.
Mas naquela noite ele iria exatamente para o lugar que sempre evitou ir.
Pegou sua jaqueta preta e saiu.
No chão da entrada, estava um envelope branco, sem remetente, apenas uma informação escrita na parte de trás.
"Abra na festa". Não era escrito manualmente, eram letras recortadas de revistas, coladas ali.
Devia ser alguma brincadeira de Ally, ele guardou o envelope no bolso.
Há alguns minutos atrás, Brad o ligara para saber onde ele morava.
E segundo a mensagem que ele havia recebido naquele momento, Brad estava chegando.
A noite estava quente, Kyle vestira um bermuda beje, um tênis Converse, e uma camisa regata. Ele não sabia se vestir para festas. Nunca fora em nenhuma, graças a sua familia que o manteve preso dentro da clínica a vida toda, desde aquele dia...
Brad chegou. Kyle ficou surpreso por ver que o carro não era algo novo, ou caro, já que ele parecia ser o tipo de pessoa que gosta impressionar garotas.
Era apenas um fusca azul, bem conservado até.
- Festa ! - gritou ele ao estacionar na frente da casa de Kyle.
- Boa noite pra você também.
Kyle entrou, e o carro voltou a andar pela rua.
Ele resolveu dar uma olhada na aparência, pelo retrovisor.
Só porque ele não era muito bom em escolher roupas bonitas, isso não significava que também teria que ficar com a cara bagunçada.
Sua pele morena, destacava os olhos verdes, como sempre, e os cabelos pretos estavam sofrivelmente penteados, outra coisa que ele não sabia fazer. Bagunçou um pouco o cabelo, e pronto, estava ótimo agora.
Ele e Brad não conversaram muito durante o caminho, o que era um ponto positivo, já que as tentativas de ambos em iniciar uma conversa eram assim:
- Ei, você já caiu de um telhado ?
- Não.
- Que pena, é muito legal.
Ficar quieto era a melhor opção, com certeza.
Após alguns minutos que duraram uma eternidade, eles chegaram.
O St. Bridget's Haven ficava numa zona morta, não haviam casas ou prédios por perto.
Apenas metros e mais metros de natureza.
Os portões de ferro estavam abertos, Brad continuou a dirigir.
Depois de atravesarem por um pequeno caminho de terra, encontraram o sanatório.
A estrutura do local era idêntica a das histórias. Um enorme e antingo casarão, feito de concreto, com várias janelas, ao longo de metros e mais metros de paredes cinzas e frias. Haviam três andares, no mínimo.
Ao redor era visível apenas grama alta e verde, e mais ao longe uma floresta.
Alguns carros estavam estacionados próximos a entrada principal, Brad estacinou ali também.
- Uau, esse lugar fede - comentou enquanto saía do carro.
Kyle riu.
- Olha, eu nao ía dizer nada, mas...
Dessa vez ambos riram.
Após saírem, eles seguiram para dentro, para os pequenos degraus da entrada, e depois para as enormes portas de madeira da entrada.
Ele estavam entrando em uma das construções mais antigas e assustadoras de Darrensville, tudo poderia acontecer.
Brad empurrou uma das portas, ela rangeu alto ao ser aberta.
Do lado de dentro, o odor acre não era tão palpável. A recepção havia sido repaginada
Dois sofás grandes de couro velhos foram posicionados em duas extremidades diferentes. O cômodo estava iluminado, pequenas luminárias portáteis, estavam nas paredes e em uma mesa no centro do cômodo.
As luzes emanadas das pequenas lâmpadas, eram tão palidas quanto as do hospital.
Na mesa estavam alguns pacotes de nachos, complementados por garrafas de vidro escuras de bebida.
No local, estavam Sam, Ally, John, Steve, Roxy, Danny, Tori e Tate.
- Ótimo, já podemos começar - falou Ally - Se acomodem rapazes.
Kyle e Brad, foram para um dos sofás e se sentaram. Brad tirou o boné, seu cabelo castanho estava todo bagunçado, isso explicava o motivo de ele sempre usá-lo.
Ally foi para o balcão, no final do cômodo, e pegou uma caixinha de som portátil.
E a pôs na mesa. Pegou o celular, e após um momento, uma música começou a tocar na caixa.
Steve estava sentado no chão, atacando os nachos, e continuou ali, as unhas permaneciam pintadas, mas agora ele vestia um macacão jeans escuro, com uma camisa branca por baixo.
Roxy e John estavam sentados conversando, ele vestindo a roupa clássica de um badboy, com jeans rasgados, e uma blusa que destacasse os musculos, o gorro preto permanecia, e os cabelos estavam soltos. Roxy parecia estar mais interessada em olhar para ele, do que prestar atenção na conversa. Ela usava uma saia brilhante, e um suéter branco.
Sam estava sozinha, bebendo muito, estava com um vestido preto sem mangas, que descia até os joelhos, e botas.
Dany estava no sofá com John e Roxy, mas não conversava, estava vestido de preto, ficava mexendo nos óculos e no cabelo. Tori e Tate também estavam ali, entretidos com tudo, menos com a festa.
Esse não era o tipo de interação que Kyle esperava.
Ally,por sua vez, estava em pé, dançando sozinha e animada.
A música acabou.
- Certo, pessoal, eu não sei o que vocês costumam fazer em festas, mas eu gosto de fazer uma coisa chamada socializar - Ally se pronunciou.
Ela mais uma vez se vestia de um modo que chamasse atenção, um short curto com suspensórios, e uma camisa de manga longa verde, com o decote. Os cabelos ruivos estavam soltos.
- Certo, ponha uma música boa, e eu danço - disse Sam, um pouco bêbada.
- Promete ? - perguntou Ally
Sam apenas assentiu.
Talvez a festa fosse ser boa afinal.
Após mais um momento de silêncio, outra música começou a tocar.
Dessa vez Kyle reconheceu a música.
"You shook me all night long".
Como o prometido, Sam se juntou a Ally, após terminar de beber sua cerveja de uma vez só.
A música era animada, e elas também.
Kyle queria dançar também, mas estava com vergonha. Neste momento, Ally, como se tivesse ouvido o pensamento dele, foi em sua direção e o puxou.
Relutante, ele foi. Bastou ela olhar para Brad e ele também foi.
Sam foi até o outro sofá, se sentou em cima de John e sussurrou algo em seu ouvido. Imediatamente ele a acompanhou, depois ela puxou Roxy também.
Por fim, Steve, Danny, Tori e Tate foram obrigados a irem também.
Depois de um minuto todos estavam dançando feito idiotas, e rindo disso.
Movimentos sem sincronia eram a coreografia improvisada deles.
A música acabou, mas eles não, músicas e mais músicas tocavam, e eles contiuavam ali. As vezes alguém fazia uma pausa para comer ou beber, mas todos voltavam a dançar. Ally ficava perto de Kyle, por um momento ele pensou que não se importaria em beijá-la ali mesmo.
Rick chegou, atrasado.
Roxy o arrastou para onde eles estavam.
E durante aquele momento, a noite estava realmente boa.**
Todos se cansaram e resolveram parar de dançar.
Mas ainda estavam animados, Kyle transpirava muito, e não se importava.
Eles se sentaram no chão, formando uma roda ao redor da mesa.
- Tive uma idéia - falou Ally.
Todos a olharam.
- Vamos apimentar isso, que tal verdade ou beijo ?
Ninguém se opôs.
Ally pegou uma vela grande no balcão, e a ascendeu com um fósforo.
Kyle tirou a bagunça de cima da mesa para ajudar.
Ela apagou as luminárias portáteis, e então a única luz ali era a da vela.
- Bom, é basicamente o mesmo que verdade ou desafio, só que quem não quiser a verdade, vai beijar alguém - explicou.
- Eu gostei desse jogo - comentou Brad.
Todos riram.
John pegou uma garrafa no chão e a pôs na mesa, distante da vela.
- Eu começo - disse.
John girou a garrafa. Talvez por alguma coincidência engraçada, a garrafa parou em Sam.
John riu.
- Eu respondo essa - interveio Dany - Beijo.
Sam o olhou.
- Sim, eu concordo.
A expressão de surpresa de John arrancou mais gargalhadas.
Sam o mandou fechar os olhos, e ele a obedeceu. Ela foi até onde ele estava e se sentou ao seu lado, e com a mão em sua nuca, o beijou.
Ele a segurou pela cintura, a puxando para mais perto e eles continuram. Por uma momento, o constrangimento se tornou mútuo ali.
John segurou em sua nuca também, e eles continuaram.
- Certo, certo, chega - falou Roxy.
Ela parecia aborrecida, Danny estava ao lado dela e pareceu perceber também, pois sua primeira reação foi puxá-la para um beijo também.
Neste instante, Tate que estava ao lado de Kyle o olhou e disse:
- Eu não vou te beijar.
- Obrigado - respondeu Kyle.
Tori e Rick também trocaram um selinho.
- Vocês não estão respeitando as regras pessoal - interveio Ally.
Brad disse:
- É pessoal, ninguém me beijou, eu sou o próximo.
Sam voltou para o seu lugar, rindo. Ela estava muito bêbada.
Ally o entregou a garrafa, e ele a rodou. A escolhida foi Ally.
Kyle se sentiu estranho quando viu que seria ela.
- Beijo - falou Brad, com um enorme sorriso.
Ally olhou para os outros, e depois para ele.
- Feche os olhos.
Ele os fechou imediatamente.
Mas quem foi em sua direção na era Ally, era...Steve.
Steve se levantou e foi até Brad.
- Vai ser um beijo rápido - informou Ally.
- Por mim tudo bem - disse Brad, com os olhos fechados.
Rindo baixo, Steve se aproximou, e o beijou.
Brad deveria estar muito desesperado, pois não sentiu o roçar da pequena barba castanha de Steve. Ambos estavam bêbados, e não se lembrariam daquilo no dia seguinte, provavelmente.
Eles pararam, e Brad ainda não havia aberto os olhos. Steve voltou para o seu lugar.
- Pode abrir os olhos - falou Ally.
Brad parecia maravilhado ao abrir os olhos.
- Foi bom ? - perguntou Tori.
- Vou lembrar disso pelo resto da minha vida.
- Nós também - finalizou Tori, enquanto começava a rir.
Em meio as risadas, Kyle se lembrou do envelope, estava no seu bolso.
Talvez fosse uma boa hora para falar.
- Ei, gente - todos desviaram as atenções para ele - Eu recebi esse envelope, e eu queria saber qual de vocês me mandou.
Eles o olharam confusos.
- Como assim ? - perguntou Rick.
- Qual é gente, um envelope branco, escrito "Abra na festa".
Todos continuaram sem responder.
- Abre pra gente ver - sugeriu Steve.
Kyle o pegou e abriu.
Haviam alguns cartões dentro.
E o que estava escrito em cada um, o assustou.
Suicida.
Incendiário.
Assassina.
Estuprado.
Loucos.
Instável.
Inocente.
Mentirosa.
Abandonado.
Kyle ficou sem reação, Tate pegou os cartões, e os leu. Sua reação também foi a mesma, e assim em diante.
A última pessoa a ler foi John.
- O que é isso...
A vela se apagou.
Gritos foram ouvidos. Na sequência, sons de passos.
Todos correram, Kyle só parou quando chegou perto dos portões.
Quem deixara aquilo em sua casa ?
Steve estava lá, sentado no chão, ofegante.
- O que foi isso ? - perguntou.
Os outros correram para lá também.
- Eu não sei.
Após todos chegarem, Rick falou:
- Quem te deu isso ?
- Eu não sei ! - respondeu nervoso.
- Como assim não sabe ?! Vc faz idéia do que estava escrito ali ? - perguntou Roxy.
Eles começaram a discutir. Estavam todos nervosos.
- Parem ! - interrompeu Steve.
Eles pararam, e então Kyle percebeu.
Isso não podia estar acontecendo.
Não.
- Onde está a Ally ?
...

VOCÊ ESTÁ LENDO
Doentio
Misteri / ThrillerNa ala psiquiátrica do hospital de Darrensville, há um grupo de apoio para jovens de passado suspeito. Cada um deles está, ou já esteve, internado naquele hospital, apesar disso, nenhum deles se conhece, sua unica conexão é o fato de todos estarem e...