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Suas pernas tremiam. Tremiam de medo. Sua primeira noite naquele lugar tinha sido perturbadora e agora era hora de sair. Via o sol forte entrar em sua nova "casa", com certeza tinha que sair para o café da manhã.

Nem queria imaginar o quão ruim era a comida do lugar. Muito menos como seria encarar seu odiado tio depois de tantos anos. Aquele que o traumatizou. Que em certas partes, deixou feridas incuráveis no indefeso Yugyeom. No pequeno sobrinho que agora era um homem, um homem que mostrava que não era mais tão fraco como quando era criança.

Em frente aquela porta metálica, Kim estava com os punhos cerrados e os olhos fechados. Respirava fundo e sabia que a qualquer segundo aquilo seria aberto e ele seria levado até o refeitório por mais algum brutamonte.

Se preparava mentalmente para qualquer coisa que pudesse acontecer. Seja essa coisa com seu tio ou não. Nunca se sabe quando irá apetecer algum babaca para acabar com sua possível paz. Tal essa que não existia no momento. Afinal, quem tem paz em um lugar desses? Quem tem paz sabendo que está perto de quem menos queria estar? Na verdade, quem tem paz?

Era essa pergunta que sempre fez para sí mesmo. Ele nunca teve paz e também nunca conheceu alguém que comprovasse isso com as palavras "Eu estou em paz" com sinceridade. Para Yugyeom, isso chamado de paz não existia e nunca existiu.

Saindo de seus pensamentos, abriu os olhos e viu um dos mesmo caras de ontem na frente da porta já aberta. Caminhou até ele calmamente, afinal, não era uma ameaça e podia andar sozinho. Carregava uma carranca diferente, até parecia ser tão forte como aquele que mantinha o ruivinho dentro de casa apenas para bater nele e transar a hora quisesse.

Mas nunca, nunca voltaria a ser o mesmo. Aquele Yugyeom era uma farsa, ele não existia de verdade. Aquele Yugyeom nunca voltaria porque ele nunca existiu. Era apenas proteção a sí mesmo.

Era tudo uma fantasia. Era uma forma de mostrar que de alguma forma era superior a alguém. Ele era o tigre faminto e os outros, os cervos indefesos. Kim usava a todos e depois descartava. Era como usar um copo de plástico num aniversário e depois jogar no lixo.

Sempre fora assim com a grande maioria. Mas no fundo sabia que uma pessoa nesse meio tinha sido diferente. Aquela presa que o tigre deixou escapar de propósito. Aquele copo que nós guardamos para pegar mais refrigerante. Era Kunpimook, podia ter matado ele a qualquer momento e não estaria passando por isso. Mas deixou que ele escapasse e suas memórias fossem apenas armazenadas.

Já no refeitório, via mesas com vários homens de diferentes faixas etárias comendo. Seu estômago revirou apenas ao sentir o cheiro que era pra ser como o de um simples café da manhã se misturar ao fedor daqueles caras. Vocês estão presos e não proibidos de tomar banho, pensou enquanto ia pegar sua primeira refeição do dia.

Assim que tinha a bandeja em mãos, se dirigiu para uma mesa isolada. Vazia. Preferia não ter ninguém a ter alguém falso. Ficou em silêncio todo o tempo, sem levantar a cabeça ou dirigir o olhar a alguém.

Não era assim. Gostava de conversar e ter alguém consigo. Principalmente quando era alguém falante, animado e desafiador como Bambam. Odiava admitir isso, mas sentia falta. Não acreditava que foi capaz de foder com tudo apenas por um sentimento culposo.

Pensava nisso enquanto comia. Comia apenas por ser necessário, porque o gosto era horrível. Pela primeira vez alí, se atreveu a olhar em volta, só via homens conversando e comendo como se não o fizesse à meses. Policiais espalhados, dando voltas e voltas. Era tudo bem protegido.

Sentiu alguém sentar ao seu lado e se assustou. Olhou, e sentiu o ar lhe faltar. Cada pelo de seu corpo se arrepiar. Queria chamar algum dos policiais, mas não tinha uma desculpa convincente.

— Pensei que fosse me dar mais orgulho, Yug. - A voz nojenta de seu tio soou após alguns segundos.

— Não é o que parece, não é? - Disse após um certo tempo raciocinando. — Com licença.

— Nós só entramos após às nove. - Sentiu o homem o puxar pelo braço quando tentou se levantar.

— Eu estou sendo tratado como um maníaco, tenho outros direitos, todos sentem medo de mim. Eles podem me levar a hora que eu pedir, devo ficar longe de todos para não matar ninguém. - Desafiou e viu o sorriso amarelo desaparecer e ser solto com calma.

No fundo ele só havia dito tudo aquilo por medo de ser arrastado pelo tio até um lugar onde não houvesse guardas e acontecesse como em sua infância. Mas nada era mentira.

Assim que se aproximou de um dos brutamontes, foi escoltado até sua cela. Alegou que não gostava de se juntar com os outros e podia ter um ataque psicótico a qualquer hora, mas isso nunca aconteceu e nunca aconteceria. Era incrível como mesmo sendo enorme e estar carregado de armas, aqueles homens o temiam.

Agora estava protegido. Até ter que sair de novo.

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— Bom dia, Thaksin Bhuwakul! - Disse Seokjin ao encarar mais um que tentava um emprego em sua empresa. — Tem um bom currículo, não?

Mal sabia que tudo não passava de uma enganação. Bambam sentado naquela cadeira delicada e coberta por um couro que aparentava ser caro, apenas ria internamente.

Odiava o fato de ter que inventar uma outra vida apenas para acabar com a vida de alguém, assim como haviam acabado com a sua. Mas era necessário. Elas por elas.

A entrevista havia demorado mais que o esperado, teria que esperar uma semana ou menos para a resposta. Mas já tinha certeza que seria aceito.

Chegou em casa e se dirigiu direto para o quarto, logo se jogando na cama. Não tinha dormido bem, por sorte, a maquiagem escondia bem suas olheiras. Teve sonhos perturbadores, mas não chegavam a ser pesadelos.

Pessoas gritando, pedindo socorro e algumas até mesmo pedindo desculpas. Um lugar escuro, frio, um péssimo odor. Um completo breu. Mas o que mais o incomodou foi o fato de a primeira pessoa que veio a sua mente quando acordou no meio da noite, ter sido Yugyeom.

Era estranho e o deixava desgostoso. Imaginava que sua vida seria "Sem Yugyeom" após colocá-lo na cadeia, mas não foi esse o resultado que obteve. E por isso não se sentia satisfeito.

Seus pensamentos neste exato momento estavam à mil. Mas logo afastou essa pilha de teorias acreditando que esse sonho e esses pensamentos de que tinha algo a ver com Kim,  eram apenas por ter passado por um momento difícil quando estava com o moreno.

Outra coisa que o preocupava agora, era ter Kim Namjoon na sua cola. Os preços dele eram altos, um endereço por um sequestro. Devia ter pensado melhor antes de fazer essa pequena grande negociação.

Agora tinha que descansar. Teria longos dias a seguir.

oioioi, gente pq nomes tailandeses são tão estranhos?? jkkkszk

caso alguém tenha ficado confuso, o cara da entrevista com Seokjin é o Bambam.

eu no perfil, vergonha alheia

mentira

beijos da omma

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