Verônica
— Verô, ainda vai demorar? — gritou Alice na porta do banheiro. — Estou com fome.
— Já estou saindo — respondi, ressentida por ter de sair da água maravilhosa.
O dia tinha sido intenso. Havíamos visitado a obra pela qual estávamos responsáveis; depois, reunião com os proprietários para passar relatório com todos os custos e acertar alguns detalhes. Eu merecia esse descanso, no entanto vesti a roupa e descemos para um restaurante que ficava na rua do hotel.
— Está gostando da viagem? — Alice quis saber.
— Ainda não, mas posso começar a gostar. — Fiz um mínimo movimento em direção aos dois rapazes que estavam na mesa à esquerda.
Alice se virou para eles com a sutilidade de um mamute. Os rapazes perceberam e levantaram a bebida, cumprimentando-nos. Retribuí o gesto, e Alice ficou sem graça.
— Melhora essa cara, porque eles estão vindo pra cá — falei entredentes.
— Boa noite! — disse o homem mais alto e másculo. — Podemos nos sentar?
Olhei para Alice, que demonstrava o quanto estava desconfortável com isso. Ela era péssima em se socializar.
— Claro. Mas já vou avisando que a minha amiga é comprometida. Estou aqui de babá dela.
— Sem problemas, só queremos conversar! — respondeu o outro, e já puxou a cadeira.
— Prazer, sou Luiz — falou o mais alto. — E esse é meu amigo Fernando. E vocês?
Antes de responder, fiz um checklist:
✓ Alto? Muito.
✓ Bonito? Que boca!
✓ Sorriso de cafajeste? Infelizmente.
✓ Corpo sarado? Está no ponto.
✓ Tem jeito de ser bom de cama? Olha o tamanho dessas mãos!
✓ Marca de aliança? Não. Ufa!Depois que nos apresentei, Luiz me puxou e beijou o canto da minha boca. Que cheiro é esse, meu pai amado... Queria ficar aqui cheirando esse homem. Se recomponha, nega!
— E então, vocês moram aqui? — Fernando quis saber.
— Estamos aqui a trabalho — respondi e levei a taça de Martini à boca. — Moramos em São Paulo.
— Mas que coincidência. Também somos de lá. Viemos para participar da inauguração da casa noturna de um amigo nosso, que aconteceu ontem. Trabalham com o quê?
A conversa fluía leve, menos para Alice, que estava com cara de quem tinha se engasgado com osso de frango. Meu celular vibrou com uma nova mensagem. Era Alice avisando que estava cansada e que voltaria para o hotel. Claro que eu não iria junto, jamais deixaria escapar o pedaço de mau caminho que estava ao meu lado.
Ela pegou a bolsa e se despediu.
Assim que Alice saiu, Fernando deu uma desculpa esfarrapada e nos deixou.
— Tem alguém te esperando em Sampa? — Luiz perguntou.
— Quem dera. E você?
Ele sacudiu a cabeça em negativa, e logo nosso rosto se aproximou. Seu cheiro era delicioso. Vi seus olhos descerem para a minha boca. A mão direita escorregou pelas minhas costas e parou na minha cintura, causando-me um arrepio.
— Vou te beijar.
— Beija logo!
Mal respondi e sua boca cobriu a minha, sedenta, sua mão me apertando. Segurei em sua perna, e ele soltou um gemido baixo, rouco.
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Um amor (quase) perfeito (Antigo: Irresistível)
Romance*CONTEÚDO ADULTO* (+18) A vida de Verônica vai bem. Ela tem amigos, torna-se cada vez mais bem-sucedida em seu trabalho e ainda consegue alguns encontros quentes de vez em quando. Quase nada pode tirar o seu sossego. Quase. Tudo muda na noite em que...