Prólogo: O último show

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Madison Square Garden lotado último show da turnê mundial, depois de dois anos se apresentando para multidões ao redor do mundo. Vários shows e um país diferente por semana, hoje estamos em casa para fechar com chave de ouro. O lugar está lotado, todos esperando o encerramento da turnê: Your Dream. Os gritos alucinados das fãs na pista na frente do palco, os aplausos dos convidados VIP. As luzes foram apagadas, o holofote se concentrou no centro do palco, o Freddy bateu suas baquetas: one, two, three. As luzes iluminaram nosso baterista que hoje estava com os cabelos soltos, raras vezes o vi assim, mas era um dia para se celebrar e essa noite queríamos o melhor, nada menos do que isso.

O Bob deslizou seus dedos pelas cordas do baixo, enquanto o Rick acompanhou no teclado. E foi nesse momento que eu entrei, coloquei minha Fender para mostrar o porquê estou aqui. No entanto a banda ainda não está completa, falta a voz rouca e o timbre perfeito, Jack, surgi no meu do palco e a nossa história começa.

Para um garoto da pequena New Jersey eu tive sorte, muita sorte. Filho de pais separados, minha mãe deu no pé na primeira oportunidade que teve. Nem lembro do seu rosto e nem quero lembrar. Meu pai me criou sozinho e tenho um orgulho imenso dele por isso. Durante minha adolescência, sempre fui o mais certinho. Não queria dar trabalho para o meu pai e de quebra ainda cuidava do meu primo. Temos a mesma idade, mas tenho a cabeça no lugar, enquanto ele só faz merda. Uma atrás da outra, agora menos, graças a Helena, garota doce e gentil que meu primo conheceu em Vegas. Uma noite juntos e eles acordaram casados, brinco que ele mesmo bêbado percebeu o tesouro que tinha nas mãos e resolveu segurar.

Acertou sem querer e depois veio o pequeno Adam, o garoto é o Jack miniatura, até no humor, pobre Helena se um já é difícil, imagina dois. Ainda bem que ela tira de letra e para ajudar tem a pequena Sophia, carinhosa e gentil feito a mãe. Ainda é um bebê, mas acho que ela vai enfim colocar um pouco de juízo na cabeça do meu primo.

Somos uma banda de rock de garagem, começamos a tocar para se distrair. Sempre gostei de música, ficava horas ouvindo os rocks antigos. Tocando guitarra e aprendendo novos acordes, até o Jack aparecer com a proposta de formar uma banda. Porém com apenas dois integrantes era impossível, precisávamos mais, talvez quatro integrantes seria um bom número. Resolvemos procurar, colocamos anúncios, mas ninguém apareceu, o Jack já estava desistindo quando o Bob surgiu, o cara era bom. O corpo todo tatuado, cabelo estilo moicano, era o integrante perfeito para The Dangers. Assim que tocamos juntos o som ficou melhor, ele foi criado apenas pela avó e parecia ser problema na certa, mas não. O Bob é o cara mais calmo que conheço, quase nunca perde a paciência e está sempre na dele.

O próximo integrante foi o Rick, no começo ninguém queria ele na banda, para que um tecladista numa banda de rock? Desnecessário não? Porém ele se mostrou imprescindível, trouxe harmonia para o nosso som e é o cara mais inteligente que começo. Ele é o responsável por fechar nossos contratos, nada passa despercebido pelos seus olhos atentos.

O que é uma banda de rock sem bateria? Nada e foi assim que ficamos por dois meses, uma banda de rock sem baterista, falta o coração do The Dangers, algo que fizesse o nosso som pulsar nas veias dos amantes do rock. No entanto ninguém parecia querer ocupar esse lugar. Tentamos de tudo, e quase desistimos da banda. Porém num dos nossos ensaios o Freddy apareceu, disse que tocava bateria. Mas com aquela aparência de filhinho de papai, ninguém acreditaria. Ele é o único da banda que veio de uma família tradicional, mãe, pai e duas irmãs, lindas por sinal. Porém somos proibidos de tocá-las.

Entretanto ele tirou a bateria de uma Kombi velha e mandou ver nos pratos, fiquei mudo, todos ficamos. Depois desse dia nos tornamos uma banda de rock e alguns anos depois mundialmente famosa.

PERDIDO- DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora