Sozinho em Houston

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Cheguei no aeroporto George Bush alguns minutos antes do horário marcado. Assim que desci do avião um carro já me aguardava na pista de pouso para me levar direto para o MD Anderson. Apesar de ainda estar escuro, coloquei meus óculos e o boné, não queria facilitar a vida dos fotógrafos de plantão. O trajeto foi tranquilo e rápido, pegamos a via I- 69 e minutos depois já estava chegando ao meu destino. Durante o percurso não troquei nenhuma palavra com o motorista, estava muito nervoso para ser simpático com estranhos e diante do problema que eu precisava enfrentar, acho que ninguém me culparia por isso.

Estou na recepção, espero vc. 

Digitei uma mensagem para a doutora Carter, assim que estacionamos em frente ao hospital.

Estou a caminho

Ela respondeu na mesma hora. Eu poderia ter ido para o apartamento que aluguei aqui perto, mas resolvi conversar com ela primeiro, a ansiedade era maior do que qualquer outra coisa. Minha bagagem foi na minha frente, depois eu conheço o lugar onde vou passar os próximos meses, agora eu preciso conversar com minha amiga primeiro.

— Fico feliz que você tenha conseguido vir — disse Laura assim que nos encontramos na recepção. Conheço a doutora Carter desde criança, crescemos juntos e eu era o melhor amigo do irmão dela, Luck. Fizemos o ensino fundamental e médio juntos, por isso passei minha infância toda na casa deles.

Em razão disso, quando precisei de ajuda sabia exatamente a quem pedir. Ela estava do mesmo jeito que eu me lembrava, cabelos brilhantes e ruivos, os mesmos olhos verdes do irmão e um corpo de causar inveja as mulheres da sua idade, não lembrava quantos anos ela tinha. No entanto podia apostar que não chegava a trinta e cinco.

— Estou aqui, agora faça o seu trabalho — respondi aflito, depois que observá-la por alguns minutos.

— Podemos ir para o meu consultório e conversar sobre as etapas do tratamento — pediu me encaminhando para um corredor com muitas portas. Entramos na terceira e fiquei admirado com a organização da sala dela. Tudo estava no seu devido lugar, as paredes brancas davam o toque hospitalar, mas o restante era bem alegre, com poltronas coloridas para acomodar os pacientes, uma mesa estrategicamente colocada no canto e vários diplomas nas paredes.

— Vejo que ficou ocupada durante esse tempo que ficamos afastados — resmunguei ao me sentar na poltrona a sua frente.

— Está falando dos diplomas? — questionou olhando na mesma direção em que eu estava, segundos antes de me sentar.

— Sim, mas sempre soube que você era inteligente — expliquei, voltando ao olhar para os diplomas.

— Não acho que sou inteligente, só descobri o que sou boa muito cedo. E você também não tem o que reclamar, sua banda é um sucesso mundial.

— Pode ser um sucesso, mas não chega aos pés do que você faz aqui — falei com sinceridade.

— Opiniões diferentes, aposto que suas fãs não desprezam o seu talento dessa maneira — disse sendo irônica.

— Podemos mudar de assunto — pedi impaciente, a última coisa que preciso é discutir o meu talento. — Como vai o Luck? — emendei uma pergunta?

— Na medida do possível bem, meus pais ainda estão furiosos com ele, por ter se alistado no exército e ainda servir no Afeganistão.

— Você tem falado com ele?

— Sim, duas vezes por mês. Ele liga para mim, os horários são loucos, mas consigo saber como ele está pelo menos. Um ano é muito tempo para ficar longe de casa — explicou folheando alguns papeis na mesa dela.

PERDIDO- DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora